sexta-feira, 28 de maio de 2010

Poema pra Sexta-Feira

Linda sexta linda
Bonita que logo finda
Antecede os esperados dias,
Pausas alegres onde a vida aflora.

Sexta linda sexta
que nesse momento inspira
e em que esse ser que respira
faz essa poesia bexta.

12.3.2010

Ser feliz ou ter razão?

Se a gente parar pra pensar, a resposta é bem óbvia... todos diriam que preferem ser felizes a ter razão! Ser feliz, inclusive, é a finalidade e o propósito da vida humana, segundo Freud. (Foi Nietzsche quem matou Deus, mas Freud foi cúmplice)

Acontece que a maior parte das pessoas, a maior parte do tempo não pára pra pensar. Vive no piloto automático, entra sem perceber em jogos de poder... e agem quase sempre na direção oposta ao real propósito. Sim, a maior parte das pessoas, a maior parte do tempo, se esforça mais em mostrar que tem razão do que em ser feliz.

Ouvi ontem uma frase que resume isso:
"É melhor ter certeza do que saber a verdade". Absurdo? Era uma crítica, mas é mais ou menos assim que o "mundo" vive...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Quem inventou o amor, explica por favor...

"Saber amar é saber deixar alguém te amar..."

O que a gente sabe do amor?
Como saber se amamos?
Como saber se somos amados?
Como são essas duas sensações?

Fazer um curso de psicologia é se deparar com pensadores fantásticos que se dedicaram a buscar explicações pra "o que é o ser humano, do ponto de vista não orgânico". E ao ler suas teorias, é impossível não se sentir automaticamente sendo analisado...as pessoas passam a revisitar seu passado, o que formou sua psique, acompanhados de Freud, Jung, Klein, Winnicot, Skinner, Reich, Lacan...

Eu ando revisitando tudo. Resultado? Se haviam certezas, foram todas destruídas.
Cada vez mais dúvidas...

É inquietante pensar que aquilo que a gente orgulhosamente e cheio de si chama de "eu" não é muito mais do que um quebra-cabeças de afetos passados, unido por misturas de interpretações e explicações que criamos por necessidade de poder dizer "eu".
Perceber que vários de nossos atos e sentimentos hoje são ainda repetições de defesas da criança indefesa que fomos...

Freud "explica", tudo tudo. Lacan, freudiano, explica diferente, mas nem tanto...
Nós nos constituímos na falta...

É mais ou menos assim:

Estávamos bem felizes dentro dos úteros de nossas respectivas mães, mas crescemos e tivemos que sair de lá...
Ao sair, nossas respectivas mães, umas mais e outras menos, nos deram peito, carinho, colo, calor, leite, atenção, conforto... Durante alguns meses a gente nem notava diferença entre nós e nossas respectivas mamães, nos nossos pequeninos cérebros elas eram nosso cordão umbilical, grudado em nós, nos nutrindo...

Mas um dia, não muito de repente, a gente se frustra! Mamãe é mamãe e eu sou eu (e você é você, e não é a mamãe). As Mamães, que eram tão apaixonadas e viviam em função de seus respectivos bebês (nós), um dia se desapaixonam... A vida delas não somos só nós! Mamães tem outras coisas pra fazer, cuidar dos papais, dos irmãos (eu não tive isso, porque nasci antes...), das casas, do "mundo", dos trabalhos e tals... Mamães tem outras necessidades que nós, seus bebês, não podemos preencher. Mamães têm uma FALTA, um buraco no peito, na alma, uma incompletude, que nós, bebês lindos-fofos-cheirosos não podemos resolver.

Aí subitamente percebemos que também temos um buraco na alma! Se não completamos as nossas respectivas mamães e elas não mais nos completam, acabamos de dar de cara com nossas próprias faltas, buracos e incompletudes!

Óbvio que isso é muito desesperador. Por que a gente tem que crescer?? Por que um buraco na alma? Ah neeem...

Aqui a história precisa passar a ser contada por pelo menos dois lados. Um é o dos pais (agora papai já existe também), que vêm com suas incompletudes e faltas a tiracolo, e têm o dever de nos educar, proteger, cuidar, fazer com que sejamos bons seres humanos (no ponto de vista deles), e nos amar também.

Outro é dos bebês (nós), que não param de crescer, e que precisam e querem ser amados. Pra eles, só o "amor" pode tampar o buraco, e eles (não se esqueça, somos nós) são capazes de tudo, tudinho, pra receber amor e atenção, pra ver se conseguem se sentir completos de novo, um tiquinho só que seja. Só que a gente não sabe muito bem a cara do que nos completa, nem a cara que o amor tem.
Então passamos a tentar definir o que é amor... e aí começam os problemas. Naquela relação com nossos papais e mamães, passamos a dar uma cara ao que é "AMOR", e cada um define de um jeito: sou amado quando fazem o que quero; sou amado quando me elogiam; sou amado quando notam que eu existo, nem que seja na hora em que me batem; sou amado quando sou obediente; sou amado quando me aceitam e não me pedem pra ser diferente; sou amado quando riem do que faço ou falo; sou amado quando me calo; sou amado quando confiam em mim; sou amado quando ficam no meu pé o tempo todo; sou amado quando querem me melhorar, e querem que eu seja diferente...

