sexta-feira, 25 de maio de 2012

E só pra reforçar: Marcha das Vadias!

Irei.
Se sou vadia?
Quem é vadia?
Eu sou mulher. Eu sou contra a associação mulher e objeto. Eu sou contra viver com medo. Eu sou contra o uso do corpo feminino pra vender cervejas, carros, programas televisivos.
Eu sinto raiva quando ouço comentários do tipo "pra quem ela deu pra conseguir subir na carreira?", como se a incompetência feminina fosse uma premissa básica, e o único atributo que as mulheres dispõe para se colocar no mundo fossem suas genitálias,seios e coxas.

Enquanto uma mulher for maltratada ou humilhada ou chamadade vadia só por ser mulher, somos todas vadias. Eu sou vadia.

Nos encontramos na marcha amanha!

Um não-samba para uma sexta

Hoje é sexta-feira, e eu queria saber fazer samba.

Bate à porta da minha cabeça toda uma vontade, uma inspiração, um batuque pronto, mas eu não consigo atender, não consigo entender, eu que não sei fazer samba. Um samba pra sexta, um samba dos bons, que vai morrer mudo por bater na porta errada...

Pobre samba que ninguém conhecerá, que nunca será cantado, que nunca sera sambado, que nunca embalará um coração. Pobre samba meu, que por ser meu nunca será, eu que nunca aprendi a fazer samba.

Ele insiste, bate, e eu ofereço: "queres um desenho? Isso posso tentar fazer, estou enferrujada, mas posso tentar te desenhar! Quer??"

Tiquidum, tiquidum, squindô - o que isso quer dizer? Eu não entendo! Eu que já ouvi tantos sambas ainda não aprendi a lingua com que os sambas falam, não sei ouvir direito, eu que nem sei sambar!!!

Meu amor ao samba é um amor que se regala dos sambas escritos, aqueles que bateram às portas das cabeças corretas, que viraram música nas mãos e vozes de tanta gente boa... Meu amor ao samba se satisfez ontem de ouvir um samba de Chico Buarque (que é o toque do meu celular) sendo cantado pelo grande Zeca Pagodinho.

Meu amor ao samba vive do samba dos outros, um amor parasita, um tipo de amor que é pobre e às vezes nem é honesto (vivao Chico!)...

Dedico então a esse batuque pronto que errou de porta o samba que me alegrou ontem, um samba que é a cara do meu amor pelo samba:

Amor Barato
Chico Buarque

"Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar nosso amor
Modesto

Um tipo de amor
Que é de mendigar cafuné
Que é pobre e às vezes nem é
Honesto

Pechincha de amor
Mas que eu faço tanta questão
Que se tiver precisão
Eu furto

Vem cá, meu amor
Aguenta o teu cantador
Me esquenta porque o cobertor é curto

Mas levo esse amor
Com o zelo de quem leva o andor
Eu velo pelo meu amor
Que sonha

Que enfim, nosso amor
Também pode ter seu valor
Também é um tipo de flor
Que nem outro tipo de flor

Dum tipo que tem
Que não deve nada a ninguém
Que dá mais que maria-sem-vergonha

Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar nosso amor
Barato

Um tipo de amor
Que é de esfarrapar e cerzir
Que é de comer e cuspir
No prato

Mas levo esse amor
Com zelo de quem leva o andor
Eu velo pelo meu amor
Que sonha

Que, enfim, nosso amor
Também pode ter seu valor
Também é um tipo de flor
Que nem outro tipo de flor

Dum tipo que tem
Que não deve nada a ninguém
Que dá mais que maria-sem-vergonha"

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Marcha das Vadias - 26/5/2012 - Eu vou!

"No dia 26 de maio, as 13h, no Conic, acontecerá a segunda Marcha das Vadias em Brasília. Leia o manifesto das vadias do DF para entender porque marchamos.

Vamos tod@s marchar?

Confirme presença no FB: https://www.facebook.com/events/344865505579051/
Página do FB: https://www.facebook.com/marchadasvadiasdf
Campanha fotográfica completa: http://feministaporque.tumblr.com/
Blog: www.marchadasvadiasdf.wordpress.com



Manifesto 2012 – Por que marchamos?

Carta Manifesto da Marcha das Vadias/DF 2012

Por que marchamos?

Em 2011, fomos duas mil pessoas marchando por uma sociedade sem violência contra a mulher. No DF, marchamos porque houve cerca de 684 inquéritos policiais em crimes de estupro – uma média de duas mulheres violentadas por dia -, e sabemos que ainda há várias mulheres e meninas abusadas cujos casos desconhecemos. Marchamos porque muitas de nós dependemos do precário sistema de transporte público do Distrito Federal, que nos obriga a andar longas distâncias sem qualquer segurança ou iluminação para proteger as várias mulheres que são abusadas sexualmente ao longo desses trajetos.

