quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Uma grande preocupação com o mundo...

Você já leu algo do Bauman?

É muito interessante...

Li alguns textos dele no começo do ano passado, pra faculdade, e lembro da inquietude que me causaram... eu até tinha esquecido isso, mas agora lendo um livro dele essa inquietude voltou toda.

Bauman é um sociólogo atual, e tem uma visão bastante crua (e deveras desencantadora) do nosso planeta na atualidade.
Ele escreve sobre como a influência do capitalismo e do consumismo se entranha nas coisas mais sutis e subjetivas do ser humano. De como a velocidade com que trocamos nossos objetos de consumo atinge nossos sentimentos e em como passamos a acreditar, de forma não consciente, que pessoas são objetos de consumo. De como os laços entre as pessoas são cada vez mais leves, mais fluidos, mais superficiais...

Descreve de uma forma dura como, a cada dia que passa, somos mais inábeis em estabelecer relações, porque queremos sempre estar em movimento, sempre novidade, sempre liberdade, sempre novos ares, fugindo de responsabilidades, fugindo de uma ansiedade e agonia que não se distancia (está colada a nós).
É como fugir da nossa própria sombra...

Mas o capitalismo nos fez crer que o vazio pode ser tampado com objetos bonitos e novos e de rápida obsolescência. Que devemos olhar pra fora, procurar fora, fugindo do que está dentro de nós... Que se nunca olharmos pra dentro, nunca veremos o monstro. Que se rompermos ligações assim que se tornarem minimamente incomodas, nunca sofreremos, nem seremos abandonados, nem nos sentiremos presos... Poderemos sempre seguir em busca de algo mais novo, mais moderno, que nos dê mais prazer.

E uma das coisas que mais me deixa inquieta... essas mudanças no mundo tomam conta de nós sem que percebamos. É como se alguém colocasse um corante leve na água, e todos estamos ficando verdes, aos poucos, de forma gradual e irreversível, sem sequer percebermos. Não podemos viver sem água, e estamos todos esverdeados. É por parecer sem volta esse caminho destrutivo e altamente isolante que a humanidade está tomando que mais me preocupo... porque eu me inquieto, mas também estou contaminada. Porque me angustio de continuar caminhando, mas não sei se há volta... é um vício, queremos sempre mais, e mais rápido, e diminuir a velocidade parece deixar o mundo sem cor... Essa água esverdeante vicia, e pode acabar nos destruindo...

Se Bauman exagera? Não sei, tomara que sim. O fim do mundo, seja do modo que for, é algo triste. As pessoas serem vistas como uma cifra, independente de como será calculado esse valor econômico, é algo triste. Não saber se mostrar pra alguém, dividir a alma, estar próximo (na alegria e na tristeza), fugir ao menor sinal de contrariedade, é uma coisa triste. Não há um lugar seguro pra cada um se esconder do vazio que está crescendo dentro...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Calligaris

Vale a pena:

http://contardocalligaris.blogspot.com/

Tempos líquidos!

Ontem comecei a ler "Amor Líquido", de Zygmunt Bauman, e me assustei.

Eu, que tanto penso e reflito e contesto, sou apenas mais um indivíduo que retrata as angústias dos tempos atuais.

Eu, que sou incapaz de gastar valores extratosféricos (próximos a um salário mínimo) com uma bolsa ou sapato, que não gosto de roupas caras, eu que não troco de carro todo ano e nem gosto de modelos caros, eu que faço minhas unhas eu mesma em casa, e que tenho como objeto de maior volume de compras os livros! essa eu, que em comparação com o mundo ao redor se acha pouco consumista, sou apenas mais uma criatura da pós-modernidade. Que cosa triste.

Sou só mais um ser sofredor e angustiado e líquido! Ó céussss! Há solução??????

Vou prosseguir a leitura pra ver se encontro...

Talvez eu deva primeiro explicar em que consiste essa coisa de líquido, né?

No que diz respeito aos relacionamentos, Bauman fala de como a modernidade líquida e fluida traz consigo uma fragilidade dos laços humanos. A fragilidade gera insegurança, e a insegurança estimula desejos conflitantes de se estreitar os laços (prendendo-se mais ao ser amado, buscando sufocar o medo de perdê-lo) e ao mesmo tempo mantê-los frouxos (pois só assim nos manteremos individualizados, uma obrigação do ser humano da nossa época, e livres, inclusive para estabelecer novos relacionamentos mais "lucrativos").

O que queremos? "Algo como a solução do problema da quadratura do círculo: comer o bolo e ao mesmo tempo conservá-lo; desfrutar das doces delícias de um relacionamento evitando, simultaneamente, seus momentos mais amargos e penosos; forçar uma relação a permitir sem desautorizar, possibilitar sem invalidar, satisfazer sem oprimir..."

