quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

E do mundo: Ponto pra política de cotas! (Elio Gaspari)

ELIO GASPARI

A política de cotas ganhou mais uma

A diferença entre a nota do cotista favorecido e a do candidato que perde a vaga é menor do que se supunha

NA ESSÊNCIA da política de cotas há um aspecto que exaspera seus adversários: um estudante que vai para o vestibular sem qualquer incentivo de ações afirmativas tira uma nota maior que o cotista e perde a vaga na universidade pública. Quem combate esse conceito em termos absolutos é contra a existência das cotas, cuja legalidade foi atestada pela unanimidade do Supremo Tribunal Federal e aprovada pelo Congresso Nacional (com um só discurso contra, no Senado). É direito de cada um ficar na sua posição, minoritária também nas pesquisas de opinião.

Uma coisa é defender as cotas quando a distância é pequena, bem outra seria admitir que um estudante que faz 700 pontos na prova deve perder a vaga para outro que conseguiu apenas 400. O que é diferença pequena? Sabe-se lá, mas 300 pontos seria um absurdo.

Os adversários das cotas previam o fim do mundo se elas entrassem em vigor. Os cotistas não acompanhariam os cursos, degradariam os currículos e fugiriam das universidades. Puro catastrofismo teórico. Passaram-se dez anos, e Ícaro Luís Vidal, o primeiro cotista negro da Faculdade de Medicina da Federal da Bahia, formou-se no ano passado e nada disso aconteceu. Havia ainda também as almas apocalípticas: as cotas estimulariam o ódio racial. Esse estava só na cabeça de alguns críticos, herdeiros de um pensamento que, no século 19, temia o caos social como consequência da Abolição.

Mesmo assim, restava a distância entre o beneficiado e o barrado. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais divulgou uma pesquisa que foi buscar esses números no banco de dados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Neste ano, as cotas beneficiaram 36 mil estudantes. Pode-se estimar que em 95% dos casos a distância entre a pior nota do cotista admitido e a maior nota do barrado está em torno de 100 pontos. Em 32 cursos de medicina (repetindo, medicina) a distância foi de 25,9 pontos (787,56 contra 761,67 dos cotistas).

O Inep listou as vinte faculdades onde ocorreram as maiores distancias. Num caso extremo deu-se uma variação de 272 pontos e beneficiou uns poucos cotistas indígenas no curso de história da Federal do Maranhão. O segundo colocado foi o curso de engenharia elétrica da Federal do Paraná, com 181 pontos de diferença. A distância diminui, até que, no 20º caso, do curso de ciências agrícolas de Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Federal do Rio Grande do Sul, ela ficou em 128 pontos.

Pesquisas futuras explicarão como funcionava esse gargalo, pois se a distância girava em torno de 100 pontos, os candidatos negros e pobres chegavam à pequena área, mas não conseguiam marcar o gol. É possível que a simples discussão das ações afirmativas tenha elevado a autoestima de jovens que não entravam no jogo porque achavam que universidade pública não era coisa para eles. Neste ano, 864.830 candidatos (44,35%) buscaram o amparo das cotas.

A política de cotas ocupou 12,5% das vagas. Num chute, pode-se supor que estejam em torno de mil os cotistas que conseguiram entrar para a universidade com mais de cem pontos abaixo do barrado, o que vem a ser um resultado surpreendente e razoável. O fim do mundo era coisa para inglês ver.

Vida real, vida virtual

Escrever...
às vezes tão necessário pra tirar o peso do mundo de dentro, e às vezes o peso do mundo é tão grande que não dá pra escrever.

A vida tem dado suas voltas. Tenho aprendido muito com ela.

Aprendido que por mais bem preparada e bem intencionada que uma pessoa possa ser, ainda assim as coisas fluirão melhor se ela não agir sozinha, se ela ouvir os outros.

Que o mundo não vai mesmo parar por causa dos meus momentos; que numa linha de produção, quanto mais rápido você apertar o parafuso mais parafusos vão querer que você aperte (ainda assim, não é bom que fiquemos tão lentos que nos tornemos dispensáveis).

Aprendido que muitoas vezes não vão me entender. Por mais que eu explique. Podem não me entender porque eu não sei explicar direito, porque nem eu me entendo, ou porque simplesmente o "eu" do outro é diferente do meu "eu", e não me apreende. E isso é normal.

Aprendi que a gente se cansa. E não só das coisas mundanas (acordar com despertador, tomar banho e comer correndo, pegar carro, ir para o trabalho, trabalhar trabalhar trabalhar, conversar, rir, comer, trabalhar trabalhar trabalhar, a senhora chata que berra ininterruptamente a um metro de mim, trânsito, comer, faculdade, ler), mas também das coisas de nossa cabeça (saudade da família, saudade do namorado, saudade das amigas, vontade de ficar a toa, vontade de ler outro livro, ansiedade pelas coisas inacabadas, ideia da necessidade dos exercícios físicos, nossas neuras). A gente se cansa de falar, se cansa de pensar, de cansa de ouvir, de enxergar, de mastigar, de esperar. E tem ainda o futuro!!! O futuro, onde tenho ainda mil horas de trânsito, milhares de despertadores tocando, milhões de mastigadas (comer é bom, mas ter de comer várias vezes todo dia cansa!), médicos, resfriados, mudanças, natais, decidir férias, discutir com chefe, amanhã, amanhã, amanhã...

E como é que descansa???

Cadê o tempo?

Aprendi também que todos temos nossos nós. E que a vida vai fazer você se enganchar neles várias vezes, em diversos diferentes momentos, e mesmo quando você acha que já o desatou ele dá a volta e te pega em outro lado. E que se você não percebe seus próprios nós, fica achando que os outros é que são embaraçados demais.

Não é só isso, nunca é, mas por agora deu.

Aniversário da pandemia!

  Brasil. Pandemia. Vai fazer um ano... um ano de isolamento. Um ano de crianças sem escola, um ano de homeoffice . Um ano agradecendo que n...