Percebe o nó?

Por isso às vezes (muito mais do que gostaríamos), quando estamos dando ao outro algo que chamamos de "amor", ele não se sente amado... e o que nós recebemos dele também não nos parece muito com "amor"...

A verdade, se há alguma, é que ninguém é capaz de completar o outro, de eliminar a falta que o outro carrega... e, infelizmente, nem de ter a própria falta desfeita...

Vivamos com isso: nunca seremos completos.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sol em quadratura com Lua Natal

Será que posso culpar os astros por minhas atuais nuvens negras?

Escorpião (23/10 a 21/11) Quarta, 26 de maio de 2010

Procure manter a calma diante de imprevistos, pois o dia segue tenso até o final da tarde, especialmente no que diz respeito a sua carreira. A fase é boa para fazer revisões em algumas decisões que foram tomadas anteriormente.

Nostalgias e sensibilidades em destaque, mas também certa impaciência prejudicial. A Lua em seu signo preconiza aquele dia especial pra cuidar de si mesmo acima de tudo. Tensão astral passageira aconselha ter cuidado com gestos bruscos. Assim evitará inflamações ou torsões.

Cuidado com incoerências e contradições!
Sol em quadratura com Lua natal

DE: 24/05, 9h19 ATÉ: 06/06 , 22h45
O período que se segue entre os dias 24/05 e 06/06 poderá ser sentido por você como uma fase de uma certa incoerência e contradição. Sabe aqueles dias em que a gente tem a impressão que quer fazer uma coisa, mas as nossas atitudes apontam para caminhos contrários? Ou quando a gente diz que vai fazer uma coisa, mas faz do avesso? Pois é, este é o período, mas não tende a ser algo particularmente ruim, basta ter consciência da tendência para saber controlar-se melhor. Ao perceber sua própria tendência contraditória maior que o normal neste momento, você poderá domá-la, disciplinando-se devidamente.

Como o Sol estará rivalizando com a Lua do seu mapa de nascimento, você pode sentir estes dias como dias de um leve mau humor, sentindo que está recebendo críticas a mais do que o normal, mas isso tende a ser mais uma impressão do que uma realidade. Nem sempre quando as pessoas nos mostram outra forma de ver as coisas isso significa que elas não gostam de nós. Na verdade é você quem estará se criticando. Então, pense: até que ponto você não está agindo com muita dureza em relação aos seus próprios defeitos? Não estou dizendo que você deve ser autocondescendente, mas que tal pegar mais leve? E não apenas com você, mas com os outros também, pois é bastante provável que você esteja agindo de forma excessivamente crítica, e não os outros.

A palavra-chave do momento é incoerência. Então, não se impressione muito com acontecimentos imprevistos e coisas que lhe soarão como maluquice total, do estilo de alguém lhe dizer uma coisa e na "hora h" fazer outra totalmente diferente, ou você determinar-se a algo e então perceber que não estava de fato assumindo um compromisso persistente. Não é, portanto, um bom momento para começar coisas, mas tão somente para continuar aquilo que você já estava fazendo.

=P

antepenúltima sílaba

Lendo sobre antipsicóticos, neurolépticos, esquizofrênicos, e benzodiazepínicos percebi que sinto prazer nesses acentos.

Hipopótamos quadrúpedes, velocípedes estrombólicos, metáforas metafóricas, dinâmicas ecléticas, fenômenos sinônimos, relâmpagos antônimos, arquipélagos estáticos!

Músicas, ótimas, melancólicas, lâmpadas, mínimas, péssimas, esquálidas, amálgamas, ínfimas, máximas, psicológicas, ecológicas, bucólicas, linguísticas, metódicas, lunáticas...

Boníssimas proparoxítonas esplêndidas!

Inconstância

Todos os dias o sol nasce, dá uma volta no céu e se põe.
Isso é o dia.
Mas não significa que todo dia seja igual...

Tome por exemplo você mesmo.
Acorda igual todos os dias? Passa igual pelos dias? Põe-se a dormir da mesma forma, dorme do mesmo jeito?
Muda o humor, muda o peso, muda a energia. Muda o sorriso, o olhar, a voz, a vontade. Muda o cabelo, a roupa que quer usar, a comida que quer comer.

Mas você continua se reconhecendo... certo?

Eu, às vezes, entro em crise com isso. Acordo diferente do meu "eu" habitual (e existe isso?). E se na hora em que noto isso me reconheço, tenho dificuldade em me reconhecer naquelas outras horas, horas em que eu pensava diferente, sentia diferente, queria diferente.

Inconstância é a única permanência.

As pessoas de sempre me vêem e falam comigo, e não entenderiam se eu não fosse "eu" naquela hora. Finjo ser a "eu" de sempre. E acabo voltando a esse "eu"...

. . . . . . . . .

...me deixa...

Incoerência (fábio júnior)

Eu não tenho obrigação
De ser assim tão coerente
Eu nem quero compromisso
De ser o que eu não sou
Pra essa gente.

Quero só um pouco de espaço
Descansar esse cansaço
Poder ter meus altos e baixos
Sem te machucar.

Eu quero só me olhar no espelho
E sentir que eu tô inteiro
Pra meter o pé na estrada
E não te atropelar
E não me violentar.

