segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Enfim, a chuva...

Aqui na minha cidade maquete o clima pode ser dividido em "não chove nunca" e "chove pra sempre".

De ontem pra hoje foi a noite da transição... depois de mais de três meses sem uma gota d'água se jogar das parcas nuvens, de um sol esfuziante, de um clima de deserto, de um abafado e seco tempo incendeador de matas cor de palha, eis que ela chega, tímida, lenta, singela, ela, a chuva.

Eu confesso que prefiro a seca e o sol.
Confesso que andava apaixonada pelo contraste das árvores de pipoca da minha maquete, os ipês brancos, com aquele céu sem nuvens, azul enevoado pela poeira seca suspensa. Confesso ainda o pecado de gostar do cheiro das queimadas que ocorrem no cerrado... é feio, eu sei, queria que não queimassem, mas o cheiro me remete a um lado bom da infância, tem cheiro daquele barulho de língua estalada no céu da boca!

Pouco importa minha preferência, agora ela chegou, e veio pra ficar, pra sempre! Céu cinza, tempo úmido, carros batidos, buracos e poças d'água.

Já já eclodirão dos ovinhos milhares de milhões de aleluias, aquelas formigas com asas que me disseram ser cupins, aquela nuvem de insetos abobados que parecem brotar do chão e que saem se chocando com tudo, grudando nas coisas, perdendo as asas no seu vôo bêbado em direção a focos de luz.
E logo as cigarras cantoras da primavera iniciarão seu coro de panela de pressão, irritando uns e alegrando outros, como tudo nessa vida.

Época de botas (isso eu adoro)e guarda-chuvas, de cabelos mais arrepiados do que o normal, de tomar vinho e ver filme em casa, de se entregar com menos culpa à preguiça.

Época de flores, flores, flores, e o eixo principal da maquete fica todo tinto de árvores de Grayskull, com grandes copas rosas, adornado cá e lá de árvores de copa amarelo-uno-novo-marca-texto! Fica lindo, tirando o céu molhado...

Choverá pra sempre, nada mais vai queimar, não vai faltar água, os plantadores terão colheita, os asmáticos e riníticos voltarão a respirar e mesmo eu, que prefiro o sol e o seco e o quente, eu hei de achar mil coisas pra curtir na primavera que se inicia com chuva eterna.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

E essa coisa que não passa...

O mundo me cansa. E cansa não só a mim, mas a todo mundo.

Todo mundo se cansa do cansaço que o mundo dá.

O mundo cansa todo mundo.

Porque as pessoas cansam as pessoas, e se cansam das pessoas, elas mesmas.

E as coisas, que nunca se cansam, nos cansam, porque pesam, porque sujam, porque ocupam espaço, porque ficam no caminho, porque existem. E nos cansam também as coisas que não existem, e talvez nos descansasse sua existência. Como se existissem as coisas erradas e não existissem as coisas que deveriam existir. Porque o que foi feito pra descansar cansa mais.

Essa coisa que não passa é um azedo na minha alma cansada.
Um cansaço que sono não tira, cerveja não tira, samba não tira, cachoeira não tira, abraço não tira.
É um azedo cansaço da matéria mesma que me estrutura, das coisas mesmas que me construíram, um cansaço de falar comigo, de pensar com minha voz e do meu jeito, de ocupar algum espaço nesse mundo cansativo.

E não passa, essa coisa...

Aniversário da pandemia!

  Brasil. Pandemia. Vai fazer um ano... um ano de isolamento. Um ano de crianças sem escola, um ano de homeoffice . Um ano agradecendo que n...