Mas Bauman fala de uma outra verdade incontestável (e que me parece pouco percebida...): pular de relacionamento curto em relacionamento curto (ele diz que a palavra "relacionamento" nem cabe mais, o que existem agora são conexões/desconexões em uma rede enorme de indivíduos) não ensina as pessoas a amar nem possibilita que experimentem várias pessoas antes de encontrar A PESSOA com quem devem sossegar. Pular de conexão em conexão ensina tão somente a pular de conexão em conexão. É um ciclo vicioso, e esses indivíduos estão a cada pulo menos preparados pra realmente se relacionar e AMAR.

E o que é o amor? "Eros é 'uma relação com a alteridade, com o mistério, ou seja, com o futuro, com o que está ausente do mundo que contém tudo o que é...'. 'O pathos do amor consiste na intransponível dualidade dos seres'. Tentativas de superar essa dualidade, de abrandar o obstinado e de domar o turbulento, de tornar prognosticável o incognoscível e de acorrentar o nômade - tudo isso soa como um dobre de finados para o amor. Eros não quer sobreviver à dualidade. QUANDO SE TRATA DE AMOR, POSSE, PODER, FUSÃO E DESENCANTO SÃO OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE."

O amor não suporta com leveza a vulnerabilidade (saber que o outro pode ir embora, deixar de amar...), mas quando triunfa em seu intento de subjugar (enterrando as fontes de sua precariedade e incerteza, dominando ao outro, fundindo-o a si) é quando encontra a sua verdadeira derrota.

Amar causa insegurança, mas eliminar a insegurança é eliminar o amor.

Será que há solução?

...

Fim de ano.

É bonito fazer listas de intenções e promessas pro ano que começa... acho lindo, já fiz muito. Mas tem que estar bem no espírito bonito de prometer e intencionar coisas lindas e tal, com a alma sorrindo alegre e otimista, cheia de esperanças, cor de rosa com coraçõezinhos...

Eu sou meio teletubbie vez em quando, mas não estou com esse espírito fofo e serelepe hoje. Não vou prometer sorrir mais, abraçar mais, me preocupar menos, brigar menos, comer menos carne e menos açúcar e quem sabe até beber menos. Acho que devia prometer, mas não vou.

Também acho que devia me comprometer a praticar algum exercício. Mas estou com sono e com frio e com fome e no trabalho, então não me comprometerei.

O ano que vem vem lá, com as coisas dele, os seus próprios desafios e tristezas e alegrias, e eu pretendo apenas agir e reagir de forma positiva. Isso basta.

2010 se vai, e isso me alegra. Prefiro anos ímpares.Prefiro números ímpares, apesar de achar os pares mais confortáveis... Os pares parecem parados, os ímpares dão uma idéia de movimento.

Farei listas, várias. Do que gosto e do que não gosto. Do que quero, do que não quero. Do que é melhor mudar, do que é melhor manter. Listas me ajudam a me organizar,eu que não lido bem com a organização. Farei listas, várias.

Mas só quando meu espírito mudar.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

coti-dia-no

Trabalho com um fulano fantástico. Ele consegue unir em doses nada homeopáticas duas características não afins: proatividade e ignorância. É uma combinação explosiva e de altíssima periculosidade! Ele consegue fazer bobagens catastróficas sem ninguém nem ter pedido pra ele fazer nada!

Soma-se a isso o fato de que ele dá coices. E tenho certeza que, se ele passar mais de uma hora sem resmungar, ele deve explodir. Certeza absoluta! Ele deve resmungar por ordens médicas, pra evitar que os olhos saltem ou que o coração entre em colapso. Nada mais justificaria tanta resmungância.

*****

Vou tomar uma cápsula de pó de guaraná pra restabelecer minha alma. Ela me deixou após dias bebendo em quantidades variadas e dormindo pouco, e hoje é sexta-feira, não é dia pra se estar sem alma. Até porque é fim de ano e hoje tem festa! e Amanhã tem festa! E domingo, tem festa! E semana que vem é natal! =)

*****

As creches: Eu deveria me sentir bem de ajudar. Mas não me sinto. Por que ajudo? Eu sempre fico com raiva quando me ligam pedindo dinheiro. Fico com raiva quando os motoboys chegam. Fico com raiva de mim porque me sinto culpada quando falo com as freiras, sinto culpa se não ajudar, e sinto raiva de mim por ficar com culpa. Não tem nenhum momento em que me sinta altruísta ou fazendo uma boa ação. E mesmo assim, eu ajudo as creches... várias delas... =/

*****

Estarei mais feliz depois de dormir o suficiente. Não sei quando vai ser isso.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

intolerância à incoerência.

A incoerência dos outros me incomoda.

(Queremos eliminar nos outros o que não gostamos em nós mesmos.)

Eu quero o oposto do que eu quero.
Quero o que quero e quero o oposto.
Sem exclusões.

Fico irritada com a minha incoerência.
Como defender o que quero se quero isso e quero o oposto?

Como ter paz tendo tanto argumentos pra justificar o que quero como pra querer o que digo que não quero?

Argumentos contra e favor, em igual intensidade e veemência, para os dois opostos: quero os dois.

Não me entendo.

Não gosto do que não entendo.