Eu não quero ser tão forte
Que eu não chore de alegria
Que eu não sonhe mais à noite
Que eu não possa ser dia
Esse moleque
Ah, esse moleque
Acho que eu não tô pedindo muito
Acho que eu não tô pedindo muito.

Eu quero ser humano,
Novo, livre e louco
E mais completo
Acho que eu não tô pedindo muito
Acho que eu não tô pedindo muito.

terça-feira, 25 de maio de 2010

To P. Mesmo.

Estou numa TPM monstruosa.

Ondas de ira passam por mim constantemente.

Não estou com ódio... eu SOU o ódio. Mesmo que o mundo não perceba, eu me sinto ódio... meu sangue cedeu lugar a ele, e ele irriga todas as minhas células.
O pouco que não é ódio, é choro.
Choro vendo qualquer coisa na TV, choro vendo qualquer cena bonita, ou meiga, ou triste...
Chorei vendo uma reportagem no jornal hj cedo sobre os pais de noivas...
Chorei lendo esse texto abaixo...

"Se um cachorro fosse o seu professor, você aprenderia coisas assim:

*Quando alguém que você ama chega em casa, corra ao seu encontro.

*Nunca perca uma oportunidade de ir passear.

*Permita-se experimentar o ar fresco do vento no seu rosto.

*Mostre aos outros que estão invadindo o seu território.

*Tire uma sonequinha no meio do dia e espreguice antes de levantar.

*Corra, pule e brinque todos os dias.

*Tente se dar bem com o próximo e deixe as pessoas te tocarem.

*Não morda quando um simples rosnado resolve a situação.

*Em dias quentes, pare e role na grama, beba bastante líquidos e
deite debaixo da sombra de uma árvore.

*Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.

*Não importa quantas vezes o outro te magoa, não se sinta
culpado...volte e faça as pazes novamente.

*Aproveite o prazer de uma longa caminhada.

*Se alimente com gosto e entusiasmo.

*Coma só o suficiente.

*Seja leal.

*Nunca pretenda ser o que você não é.


E o MAIS importante de tudo....

*Quando alguém estiver nervoso ou triste, fique em silêncio, fique por
perto e mostre que você está ali para confortar.

*A amizade verdadeira não aceita imitações!!!"

É lindo... eu choro... mas o ódio, esse monstro, não passa.

=/ (hj eu não rosno, eu mordo!)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Teoria x Prática - I

O mundo e o "mundo".

O mundo é o que existe mesmo, e é o que realmente é.
É a verdade concreta, sem juízo algum de valor, sem preocupação alguma com qualquer coisa que seja.

Do mundo, foi feito o "mundo". Tudo que vemos, sabemos, do que falamos, é só sobre o "mundo". Do mundo fizemos o "mundo", mas ao mundo nunca temos real acesso.

Sobre o "mundo" criamos o conhecimento. É ele que pensamos conhecer, quando pensamos sobre o que deve ser real. Sobre ele, criamos toda as nossas teorias. Testamos nossas teorias e achamos conhecer o mundo. Mas isso nunca será possível.

O mundo é um só e simplesmente É.

O "mundo" é tantos quantas são as coisas que pensamos e falamos sobre ele. Tudo é interpretação. E, sendo interpretação, é conteúdo mental, e está na cabeça de quem interpreta.

O problema é que os homens se esquecem disso. Confundem o "mundo" com o mundo. confundem interpretações com saberes reais (que não existem).
E saem por aí, empuleirados em suas idéias, discutindo sobre o MUNDO. 'O mundo é capitalista', 'o mundo é egoísta', 'o mundo está errado', 'o mundo deve progredir'. 'O mundo é machista, o mundo é racista, o mundo é preconceituoso'.

Não, o mundo é, nunca está certo, nem errado: ele é, e só.

O "mundo" capitalista, egoísta, errado, atrasado, machista, racista, preconceituoso é um dos "mundos", pensado e construído por alguns dos homens. Pensar que esse "mundo" é o mundo nos impede de dizer: chega desse "mundo", vamos fazer outro!

Eu ando bem cansada do "mundo"... planejo uma reforma grandiosa, com direito a várias implosões e explosões nas cabeças das pessoas... me acompanha?

...

Artigo sobre o surgimento de palavras

Analogia Popular e Poética: Quantas palavras e expressões surgem no dia a dia, sem que tenhamos conhecimento de suas origens?
por Luiz Roberto Wagner*

Epêntese


Epêntese é um dos metaplasmos por adição de fonemas a que as palavras podem estar sujeitas conforme a língua evolui. No artigo "Metaplasmos ontem e hoje: usando o passado para entender o presente", da edição 18 da Conhecimento Prático Língua Portuguesa, Edmilson José de Sá explora o tema e explica:

"As mudanças mais comuns na fala espontânea ocorrem com acréscimos ou decréscimos de fonemas que geram outra forma de falar a mesma coisa. Ou seja, sincronicamente, essas 'mudanças' se expressam na observância da variação, que decorre não só da historicidade, mas também podem ser motivadas por outras restrições linguísticas ou a depender do status social do falante."

