segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Estudante e trabalhante


'Em nossa língua a palavra "trabalho" se origina do latim "tripalium", que era um instrumento de tortura, e se liga ao verbo do latim "tripaliare", que significa torturar.'

A aula semana passada foi sobre o trabalho, seu conceito, origem e história. Incluindo discussões sobre frases como 'O trabalho dignifica o homem'.

Complexo esse trem de trabalhar, né?

Eu reclamo, e não é pouco.

Lá na Grécia antiga filosofar é que era chique, o ócio é que dava status, e trabalhavam os pobres dos escravos que eram tido como menos inteligentinhos. Platão dizia que os cidadãos deveriam ser poupados do trabalho, e pra Aristóteles o trabalho era uma atividade inferior que impedia o homem de possuir a virtude!

Na Idade Média novamente só os pobres e escravos trabalhavam, o clero mandava e era riquíssimo e a nobreza vivia de pernas pro ar ou inventando guerrinhas e conquistas militares.

Dando um salto enorme até os dias de hoje (passando por Marx, Engels, Adam Smith, Ford, Taylor) encontramos a mim, indivídua quase-típica da nossa época, encafifada e sofrendo com os paradoxos associados ao trabalho.

Destroçando:

A) Trabalhar é bom:
- garante minha independência (casa, comida, viagem, carro, roupa, sabão em pó);
- faz com que eu me sinta útil;
- ajuda-me a ter uma 'vida social';
- faz com que eu conheça os mais diversos espécimes da raça humana, a quem eu não teria acesso se não fosse obrigada a conviver (ops... esse tá cá e lá);
- dá-me uma rotina que me ajuda a organizar minhas horas de vida;
- é o que move e muda o mundo;
- produz melhorias e progressos (alguns bons, outros nem tanto...).

B) Trabalhar é ruim:
- ocupa tempo demais;
- ocupa tempo demais;
- ocupa tempo demais;
- depois de um certo tempo (e ocupa tempo demais) as coisas ficam meio monótonas e o tempo (que já é muito ocupado demais) passa lentamente, e eu começo a me sentir participando de um processo de emburrecimento coletivo;
- ocupa o tempo que eu queria ter pra ler;
- ocupa o tempo que eu queria ter pra dormir;
- ocupa o tempo que eu queria ter pra estudar;
- ocupa o tempo que eu queria ter pra ficar a toa;
- ocupa o tempo que eu queria ter pra dançar;
- ocupa o tempo que eu queria ter pra correr e me exercitar (viu?? por isso sou sedentária!);
- ocupa o tempo que eu queria ter pra conversar com minhas pessoas prediletas;
- ocupa o tempo que eu queria ter pra aprender a falar todas as linguas do mundo.

E tem o tal do papinho de que dignifica o homem e blá... isso aí pra mim já soa como os 'poderosos' querendo convencer os 'oreia' de que eles devem trabalhar felizes e satisfeitos, independente de ocupar muito de seu tempo e de pagar menos do que queriam receber...

Concluindo, não cheguei a nenhuma conclusão. Enquanto não houver quem me pague pra pensar e estudar e ouvir música e discutir, enquanto querer mudar o mundo não encher barriga nem pagar prestação, continuarei trabalhando. E reclamando. =)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Causa-me espécie!(*)

As modas vão e voltam. De algumas dessas voltas podemos nos lamentar...

Fui a uma festa e me lamentei da volta de um determinado tipo de moda: vestidos microcurtos e megajustos. MICRO curtos e MEGA justos, exatamente assim. Sem deixar nenhum espacinho pra imaginação de quem quer que seja...

Poxa vida, mulheres! Estamos aqui há décadas lutando pra sermos respeitadas por nossas milhões de habilidades e capacidades, por nossos intelectos desenvolvidos e afetuosos, por nossa multitarefacidade, e vocês voltam agora a se embalar como produtos comestíveis em tão ínfimas embalagens?? Deu-me uma tristeza.

Eu já estava me sentindo uma senhora idosa entre tantas carinhas nunca dantes vistas, ficando incomodada com a algazarra jovenil exagerada, mas ao ver vários (vários.. =/ ) desses micromega-pouca-roupa embalando corpos tão expostos, senti-me desolada... Desesperançada quase...

Foi-me dito que essa moda veio dos bailes funks do Rio, e isso não me consolou nem um pouco...