Tem horas que não gosto de mim, porque eu realmente queria sempre saber o que quero, e o que quero deveria ser simples de identificar, querer e defender.

Mas quero coisas mutuamente excludentes, e quero ambas, e quero ao mesmo tempo.

Tento me entender, me esforço, páro e penso.
Desespero e desisto: não tenho solução.
Tenho problemas, como todo mundo. Tenho algumas soluções para problemas dos outros, algumas para alguns problemas meus... mas pra mim? Não tenho. Sou insolúvel. Insolucionável. Soluçante. Contestável. Incoerente...

Eu me incomodo a mim mesma.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

homens x doces


Existem pesquisas (não muito confiáveis) que declaram que as mulheres, tendo de escolher entre chocolate e sexo, preferem chocolate.

Foram feitos e-mails com listinhas de motivos pelos quais os doces são melhores do que os homens...

Não me pronunciarei sobre isso.

Pessoas mais espertas (talvez também não muito confiáveis) escreveram relacionando sexo e chocolate, ao invés de coloca-los um contra o outro, como nesse link aqui:
http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mulher/mat/2007/08/23/297401407.asp

Mas escrevo hoje não pra falar de sexo. Esqueça esse tópico.

Quero falar de homens e doces de uma forma totalmente assexuada, a não ser pela questão de gênero. O que quero falar é da dificuldade que alguns homens têm de identificar e catalogar doces.

Uma vez um colega de trabalho perguntou se eu gostava de doces, disse que sim, e ele me deu uma barrinha de cereal de pêssego com damasco. Não consigo pensar em nada pior do que isso. Eu detesto coisas de pêssego, e não classificaria nunca uma barrinha de cereal como sobremesa... Valeu a intenção, claro, mas na semana seguinte ele perguntou se eu queria um docinho e ja vi surgir na mão dele uma barrinha idêntica àquela, então agradeci educadamente e disse que estava de dieta... rs...

Hoje aconteceu algo curioso, embora bem mais agradável. Um colega de trabalho a quem praticamente salvei a vida há um tempo atrás me trouxe um pacote com três bandejas de docinhos (duas de brigadeiro e uma de olhos de sogra). Não entendi, liguei pra ele e ele me disse que quando salvei a vida dele, ele havia me perguntado se eu gostava de doces, e eu respondi que sim, que gostava de bombons! BOMBONS! E por isso, e por não saber o que eram bombons, ele comprou docinhos como forma de agradecimento.

Claro que nem todos os homens são assim. Acho que os mais sensíveis e especiais não são... eles entendem bastante da alma feminina e de doces e chocolates, e fazem aquela decisão acima parecer bem mais idiota... ;)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

nhé.

Tem dias em que, na hora em que o despertador dá o primeiro pio, a gente sente que é um dia em que era melhor não levantar da cama.

Se você é autônomo, ou irresponsável, você faz isso. Nem precisa ler o horóscopo pra saber que sair da cama é uma má idéia, então obedece seus instintos, desliga o despertador e dorme.

Mas vamos supor que você seja nerd. Super responsável. Aquela criatura que não suporta decepcionar as outras criaturas. Então você pede pro seu instinto ficar quieto e levanta, toma banho, toma café e vai pro dia como se fosse um dia normal. Então, agora aguenta...

Acontecimentos peculiares, raros, estranhos e desagradáveis irão acontecer. Desde o trânsito até outras coisas chatas, irão acontecer. E se você for reclamar, cuidado. Nesses dias, por default, o errado é você. A chata é você. A fresca, é você. A antipática, e mal humorada, e azarada, e distraída, é você. Não reclame, ou a verdade sobre o seu pior lado vai lhe ser jogada na cara de um jeito inegável e indisfarçável. Você é horrível, desagradável, egoísta, e se faz de vítima a toa. Sinto muito, mas você é um saco. Agora pára de reclamar, assume que é tudo culpa sua, sorria e faça as coisas direito.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

L´amour...


Eu me amo! Você me ama?
Eu te amo! Você me ama?
Eu me amo! Você se ama?
Eu te amo! Voce se ama?

E eu nos amo! Você nos ama?
Nós te amamos? Nós me amamos?
Nós nos amamos?

Pra quantos lados se pode atirar o amor?
Parece que ele estica até o infinito sem diminuir na altura.

volume = a x b x h, sendo "a" a largura (direita-esquerda), "b" a profundidade (frente-trás) e "h' a altura, no eixo Z, pra cima e pra baixo até atravessar o centro da Terra e o pra cima e pra baixo trocarem de lugar, e além.

O amor tem volume infinito, estica pra sempre em "a" e "b" sem reduzir em "h", e vice-versa.
É assim, DESDE QUE você se ame a si mesmo, apesar do amor e desamor dos outros por você.

and keep walking...

Aniversário da pandemia!

  Brasil. Pandemia. Vai fazer um ano... um ano de isolamento. Um ano de crianças sem escola, um ano de homeoffice . Um ano agradecendo que n...