Se o latim stela deu-nos a palavra estrela, como surgiu o acréscimo (epêntese) do -r medial? A resposta é simples: esse fonema provém da analogia. No caso, da analogia com astro.

Em sua Gramática Histórica (1977), Ismael de Lima Coutinho afirma que "analogia é o princípio pelo qual a linguagem tende a uniformizar-se, reduzindo as formas irregulares e menos frequentes a outras regulares e frequentes". As línguas sempre recorreram à analogia para evitar alguma dificuldade de expressão, para obter mais clareza, para pôr em destaque uma oposição ou semelhança e para conformar-se com uma regra antiga ou nova.

Os casos de analogia pertencem ao domínio psicológico, embora alguns autores a associem com um ato da razão. Quando a criança adquire os conhecimentos mais rudimentares e necessários à vida, começa, nas suas tentativas para ser compreendida, a aplicar inconscientemente as noções obtidas a casos particulares. Quem nunca ouviu uma criança pronunciar eu fazi, eu trazi? Isso ocorre por influência analógica com outros verbos regulares que possuem o mesmo morfema número-pessoal -i, como em comi, bebi etc.

Coutinho assevera que a ação da analogia é exercida nos diferentes domínios da língua. Daí as suas conse-consequências se fazerem sentir na fonética, na morfologia, na sintaxe e na semântica.

A analogia fonética

A analogia fonética ocorre quando os fonemas ou sílabas são atingidos pela ação da analogia: o fonema -tde cafeteira decorre da influência de leiteira; o -lde floresta surge por influxo de flor.

Não são raros os exemplos extraídos de etimologia popular: tomando-se a palavra barriga, existe a forma braguilha, com sua correspondente popular barriguilha; com o verbo esgadanhar e por analogia a gato, criou-se o verbo esgatanhar. Na linguagem oral, o termo restorante talvez tenha surgido por influência da língua francesa que traz o fonema /o/ para o ditongo /au/ de restaurante, ou, menos provável, por analogia a resto.

As palavras ou frases estrangeiras estão sempre sujeitas às alterações populares. Muitas pessoas ainda mantêm a pronúncia americana em record (é), quando temos, em nosso léxico, a paroxítona recorde.

Ainda na fonética, é a analogia que causa a deslocação de acento tônico de várias palavras. Ao usarmos o termo rubrica (tanto para assinatura, como para orientação das personagens, em textos dramáticos), muitos usam a forma incorreta rúbrica, por influência de rubro.

Solecismo

Solecismo é a designação para os erros que atentam contra as regras gramaticais de concordância, de regência ou de colocação. O filósofo moderno Gilles Deleuze utiliza o conceito de solecismo nas suas reflexões sobre simulacro. A estética de Deleuze parte da ótica da relação entre corpo e linguagem e, para o filósofo, o solecismo é como o corpo, "capaz de gestos que dão a entender o contrário daquilo que indicam".

Burro, besta, toupeira
Também na edição 18 da ConhecCimento PráticCo LlínNgua Portuguesa está o artigo Insultos Raciais: a figura humana na caracterização popular e os nomes de animais, de Anderson Gonçalves Ferreira e Stella Atiliane Almeida de Sá, que trata das situações metafóricas com nomes de animais para caracterizar pessoas.

Na morfologia e na sintaxe

Muitas flexões de gênero, de número e de pessoa verbal são a base de toda a morfologia. Os nomes infante, parente, hóspede, pastor, português, outrora uniformes, consoante a origem latina, tomam hoje, por analogia, no feminino, o morfema -a. O verbo sei formou-se por analogia com hei; vivi criou-se por analogia com pretéritos regulares (devi, bebi etc.); cri vem de creí (creer). Foi, ainda, por analogia com seja que proveio esteja.

Sempre houve transformações na língua e continuarão a existir, mas a analogia tende a restabelecer a harmonia e o paralelismo das formas. Com o advento da informática e pela facilidade de conjugação, criam-se verbos principalmente de 1ª conjugação: deletar, escanear, printar etc.

É na regência verbal que ocorrem os casos mais comuns de analogia sintática. As pessoas manifestam a tendência para considerar transitivos diretos (maioria) muitos verbos que não o são: assistir ao espetáculo, perdoar ao inimigo, proceder à reunião, responder ao questionário.

Por analogia ao verbo pronominal implicar-se que é transitivo indireto (Implicou-se no tráfico de drogas.), encontramos, com muita frequência, o verbo implicar também com a mesma preposição "em"; sua regência é de transitivo direto. Portanto: Essa mudança implica muitos gastos. (evitando-se, assim, o solecismo).

O verbo preferir, pela sua equivalência de significação com querer antes, tem sido construído com o mesmo regime desta locução (Antes quero morar na cidade que voltar para o campo.). Na locução viciosa prefiro salgado do que doce, o que corresponde ao latim quam, não tem nenhum sentido. A construção pura é: Prefiro salgado a doce. - Quantas vezes lemos em livros de História: À escravidão os negros preferiam a morte.

Analogia semântica

O emprego de um vocábulo em sentido figurado é um recurso natural, de que se serve geralmente o povo para exprimir, com mais energia e rapidez, as suas ideias - essa é a analogia semântica.

