segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Malditos círculos.

Eu gosto do que tenho, e esse gostar me dá medo de perder, e o medo de perder me faz ver que existe essa possiblidade, a existência dessa possibilidade faz com que eu me sinta impotente, sentir-me impotente me angustia, a angústia me dá raiva, a raiva! A raiva... a raiva... a raiva me dá raiva de gostar tanto do que tenho, e me dá raiva do que tenho, e me faz querer distância de algo que, por me fazer bem, pode tanto me fazer mal.

Mas a distância do que gosto é estúpida, o medo da distância me faz ver o tanto que gosto, e esse tanto que gosto me faz ter vontade de chegar ainda mais perto, e quanto mais perto, mais eu gosto. Quanto mais eu gosto, maior o medo.

A boxta toda é que não há garantia.

Perto ou longe, fica o medo, o medo, o medo, a impotência, a angústia, a raiva, o medo, o medo, o medo...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Existir.

Tantas notícias, tanta visibilidade, tanta gente aparecendo ou querendo aparecer na mídia, a danada da mídia, a TV, as revistas, o facebook, o twitter, o youtube, querendo tanto que eu fico aqui viajando na maionese e me perguntando se elas acham que aparecer é existir. Será que pensam que ser invisível é não ser?

Será que o mundo nos tornou tão ocos que só sabemos que existimos quando o outro nos sabe, e existimos mais quanto mais gente nos "ver"?

Às vezes sinto algo do tipo. Não quero ser publicada, nem publicizada, mas às vezes, sozinha, silêncio no telefone, silêncio ao redor, eu me pergunto se alguém sente, naquele momento, a minha falta. Naquele momento sinto que não existo pra ninguém, e me dá uma vertigem de deixar de existir, se por algum tempo, segundos, minutos, horas ou dias, não houver nenhum ser vivo lembrando de mim. Se não existo pra ninguém, eu existo? Ou me basta, a mim, eu me sentir existindo? Por acaso existem as pessoas que já morreram e não deixaram nem livro nem filme nem filho, cujos nomes se perderam no tempo... existem? Então será que existo apenas porque, estando ainda aqui, posso lembrar as pessoas de mim mesma? E será que é isso que sentem as pessoas que querem participar do big brother, ou que colocam cada passo dado, cada sonho sonhado, cada alegria sentida, cada vontade satisfeita, cada opinião no facebook, twitter, youtube... Será que querem se eternizar, nem que seja por um momento, deixando assim gravada sua existência no mundo, para que ninguém mais duvide (principalmente cada uma delas mesmo)?

O que é existir, afinal de contas?

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

sem inspiração...

Sabe quando você quer escrever e falta a inspiração?
To assim, em branco.

Também ando sentindo isso quando quero desenhar! Já apontei todos os meus lápis de cor, arrumei tudo numa caixinha, pego uma folha A3 em branco, olho pra ela e, ao invés de minhas cores irem parar lá, é o branco dela que vem parar em mim.

Cá estou eu, em branco.

Mas deu vontade de escrever, escrever nada sobre nada mesmo, e como escrever nada sobre nada é bem mais fácil do que desenhar coisa nenhuma sobre coisa alguma, cá estou eu me delongando em papo-água, em blablablás sem conteúdo, verborragicamente gastando a inspiração que não me veio, prolixamente ocupando o espaço que me couber.

Vou colocar uma coisinha aqui, que não é minha, mas eu gosto!

"Eu adoro todas as coisas
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito.
Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas,
Para aumentar com isso a minha personalidade.

Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija.
Eu amo todas as coisas, umas mais do que as outras,
Não nenhuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo
Do que as que vi ou verei.
Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações.
A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos.
Penso nisto, enterneço-me mas não sossego nunca."

(Álvaro de Campos)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Não é e nem é.

O mundo não é tão complexo quanto você imagina... e nem tão simples como você gostaria que fosse.




O mundo não é tão simples como você imagina... e nem tão complexo quanto você gostaria que fosse.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Momento poético:

A quarta-feira amanheceu com chuva, muita chuva. Daquelas que dão vontade de inventar pra mãe que acordou passando mal e que não dá pra ir ao colégio, e passar o resto da manhã embaixo do edredon... Mas somos adultos, responsáveis, então engolimos a vontade com um copo d'água, escolhemos uma roupa-para-dias-chuvosos e enfrentamos o dia.

Dirigindo nessa Brasília encharcada, com tonelitros de chuva despencando sobre todos, eis que em um momento, à minha frente, quatro carros (dois indo, dois vindo) se cruzam, dois a dois, passando velozmente sobre um empoçamento, e os quatro assim jogam água pra todos os lados, uns nos outros, em mim, nos outros! Que cena linda! Pareciam crianças brincando na piscina, fazendo guerrinha de água, lançando jatos pra todo lado! Por um momento, o tempo em que a cena durou, o dia se fez ensolarado para as criançomóveis brincarem!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Sou eu...

"Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! ..."


Álvaro de Campos

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Que frio!

O ar-condicionado não devia ser utilizado para resfriar um lugar quente? Por que congelar um lugar já frio?

=(

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mudando de assunto...

Não me sinto muito bem de postar, no mesmo dia, um assunto sério e outro menos nobre, mas não consigo. Então, se você que vez em quando me lê ficar incomodad@, saiba que não foi @ únic@!