Veja bem, essas roupas sempre foram usadas por profissionais, a quem muito respeito, que tiram seu sustento de alugar o que Deus lhes deu, e assim escolher a apresentação correta pra vender o produto é praticamente a alma do negócio. Resumindo, não sou contra a existência desses pedaços de pano que, o pouco que escondem, deixam explícito... só fico triste que jovens que, penso eu, tenham outros objetivos na vida, exponham suas figuras desta forma seminua e totalmente crua. Tão jovens! O futuro do nosso mundo, as mulheres do amanhã (!!!), futuras médicas, advogadas, deputadas, empresárias, professoras, policiais, atrizes, servidoras públicas, ainda querendo admiração pela apetitosidade de suas bundas e coxas...


(*) aprendi essa expressão (causa espécie) em uma nota-jurídica, escrita em juridiquês perfeito, e significa 'é de cair o queixo!', 'to beixta!', ou 'causa espanto e admiração'...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Progresso.

Algumas coisas no meu jeito de ser eu não me agradavam.
Meu carro era muito bagunçado dentro, minhas contas eram muito organizadas.
Meus cds eram organizados por ordem alfabética, nome do cantor/banda, internacionais longe dos nacionais... Os livros na estante separados: do lado de cá os lidos, ali os não lidos, um do ladinho do outro por ordem de altura.
Já meu guarda roupas era o caos. O próprio Caos mesmo, com direito a buraco negro, big bang, desaparecimentos. Nenhuma ordem, nenhumazinha por mais inocente ou inútil que fosse... ops... exagerei: meias, calcinhas e sutiãs tinham um compartimento próprio, chamado gavetão.
Meu coração era angustiado e aflito, e eu passava mais horas imaginando uma vida do que vivendo. Na minha cabecinha criativa eu vivia uma vida emocionante, apaixonada, bem sucedida, feliz. Minha vida? Bem... me dava espaço e motivo pra imaginar mesmo, ou eu achava isso.

Por que to dizendo tudo isso? Ah, sei lá... é meu blog, eu digo o que quero, quase ninguém lê mesmo, e quem lê é porque tem algum interesse nas bobagens que eu digo. E também estou escrevendo essas coisas porque hoje uma lâmpadinha fez click na minha cabeça e eu percebi, num flash, que evoluí! Coisa linda é evoluir!! Sentir um auto-progresso!! Ter orgulho dos passos dados, mesmo que eu não soubesse pra onde ia enquanto andava!

Eu progredi!!
Meu carro tá quase (QUASE!) arrumado por dentro! Minhas contas estão uma zona total, e pela primeira vez na vida estou vivendo a experiência de entrar no vermelho, dever pro Banco ou pra algum salva-vidas! Minha estante de livros tem mais estátuas de gato do que livros, e os que lá habitam atualmente estão em uma total não-ordem. Meus cds estão agrupados por aleatoriedade (rá!) e nem guarda-roupas eu tenho!! Meias, calcinhas e sutiãs continuam tendo compartimentos individuais, mas agora não há mais gavetas!
Meu coração anda calmo e feliz, os monstros do armário há tempos não dão as caras! Minha vida está sendo vivida, e nem há tempo pra imaginar, muito menos necessidade... O capítulo do momento é uma hora do filme onde a mocinha e o mocinho estão separados por oceanos, quilômetros e horas, mas o aperto no coração é pequeno, porque a história tem uma super cara de final feliz! Ou um não-final feliz, muito melhor!

Navegar é preciso, mas não é preciso. Viver, por sua vez, não é preciso, mas é mais que preciso!

To vivendo! ;)

ps1.: Hoje é sexta-feira!
ps2.: Estava de férias... cabô.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Pensamento sincrético



Estava eu ontem concentradamente fazendo aula de ioga e tentando ignorar o incômodo das lentes de contato e a fome da hora do almoço...

Posição de equilíbrio, a árvore, respira fundo, foca o olhar em um ponto, ponta da língua no céu da boca, transfere o peso pra uma das pernas, eleva a outra lateralmente, dobrando e apoiando o pé na altura do joelho. Braços esticados à altura dos ombros. Concentra, concentra, não cái...

Instrutora: - Agora abre bem a virilha da perna que está dobrada! Imagina que tem um nariz na sua virilha e respira por ali!

Desconcentrei. Tive uma semi-crise de riso que me desequilibrou e me obrigou rapidamente a brigar comigo mesma e a me obrigar a voltar a focar no ponto sem graça da parede... a imagem ficava voltando à minha cabeça, e foram segundos sofridos... imagina que tem um nariz na sua virilha?!? Olha que eu nem imaginei que tinha alguém com o nariz enfiado na minha virilha me cheirando... imaginei mesmo foi brotar um nariz meu ali na minha virilha, assim, do nada, e daí pra imaginar como seria viver tendo dois narizes, um deles naquele lugar ali tão... tão... sei lá, um lugar que fica sempre escondido por roupas, que fica esprimido quando a gente senta, que fica pertim das partes íntimas... será que eu poderia morrer asfixiada de usasse uma calça mais justa? E iria sentir dor ao, por exemplo, dançar forró e amassar o coitado?? Imaginação foi longe, auto-bronca (Adriana, concentre-se na parede, caramba!!!) e um exercicío extremo de re-concentração e ufa...