Se um indivíduo é desprovido de inteligência, recebe os qualificativos de burro, besta, toupeira; se, ao contrário, é atilado, perspicaz, cabe-lhe o de águia; se é valente, corajoso, fica-lhe bem o de leão; se é manso, paciente, o de cordeiro. Muitas vezes, dependendo do contexto, essas analogias trazem-nos casos típicos de ambiguidade: o cachorro do meu vizinho, mataram o porco do meu cunhado etc.

Tradição da analogia

Por essa capacidade de instaurar um princípio de identidade entre elementos que, genericamente, são desiguais, a analogia aproxima-se de figuras como a alegoria, a comparação e a metáfora. Uma analogia procede sempre por identificação das semelhanças entre dois objetos genericamente diferentes; por isto se distingue da comparação, que pode estabelecer quer uma relação de semelhança quer uma relação de dessemelhança entre dois objetos. Estabelecemos uma analogia entre dois textos, por exemplo, para dizer o que os aproxima um do outro; se quisermos dizer o que os separa, mesmo na sua eventual similitude, estabelecemos uma comparação.

Da forte tradição filosófica do termo, interessará mais à literatura o procedimento analógico praticado por Platão, na República (VI, 508). Nessa obra, Platão estabelece uma analogia entre o Sol e o Bem: "É o Sol, que eu considero filho do Bem, que o Bem gerou à sua semelhança, o qual Bem é, no mundo inteligível, em relação à inteligência e ao inteligível, o mesmo que o Sol no mundo visível em relação à vista e ao visível." Esta analogia entre o Sol e o Bem estende-se à relação entre um pai e um filho, pois o Bem criou o Sol à sua semelhança.

Não por acaso, Aristóteles comentou que a capacidade de bem estabelecer relações analógicas é prova da genialidade de um poeta.

http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/21/analogia-158438-1.asp

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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pequenas transgressões

O "mundo" está cheio de regras. Nós, animais humanos, as criamos. E pensamos mesmo que devem ser mesmo obedecidas, porque o que seria do "mundo" sem as regras e com cada qual fazendo o que desse na respectiva telha, não é mesmo?

Mas nós enquanto indivíduos humanos animais que também somos, lá em nossos respectivos fundos, achamos que é mais importante pro "mundo" que os outros sigam as regras, pra que eu possa vez em quando transgredí-las sabendo que isso não fará do "mundo" o caos que se faria se não só eu transgredisse-las.

E assim eu, tu, ele(a), nós, vós e eles(as), quando em vez de vez em quando, ouvimos nossas respectivas telhas, e cometemos, não sem uma parcela de tamanho variável de culpa, minha, tua, dele(a), nossas, vossas, deles(as) pequenas transgressões.

E, pra ser sincera, é bom e certo não ser tão certo e bom assim...

;)

.AforismoS.

Adoro essa palavra: Aforismo: do grego aphorismos "definição", a partir de aphorizein "delimitar, separar", de apó- "afastado, separado" ou "proveniente, derivado de" + horos, "fronteira, limite" e horizein "limitar", através do latim aphorismus[1]). É uma sentença concisa, que geralmente encerra um preceito moral.

Seguem abaixo alguns interessantes:

Hipócrates: A vida é breve, a arte é longa, a ocasião fugidia, a experiência enganosa, o julgamento difícil.

Friedrich Nietzsche: "Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remédio? - Vitória!"

Carlos Drummond de Andrade:
"O amor dinamita a ponte e manda o amante passar."

"Não há felicidade que resista à continuação de tempos felizes."

"Somos humildes na esperança de um dia sermos poderosos."

"O sonho é o pensamento em férias"

Frank Zappa

"A mente é como um pára-quedas. Só funciona se abri-lo."

"Droga não é o mal. A droga é um composto químico. O problema começa quando pessoas tomam drogas como se fosse uma licença para poderem agir como babacas."

"Sem um desvio do normal, progresso é impossível."

"Se você acabar com uma vida tediosa e miserável porque você ouviu seus pais, seus professores, seu padre ou alguma pessoa na televisão, dizendo para você como conduzir a sua vida, então a culpa é só sua e você merece."

"Estupidez até pode ter um certo charme. Ignorância não."

"Alguns cientistas acreditam que hidrogênio, por ser tão abundante, é o elemento básico do universo. Eu questiono este pensamento. Existe mais estupidez do que hidrogênio. Estupidez é o elemento básico do universo."

Aldous Huxley

“Tal é a finalidade de todo o condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social ao qual não podem escapar.”

"Numa época de tecnologia avançada, o maior perigo para as idéias, para a cultura e para o espírito pode mais facilmente vir de um inimigo sorridente que de um adversário que inspira o terror e o ódio.”


J.Lutzsenberger


“O livre mercado não resolve tudo, até porque é manipulado. O mercado só vê demanda, não vê necessidades. Os mercados são cegos para as gerações futuras.”


Bertold Brecht

O Analfabeto Político

"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala nem participa dos acontecimentos políticos.”
"Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio, dependem das decisões políticas."
“O Analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.”

"Não sabe o imbecil que de sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o lacaio das empresas nacionais e multinacionais. "

George Orwell

“Quem controla o passado controla o futuro. Quem controla o presente controla o passado.”