Dia 26 de maio deste ano, continuaremos marchando porque, no Brasil, aproximadamente 15 mil mulheres são estupradas por ano e, mesmo assim, nossa sociedade acha graça quando um humorista faz piada sobre estupro. Marchamos porque o nosso Superior Tribunal de Justiça inocentou um homem que estuprou três meninas de 12 anos alegando que elas já se prostituíam, culpabilizando as vítimas, ignorando sua situação de vulnerabilidade e negando a falência do próprio Estado, incapaz de garantir uma vida digna para que meninas tão novas não fossem levadas a serem exploradas sexualmente. Marchamos porque vivemos em uma sociedade onde homens são capazes de planejar e executar um estupro coletivo de seis mulheres como “presente de aniversário”. Marchamos pelo direito ao aborto legal e seguro, porque não queremos Legislativo, Judiciário ou Executivo interferindo em nossos úteros para nos dizer que um aborto é pior que um estupro. Marchamos principalmente para que as mulheres pobres, que abortam em condições desumanas, não continuem sendo criminalizadas e levadas à morte pela negligência e perseguição do Estado, como no caso recente em que o Tribunal de Justiça de São Paulo levará uma mulher acusada de aborto a Juri Popular a pedido do Ministério Público. Marchamos porque o Brasil ocupa, vergonhosamente, o 7 º lugar em homicídio de mulheres e porque, a cada 15 segundos lendo este Manifesto, uma mulher é agredida em algum canto do país.

Continuaremos marchando porque nos colocam rebolativas e caladas como mero pano de fundo em programas de TV nas tardes de domingo e utilizam nossa imagem semi-nua para vender cerveja, vendendo a nós mesmas como mero objeto de prazer e consumo dos homens. Continuaremos marchando porque vivemos em uma cultura patriarcal que aciona diversos dispositivos para reprimir a sexualidade da mulher, nos dividindo em “santas” e “putas”, e a mesma sociedade que explora a publicização de nossos corpos – voltada ao prazer masculino – se escandaliza quando mostramos o seio em público para amamentar nossas/os filhas e filhos. Continuaremos marchando porque mulheres ainda são minoria em cargos de poder e recebem em média 70% do salário dos homens. Continuaremos marchando porque há trabalhos desempenhados por uma maioria feminina que não são reconhecidos, nem dotados de valor econômico, porque as trabalhadoras domésticas são invisibilizadas, exploradas, discriminadas e não têm assegurados alguns dos direitos fundamentais mais básicos do trabalho. Continuaremos marchando porque prostitutas fazem parte do funcionamento de uma sociedade machista e hipócrita que, ao mesmo tempo em que se utiliza de seus corpos, insiste em negar suas cidadanias.

Marchamos contra o racismo porque durante séculos nós, mulheres negras, fomos estupradas e, hoje, empregadas domésticas são violentadas, assim como eram as mucamas. Marchamos pelas crianças negras que são hostilizadas pela cor de sua pele, por seus cabelos crespos e são levadas a negar suas identidades negras desde a infância, impelidas a aderir ao padrão de beleza racista vigente. Marchamos porque nossa sociedade racista prega que as mulheres negras são “putas” por serem negras, tratando-nos como mulas, mulatas e objetos de diversão, desprovidas de dor e pudor. Marchamos porque nós negras vivenciamos desprezo e desafeto reduzindo nossas possibilidades afetivas; “Vadia” enquanto estigma recai especialmente sobre nós negras, por isto marchamos em repúdio a esta classificação preconceituosa e discriminatória de nosso pertencimento étnico-racial.

Marchamos pela saúde das mulheres negras, porque temos menos acesso aos serviços de saúde, porque nos negam pré-natais, cesarianas e anestesias por acreditarem que somos animais e não sentimos dor, porque sofremos tentativas de extermínio ao sermos submetidas a esterilizações cirúrgicas sem nosso consentimento, porque somos as que mais morremos em virtude de abortos clandestinos e de complicações no parto, porque nos oferecem atendimento inadequado por terem nojo de nossos corpos negros. Marchamos pelas cotas raciais nas universidades públicas, porque temos menos acesso à informação e ao ensino superior e queremos ser mestras, doutoras e ter autoridade do argumento para escrever nossas próprias histórias. Marchamos para exigir providências contra as ameaças dirigidas a nós da Marcha das Vadias e às/os estudantes da Universidade de Brasília, proferidas por grupos de ódio que insultam mulheres, negros/as e homossexuais. Marchamos porque não vamos deixar que o medo nos silencie.

Marchamos também porque nós, mulheres indígenas, lideramos os índices de mortalidade materna e há mais de quinhentos anos sofremos agressões e estupros como arma do genocídio social e cultural de nossos povos. Marchamos porque mulheres e meninas indígenas têm suas necessidades específicas ignoradas pelo governo, que negligencia o fato inaceitável de que, no mundo, uma em cada três indígenas é estuprada durante a vida e que, no Brasil, muitas mulheres e meninas indígenas são levadas à prostituição e ao trabalho escravo pela condição de extrema pobreza em que vivem.