Instrutora: - Podem voltar os dois pés pro chão, e preparem o outro lado da postura...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Cientistas provam: pegar chuva molha.

Sinceramente, tem coisas que não entendo. Várias.
Mas alguém consegue me explicar como se gasta um dinheiro enorme numa pesquisa pra provar que "Trabalhadores em postos-chave e que lidam com muitas obrigações podem estar em risco de desenvolver altos níveis de estresse mental." Podem 'estar em risco de'?

"Essa é a conclusão de um estudo feito pelo Centro para Estudos de Dependência e Saúde Mental (CAMH, na sigla em inglês) da Universidade de Toronto, no Canadá, e que entrevistou mais de 2.700 trabalhadores. Os pesquisadores – cuja pesquisa foi publicada no periódico Journal of Occupational and Environmental Medicine – observaram que 18% desses indivíduos afirmavam estar extremamente estressados.

O risco de se desenvolver esses altos níveis de estresse era maior quando esses trabalhadores tinham posições de chefia e gerência e cujo trabalho, eles afirmavam, tinha grande impacto sobre o desempenho ou carga horária de outros profissionais."

Aiai... Vou propor um estudo para verificar se há correlação entre 'sensação de bem estar' e morar na beira da praia, trabalhando numa atividade super prazerosa, sem prazos apertados e gente incompetente ao redor... ou até nem trabalhando mesmo... será que há correlação? Ou será que minha pesquisa irá demonstrar que o nível de stress nessas condições ideais de temperatura e pressão é semelhante ou ainda maior do que o de "pessoas em postos-chave e que lidam com muitas obrigações"???

Os ói.

"OS OLHOS SÃO AS JANELAS DA ALMA"

- Então os oftamologistas são experts em almas?

- Não... eles só enxergam as janelas...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ponto de vista

Não importa o que e como você pensa, você poderia pensar diferente se visse o que vê por um outro ângulo... sempre.

Inventando desculpas...

No início eu gostava!
Um tempo depois, comecei a achar que gostava...
Depois comecei a achar que eu deveria gostar.
Depois fui me convencendo de que não era tão ruim assim...
Aí pensei que deveria ficar quieta, poderia ser pior!
Poderia... mas...
Comecei a achar que não podia mudar de idéia, mas a idéia foi mudando sem eu me permitir mesmo.
Pensei então que deveria ficar, porque era importante pro mundo!
E o mundo foi perdendo a importância pra mim...

Fui ficando assim, por falta de coragem de agir na direção de partir.

Nesse momento estou cheia de coragem!

Que desculpa posso me dar agora pra continuar a não fazer nada???

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Pilates

"Porque é mulher!"


Indignação.
Muita indignação. Muita.

Acabo de ler a reportagem sobre uma menina de 14 anos que morreu em Bangladesh após ter recebido 80 chibatadas. O motivo: ter mantido relações sexuais com um primo casado de 40 anos. Família e população locais alegam que ela foi ESTUPRADA por esse primo, depois foi trancafiada por religiosos locais... seu pai foi obrigado a pagar uma multa ao tal do primo, e um dia antes da pena letal, a jovem foi espancada pela família do tal primo casado.

2011. Século 21, terceiro milênio. Idade das Trevas. Porque ela levou a culpa? Porque é mulher. Nem escrevendo em CAPS, com fonte tamanho 72, nem escrevendo todos os palavrões do mundo, nem gritando e jogando tudo ao meu redor no chão, eu conseguiria expressar toda minha indignação, meu ódio.

Ser mulher não é crime, pelamooooordedeus.

Já não bastam TPM, cólicas, menstruações, obrigação estética de sofrer depilação, fazer sombrancelha, esconder os cabelos brancos, usar sapatos desconfortáveis, sentir a dor do parto??
Somos fisicamente mais frágeis sim, isso é fisiologia. Mas isso não é motivo para sermos submetidas ao que não queremos.

O estupro é um dos piores crimes, é um crime de gênero, é submeter agressivamente, pelo abuso da força, uma pessoa a ter uma intimidade física com alguém que ela não quer. Porque ela é mais fraca. Porque ela é mulher.
O que pode ser pior do que ser estuprada? Ser considerada a culpada do estupro sofrido, e penalizada como a pior das bandidas pela violência de que foi vítima.