FRANZ KAFKA

"A partir de um certo ponto não há mais retorno. Esse é o ponto que deve ser
alcançado."

"Tu és a tarefa. Nenhum discípulo nos arredores."

"No passado eu não compreendia porque não encontrava respostas às minhas
perguntas; hoje não compreendo como podia acreditar que pudesse perguntar.
Entretanto, eu não acreditava, perguntava somente."

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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ar-condicionado. nhé.

A tecnologia é um trem incrível.
A natureza está lá, na dela, com seus ciclos, seus altos e baixos, dias e noites, marés, temperaturas, claridades, umidades e etc. Aí chega o homem, e esse homem evolui e cria a ciência e a tecnologia e se acha o rei da cocada preta, o novo dono do pedaço.
Cheio de si e de suas possibilidades, um homem desocupado faz uma lista de condições ideais de temperatura, umidade, claridade e pressão que a natureza deveria ter adotado, mas não adotou. Então esse homem desocupado propõe que outros vários homens, esses muito ocupados, façam a natureza se curvar ao que é ideal. Que eles dêem um jeito nessas oscilações que na natureza são naturais.

Criaram lâmpadas, aquecedores, umidificadores, despressurizadores, aparelhos de som e toda uma gama de coisas que a natureza não criou. E chegamos ao meu problema: o ar-condicionado.
O sol nasce e esquenta o mundo, é uma das funções dele. Mas aquele desocupado citado acima deve viver de terno e gravata, no nordeste brasileiro (só assim posso perdoá-lo)e decidiu que os homens ocupados deveriam esfriar polonorticamente todos os ambientes.

Olho por minha janela do trabalho e vejo que o sol está lá, fazendo o papel dele, e que o dia está lindo e deve estar quente! Olho pras minhas unhas e estão roxas. Estou de casaco, e um jato de ar-condicionado concentrado na direção da minha cabeça me faz desejar um gorro de lã. Meu cérebro não nasceu adaptado a essa tecnologia, pois congela por dentro! Juro pra você! Minhas sinapses esbarram em neurônios congelados, e quando esbarram faz aquele barulho de vidro contra vidro, e dói! Ok, sinapses não camiiiinham pelo cérebro, mas essa é a idéia... na verdade são os impulsos elétricos que se chocam contra axônios congelados, e as sinapses ficam prejudicadas. Meu cérebro arde de frio. Hoje ele encolheu tão repentinamente com o jato frio que me deu enxaqueca, com direito a alucinações visuais e tudo: luzinhas triangulares coloridas dispostas em meia lua piscando, com manchas brancas bem no foco da visão...

Não gosto do ar-condicionado. Ele me dá dor de cabeça. E o frio que ele faz aqui, de acordo com a lei da conservação da energia, com certeza está sendo jogado na atmosfera e aumentando o calor que o sol faz lá fora, além de consumir energia elétrica que poderia ter uma destinação mais nobre do que ajudar aquele desocupado a usar seus ternos no Nordeste brasileiro e todos os outros não desocupados a usarem seus ternos all around the world.

Não gosto do ar-condicionado. Tá, em alguns raros momentos eu até gosto. Mas hoje, não é esse o caso. Hoje, não gosto do ar-condicionado.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Bacalhau!

Primeira frase do dia:

"Esse celular tem barulho de bacalhau!!".

Quando o sentido me falta, o pensamento me diverte! O celular me acordou de estar em um bondinho, no meio do Plano Piloto, tomando sol enquanto era discutido o valor da reforma que seria feita no apartamento de cobertura que havia sido metralhado, e que custava milhões apenas por pertencer ao Maluf. O apresentador do bondinho, de microfone e megafone na mão, também cuidava da churrasqueira.

Adoro a loucura da minha mente, esses roteiros non sense oníricos! Pra que o mundo deveria fazer sentido enquanto dormimos?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Hoje acordei zambupa!

Um dia surge uma falta. Uma pessoa, que aqui chamarei Ipcilon, sente algo, quer dizer algo, e não encontra a palavra que descreva isso. Procura no dicionário, tenta lembrar, tenta descrever com mil metáforas pra ver se alguém ao seu redor sabe o nome daquela idéia ou sentimento. E nada. Nem o DeusGoogle parece conhecer aquilo, aquela sensação, aquela coisa.

Ipcilon esbarra no não-há. Dependendo de sua auto-confiança, pode encarar esse "não-há" de duas formas: isso que me aperreia só eu conheço, então é invenção da minha cabeça, uma aperreação falsa, logo, não existe "isso"!; ou: como assim ninguém nunca deu nome pra "isso"? Que mundo incompetente é esse, que nos deixa no vácuo ao ter de expressar "isso"!! Preciso dar a "isso" um nome, e assim "isso" passará a existir no universo!!

Se Ipcilon encara da primeira forma, consolida o vazio e fim de papo, segue a vida adiante.

Mas suponhamos que Ipcilon acordou cápávirada e resolveu dar nome: a partir de agora, "isso" se chama ZAMBUPA! Claro que Ipcilon, antes de batizar "isso", perguntou ao DeusGoogle se já não havia um significado pra essa palavra (pode conferir, não há!).