Não consegui passar batido por uma questão que está em destaque no site do Terra. Já fiz protesto contra esse site uma vez, no carnaval passado, mas a questão agora é outra. O dilema apresentado é: "Namorar no verão ou ficar solteiro até passar o Carnaval: eis a questão".
Do tipo "ser ou não ser: eis a questão". Xadrez da alma. Uma dúvida daquelas capaz de tirar o sono da mais serelepe das piriguetes e do mais mau caráter dos playboyzinhos (se eu alguma vez te fiz pensar que eu sou zero preconceitos, desculpe-me a decepção... eu to tentando, mas ce n'est pas facile!!).

Deve estar havendo fóruns de jovens nas praias, praças, parques, fliperamas, embaixo dos blocos, nas boates, nos shoppings, discutindo se devem namorar no verão ou ficar se guardando pra quando o carnaval chegar (e passar).

Com certeza esse é o principal problema das férias... aiai, férias...

Pronto, parei.

Ema ema ema, cada um com seus pobrema!

A falsa liberdade do capitalismo (ou a determinação social)

"O estilo de vida é um campo de livre decisão das pessoas, mas você não pode tomar decisões absolutamente livres porque você está determinado socialmente, portanto, sua classe social tem um modo de vida. Imagine uma senhora que tem problema de obesidade, é trabalhadora de uma fábrica com um horário de trabalho das sete da manhã até a noite, com apenas quatro dias de descanso por mês. Aí você diz a ela: ‘a senhora tem que fazer exercícios, andar de bicicleta’. Ela irá lhe responder: ‘em primeiro lugar, nunca tenho tempo livre, em segundo lugar, não tenho bicicleta, em terceiro lugar, no meu pouco tempo livre, tenho que lavar roupas dos meus filhos, cuidar da casa, etc’. Não considerar o modo de vida é uma maneira de culpar as pessoas do que é um problema estrutural. A mudança individual é importante, mas só é factível se existe uma mudança coletiva, e a mudança coletiva só é factível se existe uma legislação, uma proteção social, e ações que não são individuais. Então, são dois campos em que se deve atuar, mas não se pode deixar tudo nos efeitos e nas pessoas, porque o resultado disso é que os culpados de tudo são as pessoas." (Jaime Breilh)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A parte divertida da falta de foco

Faz um tempo já que ando bem desfocada...

anteontem passei mais de quatro horas tentando lembrar o nome do cantor da música bonita que tocava quando cheguei no trabalho. Lembrei da cara dele (parece meu pai!), de outras músicas, de parcerias que fez... mas o nome não me vinha. Lembrei que eram dois nomes, curtos, mas nem uma mísera letrinha me aparecia na tela da mente. No fim da tarde desisti, fui ao google com um nome de música e encontrei: Ivan Lins.

A de hoje foi linda! A Saraiva me manda mil e-mails, e de vez em quando é bem sucedida em me vender livros. O de hoje veio com um título assim:
"ADRIANA, você prometeu que ia ser mais legal neste ano. Que tal um empurrãozi​nho?"
Achei fantástico. Eu prometi que ia ser mais legal? Mas eu já não sou bacaninha? Mais legal com quem?? E como eles iriam me dar um empurrãozinho (adoro essa palavra no aumentativo diminutivo!)???
Abri o e-mail, né, tinha de saber. Ai reli a frase:
"ADRIANA, você prometeu que ia ler mais neste ano. Que tal um empurrãozi​nho?"
fuen fuen fuen fueeeennnn...

Que coisa! Fez todo sentido! E, desiludida, achei linda minha desatenção que conseguiu me alegrar uns instantes com um título tão mais fofo!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sabotagem.

Eu juro que estou tentando entrar em acordo com minha sabotadora, dar a ela uns tempos de férias ou conseguir que façamos uma trégua, mas não é fácil...

Fim de ano, festas, viagem, bebidas, comidas, sol = quilos a mais. Inevitável e comum, acontece com praticamente todo mundo, não sou exceção.

Aí junta com a virada de ano e os planos involuntários que brotam em cabeças, incluindo a minha, de começar uma vida mais saudável, pegar leve, ficar leve, pensar leve, comer leve e tal... Necessária uma ida ao mercado, porque as coisas leves estragam rápido, diferentemente das coisinhas práticas e deliciosamente engordantes, e já não as há.

Almocei antes de ir às compras, seguindo a regra básica de não entrar no templo do consumo alimentício com fome. Logo na entrada um cartaz: "panetones com 50% de desconto!!".

Ok, nem gosto tanto deles assim... pego bananas, limões, cenouras, abóbora, melão, iogurtes... e um panetone de chocolate. Um não, dois! Penso que é simpático levar um pro pessoal do serviço lanchar à tarde, e outro pra festinha de logo mais... Dois chocotones! Com 50% de desconto!

Conta paga, cá estou. O chocotone me olha de cima da mesa, e minha sabotadora sorri... só me resta agora impedir que o tirem do pacote!

dois de janeiro de dois mil e doze com chuva e vento

E em Brasília chove!

Um vento noroeste invadiu o restaurante hoje e meu guardanapo (usado) vôou lenta e suavemente em direção a mesa ao lado, onde um casal de cara amarrada almoçava. Pousou a meio palmo do prato da senhora, pronto a continuar seu caminho em direção a seu (dela) bife parmegiana, mas eis que eu ligeiramente meti a mão na mesa dela e resgatei o fujão! Tive que controlar uma crise de risos de imaginar que desagradável seria um guardanapo usado pousar no meio do prato de comida de uma pessoa faminta e mal humorada! Um brinde aos reflexos!

Aniversário da pandemia!

  Brasil. Pandemia. Vai fazer um ano... um ano de isolamento. Um ano de crianças sem escola, um ano de homeoffice . Um ano agradecendo que n...