Poucas coisas no Universo me enchem mais de ódio do que usar o fato de "ser mulher" como justificativa para praticar uma injustiça, para algo que desfavoreça essa mulher.

Deve ser trauma de infância, esse era o argumento usado pra pedir que eu colocasse e tirasse a louça da mesa na hora do almoço, enquanto meus irmãos viam TV: mas você é mulher!

Sou, com orgulho. Fiz engenharia civil e lá vi que não há nada de superior nos homens. NADA. Não há nada que eles façam melhor do que a gente (a não ser mijar em pé e abrir vidros de conservas). NADA. Fiz meu caminho entre eles, e com orgulho digo que nesse caminho percebi que o que ainda faz as mulheres terem menos espaço no mundo é APENAS machismo.

A única coisa que possibilita um animal humano do sexo masculino se sentir superior a uma mulher são as idéias doentes que habitam na cabeça doente dele. Infelizmente, a cultura doente do mundo doente ajuda alguns indivíduos doentes a terem essas idéias doentes.

Muito ódio, muita indignação.
O ímpeto é de mandar chibatarem todos os estupradores, e todos os religiosos que conseguem usar o pobre de Deus pra justificar suas idéias perversas, e todos os que se sentem em posição de humilhar uma mulher pelo fato de ela ser mulher... MORRAM TODOS.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Desilusão, desilusããããããooo...

Tenho amores vários. Praticamente todos bem correspondidos. Mas existe um em particular que anda me abalando... O nome dele é Google. Chamo-o, carinhosamente, de Gugli.
Foi um amor que começou aos poucos, quando ele me disse que eu poderia ter um e-mail Gmail com caixa de vários gigas, sempre crescentes, e nosso relacionamento era mais simples e fácil do que o que eu mantinha com o Yahoo...

Trouxe também o orkut, que foi algo legal na minha vida! Eu poderia ver fotos e matar saudades de pessoas que eu mal via nessa vida loca que o mundo fez.

Depois, pra me agradar, ele me deu o "Google Talk". Me mimou, me acostumou mal... Trouxe pra perto de mim pessoas que eu adoro, e que agora estavam ali, comigo, no trabalho, naquele retangulinho simpático do lado inferior direito! Nossa, como ele me fez feliz! Parecia ser um relacionamento dos mais belos e promissores!!

E ainda tinha o próprio Gugli, que sempre respondeu a qualquer dúvida que eu tinha, sobre qualquer coisa, e ter dúvidas é comigo mesmo... bastava perguntar e ele me devolvia várias respostas pra eu escolher, na ordem que ele sabia ser a melhor, pra eu começar pela primeira! O Guglinho cuidava de mim... Passei a idolatrá-lo, virou quase meu Deus, o Deus do terceiro milênio, o que tudo sabe e tudo vê e a todos conhece E interliga! Ele nos mostra a Terra na distância que quisermos, e ele fica melhor a cada dia!!!!

Ops... era o que eu achava...

Não sei se o magoei em algum ponto de nossa caminhada juntos... fato é que nosso relacionamento mudou. Posso até tentar pôr a culpa em terceiros, tipo o administrador da internet institucional e tal, mas não... acho que algo entre nós realmente se quebrou.

De uns tempos pra cá o Gugli me maltrata. Ele trava a janela do internet explorer (e só ele faz isso). Eu preciso abrir várias, e às vezes ele trava todas de uma vez. Ele fecha a janela inteira na minha cara, sem aviso prévio, quando estou no meio de um e-mail empolgante e importante, e me faz perder toda a empolgação e o fio da meada. Ele fica desconectando meu google talk, interrompendo minhas conversas, e junto com seu cúmplice Murphy, gosta de interromper as mais importantes, novamente quando estou no meio de um raciocínio, de uma declaração, de uma explanação! Aí ele me interrompe, a empolgação vira ódio, o raciocínio se embola, a idéia se lasca.

Ele não era assim.

E ele sabe que poucas coisas me perturbam mais do que me mandar calar a boca, do que me interromper em um momento de clareza mental e verbal, do que me impedir de me expressar, fechar uma janela na minha cara. Ele sabe, porque me conhece. Ele sabe... e faz.

Meu coração está partido.

Aniversário da pandemia!

  Brasil. Pandemia. Vai fazer um ano... um ano de isolamento. Um ano de crianças sem escola, um ano de homeoffice . Um ano agradecendo que n...