Agora Ipcilon precisa dizer ao mundo que já há a palavra pra descrever zambupa!! Precisa divulgar, pra que ninguém siga a vida consolidando o vazio quando sentir ou pensar zambupa!!E precisa, obviamente, explicar bem explicadinho o que é zambupa, pra quem ninguém use a palavra zambupa quando na verdade estiver se sentindo cafillabe.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

piscada

O gmail tá ruim hj.
E eu escrevo sempre demais.

...carros...

E o troféu "ah, neeeeemmmm..." de hoje vai paraaaaa...
tcham tcham tcham tchaaaaaaaaaaaaam!!!!

o TRÂNSITO!!!!


Siiiiiiiiiiiim!!! Ele mesmo!!!!! Vamos agora ao motiiiiivo da premiação!!!

Você antes de dormir tem aquela missão um pouco complexa de programar o horário em que seu despertador deve tocar na manhã seguinte.

Pensa então nos vários fatores envolvidos:

* antes de trabalhar, eu vou...

a) tomar banho, sem lavar o cabelo: 7 minutos; ou
b) tomar banho lavando o cabelo: 18 minutos; e
c) tomar um café da manhã bem reforçado, com café, fruta, pão quente com queijo: 25 minutos (eu sou lenta pra preparar e pra comer!); ou
d) tomar no máximo um café ou um iogurte líquido, daqueles que não precisa de colher: 5 minutos; e
e) escovar os dentes: 5 minutos; e
f) escolher a roupa de ir trabalhar: aleatório entre 3 e 20 minutos, dependendo de fatores relacionados à humor, questões meteorológicas, questões astrológicas, questões de disponibilidade de roupas no armário, questões relacionadas ao sapato que combina ou não, questões relacionadas à agenda do resto do dia e etc.

TOTAL: algo entre o mínimo de 20 e o máximo de 68 minutos, só entre o estar de pé e o pegar o elevador.

* o soneca, programado para 6 minutos (10 acarretava atrasos descomunais, por permitir que o sono realmente se restabelecesse), deverá tocar algo entre zero e três vezes até que eu esteja de pé: 0 a 18 minutos...

Ok, fatores pensados, levando em conta que entre a residência e o primeiro ponto de parada do dia, no caso o trabalho, existem uns 12 km a percorrer, o que deve levar, em BRASÍLIA, no máximo 20 minutos...

cálculos, derivadas, integráis, somatórias, if-thens...

... chega-se ao ponto ótimo (!!!) entre dormir o máximo possível e chegar o mínimo possível atrasada!!

Manhã seguinte: o despertador toca na hora marcada.
O soneca toca no prazo determinado, e levanta-se da cama na hora em que isso parece possível.
Banho tomado, roupa escolhida, café da manhã degustado, dentes escovados, não necessariamente nessa ordem, e faltando 20 minutos pra uma hora decente de se chegar ao trabalho, estamos dentro do carro.

Aí começa o problema (não, eu não vou acordar ainda mais cedo nem fazer as coisas mais apressadamente, porque minha saúde mental é valiosa e a preguiça deve ser respeitada).
Dia após dia, de maneira gradual-constante-e-crescente, surgem novos carros no mesmo trajeto. Alguém mais ganhou carro do papai, do marido, da mulher, de alguma promoção, ou conseguiu finalmente juntar $$$ e está felicíssimo de se livrar do transporte público!!!

Meu bom humor, se havia, foi-se. "Por que o progresso do país é medido pelo número de carros que as montadoras vendem???", "Por que o melhor modo de se evitar uma crise foi baixar impostos e fazer o ato de copmrar carros tão mais fácil??", "Por que, meu pai do céu, os ônibus não são fofos e confortáveis e limpinhos, com motoristas educados, e não passam perto de nossas casas e perto de nossos trabalhos??", "Por que ainda não inventaram a p*^^a do teletransporte?????".

Não adianta. Mil perguntas, provavelmente quase todas com respostas bem plausíveis dentro do nosso modelo contemporâneo-pós-moderno-capitalista, de nossa cultura individualista onde o seu problema é seu, logo não é meu, e o meu eu resolvo so-zi-nho!!, nossa cultura de transportes públicos de péssima qualidade, nosso governo de alguns recursos sendo desviados, etc etc etc.

Claaaaaro que 20 minutos não são suficientes. Óbvio. Eram suficientes há alguns anos, mas o progresso sempre chega e eu devo ter parado no tempo pra não ter percebido. E, quando subitamente percebo, a cada nova manhã, penso triste que é daqui pra pior. Pelo menos no quesito trânsito, minha querida cidade(zinha) está cada dia mais perto das grandes metrópoles.

A cada nova manhã eu novamente me surpreendo e, provavelmente, a cada nova noite eu me esqueço, na hora de programar o despertador, que o mundo também não é mais como era antes...

Ps.:
Um brinde à hipocrisia: eu também tenho um carro!! E vou sozinha!!! E não ando fazendo NADA (além de me irritar) pra resolver o problema do trânsito no mundo, ou um dos outros vários problemas que o mundo tem...

=P


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terça-feira, 11 de maio de 2010

...pura flor de vento...

SONETO ANTIGO

Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.

Cecília Meireles

Pra sempre a saudade.

"Sentimos que nunca acaba de caber mais dor no coração..."

O que a gente faz quando uma pessoa se retira da nossa vida? Quando uma pessoa querida se retira do mundo?

No dia seguinte, o dia amanhece. As horas continuam passando, no seu mesmo passo, e pode fazer sol ou estar nublado, como hoje. Hoje, prefiro o nublado.

Pro mundo (seja lá o que for isso) parece que nada aconteceu... Pra mim, falta um pedaço. Falta uma certa voz, e um jeito específico de falar... no lugar, a certeza de que esse alguém nunca mais vai me fazer comer mais pudim do que eu quero... no lugar do pedaço que falta, várias memórias que repasso querendo gravá-las mais fundo, pra não esquecer nunca...

Minha avó se foi... se foi meio que aos poucos, mas rápido demais pra quem, como todos nós, estávamos acostumados com tanta vida, tanta energia, tanta voz, tanta vontade. Rápido demais. A dor não vai passar tão depressa...

Já ouvi que a morte é a musa da filosofia, é a mãe de todo o mistério, é o cúmulo do desconhecido, do não saber. E diante da mais certa de todas as incertezas, só nos resta querer acreditar. Querer acreditar em céu, querer acreditar que a vida continua, que a alma continua, que o que chamamos de vida que é passageiro, que o que conhecemos é onde cabe o sofrimento, que pra lá da vida há a paz, a certeza, o conhecimento, o fim do mistério, e que é melhor que aqui. Precisamos acreditar, porque não faz sentido, nenhum sentido, uma pessoa deixar de existir, uma vida chegar ao fim, alguém nos abandonar sem chance de reencontro, sem lembranças futuras, sem os hábitos de costume. Só nos resta querer acreditar, e eu quero acreditar que a ausência, e não a permanência, é temporária. Que as separações são por enquanto, e não pra sempre!

Para sempre... seja lá o que isso for...

Fica o amor, fica a saudade, o exemplo de entusiasmo, de ânimo, de independência, de alegria, de força e coragem! Fica uma família orgulhosa de ter tido alguém como ela à frente, fica uma família com histórias de lutas diárias, fica uma família triste, faltando um pedaço, uma família que continua escrevendo sua história, mesmo sem alguns personagens fundamentais... E o que fica dela é tudo de bom que cada um de nós leva na memória!

Zeza, dona Zélia, vó... vai em paz, te amamos muito!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ao domingo de Laraliz...

Minha linda e fofa amada amiga Laraliz, de quem acabo de ler todos os textos do blog, declarou que tem problemas com o domingo...

Após conseguir minha independência em se tratando de assinar meus comentários com meu nome, e não com o nome do meu pai (se o Google não explicar, talvez Freud explique...), resolvi iniciar um blog e contrapor ao domingo de Laraliz a minha sexta-feira!

O que eu amo na sexta-feira é exatamente o que me melancoliza no domingo... a sexta-feira, mesmo sem planos, é o início das nossas horas inúteis!!! É a porta de entrada das mil e uma possibilidades maravilhosas de fazer tudo o que gostaríamos de fazer a qualquer momento da vida, mas que devido às obrigações, ditas úteis, não podemos. É o início daquele período onde pode acontecer TUDO, inclusive NADA!

Às sextas-feiras (tirando hoje, por causa do congestionamento de minhas vias respiratórias) eu já acordo feliz! Tenho aula até as 22:40h, mas depois a minha vida é minha! Meu tempo é meu! Posso sambar, beber, dançar, namorar, ver filme, papear, enrolar, e até mesmo dormir! E posso isso a qualquer hora desse período "inútil" que está se iniciando!! A qualquer hora, mas desde que seja antes do domingo-fim-de-tarde...

As horas inúteis sempre passam rápido, ou são poucas, ou os dois, whatever... o domingo-fim-de-tarde sempre chega, e acaba com as horas inúteis. Sim, eu sofro por antecipaçao. O domingo-fim-de-tarde carrega em si a tristeza da proximidade com o início de mais cinco longos dias úteis!! Cada minuto a mais de domingo é um minuto a menos de sexta-feira... E sofrer por antecipação deve ser algo que se alastra, porque percebi que com os aumentos recentes de utilidade que tive de minhas horas úteis, de meus dias úteis, o sofrimento do domingo-fim-de-tarde começou a aparecer cada vez mais cedo no domingo! Tem dias em que já acordo sofrendo, mesmo tendo toooodo o domingo pela frente, só por saber que não poderei fugir da segunda-feira que se aproxima! Tenho inclusive medo que meu sofrimento piore e apareça já no sábado, ou ainda, DEUS ME LIVRE, que ele invada minha sexta-feira e eu já inicie minhas horas minhas sofrendo com seu fim!!! O fim de semana seria então como aquele último brigadeiro que sobrou da festa, na geladeira, e a gente encontra no dia seguinte... o prazer de comê-lo já começa com a tristeza de que ele vai durar pouco...

Queira a vida que isso nunca ocorra, e eu sempre brinde com alegria de viver à chegada de mais uma sexta-feira!!!!

Aniversário da pandemia!

  Brasil. Pandemia. Vai fazer um ano... um ano de isolamento. Um ano de crianças sem escola, um ano de homeoffice . Um ano agradecendo que n...