No mundo, marchamos porque desde muito novas somos ensinadas a sentir culpa e vergonha pela expressão de nossa sexualidade e a temer que homens invadam nossos corpos sem o nosso consentimento; marchamos porque muitas de nós somos responsabilizadas pela possibilidade de sermos estupradas, quando são os homens que devem ser ensinados a não estuprar; marchamos porque mulheres lésbicas de vários países sofrem o chamado “estupro corretivo” por parte de homens que se acham no direito de puni-las para corrigir o que consideram um desvio sexual. Marchamos porque, como reflexo desse cenário de opressão e subordinação, 70% das mulheres com deficiência intelectual, como a síndrome de down, já sofreram abuso sexual, cometido muitas vezes por seus próprios cuidadores e/ou familiares. Marchamos porque ontem um pai abusou sexualmente de uma filha, porque hoje um marido violentou a esposa e, nesse momento, várias mulheres e meninas estão tendo seus corpos invadidos por homens aos quais elas não deram permissão para fazê-lo. Marchamos porque há poderes institucionalizados que banalizam todas essas violências, porque o Estado não toma todas as medidas necessárias para prevenir as nossas mortes e porque estamos cansadas de sentir que não podemos fazer nada por nossas irmãs agredidas e mortas diariamente.

Mas podemos.

Já fomos chamadas de vadias porque usamos roupas curtas, já fomos chamadas de vadias porque transamos antes do casamento, já fomos chamadas de vadias por simplesmente dizer “não” a um homem, já fomos chamadas de vadias porque levantamos o tom de voz em uma discussão, já fomos chamadas de vadias porque não seguimos o que a sociedade ou a nossa família esperava de nós, já fomos chamadas de vadias porque andamos sozinhas à noite e fomos estupradas, já fomos chamadas de vadias porque ficamos bêbadas e sofremos estupro enquanto estávamos inconscientes, por um ou vários homens ao mesmo tempo, já fomos chamadas de vadias quando torturadas e curradas durante a Ditadura Militar e em todos os regimes carcerários antes e depois disso. Já fomos e somos diariamente chamadas de vadias apenas porque somos MULHERES.

Mas, hoje, marchamos mais uma vez para dizer que não aceitaremos que palavras e ações sejam utilizadas para nos agredir. Nenhuma palavra mais vai nos parar, impedir, restringir ou dividir, pois os direitos das mulheres são de todas. Enquanto, na nossa sociedade machista, algumas forem invadidas e humilhadas por serem consideradas vadias, TODAS NÓS SOMOS VADIAS. E somos todas santas, e somos todas fortes, e somos todas livres para ser o que quisermos! Somos livres de rótulos, de estereótipos e de qualquer tentativa de opressão masculina à nossa vida, à nossa sexualidade e aos nossos corpos. Estar no comando de nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo para uma expectativa de violência, e por isso somos solidárias a todas as mulheres estupradas em qualquer circunstância, porque tiveram seus corpos invadidos, foram agredidas e humilhadas, tiveram sua dignidade destroçada e muitas vezes foram culpadas por isso. O direito a uma vida livre de violência, o direito à expressão da própria sexualidade e a autonomia sobre o próprio corpo são alguns dos direitos mais básicos de toda mulher, e é pela garantia desses direitos fundamentais que marchávamos há um ano, marchamos hoje e marcharemos até que todas sejamos livres.

Marcharemos para que não restem dúvidas de que nossos corpos são nossos, não de qualquer homem que nos assedia na rua, nem dos nossos pais, maridos ou namorados, nem dos pastores ou padres, nem dos Congressistas, nem dos médicos ou dos consumidores. Nossos corpos são nossos e vamos usá-los, vesti-los e caminhá-los por onde e como bem entendermos. Livres de violência, com muito prazer e respeito!

Negras, brancas, indígenas, estudantes, trabalhadoras, prostitutas, camponesas, transgêneras, mães, filhas, avós. Somos de nós mesmas, somos todas mulheres, somos todas vadias!

carta manifesto: http://marchadasvadiasdf.wordpress.com/manifesto-2012-por-que-marchamos/
"

domingo, 20 de maio de 2012

Política de uma nota só - Safatle

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/politica-de-uma-nota-so/
Política

(sem comentários meus, é tudo dele...)

Vladimir Safatle
Coluna
02.05.2012 09:28
Política de uma nota só

Há várias maneiras de despolitizar uma sociedade. A principal delas é impedir a circulação de informações e perspectivas distintas a respeito do modelo de funcionamento da vida social. Há, no entanto, uma forma mais insidiosa. Ela consiste em construir uma espécie de causa genérica capaz de responder por todos os males da sociedade. Qualquer problema que aparecer será sempre remetido à mesma causa, a ser repetida infinitamente como um mantra.

Isto é o que ocorre com o problema da corrupção no Brasil. Todos os males da vida nacional, da educação ao modelo de intervenção estatal, da saúde à escolha sobre a matriz energética, são creditados à corrupção. Dessa forma, não há mais debate político possível, pois o combate à corrupção é a senha para resolver tudo. Em consequência, a política brasileira ficou pobre.

Não se trata aqui de negar que a corrupção seja um problema grave na vida nacional. É, porém, impressionante como dessa discussão nunca se segue nada, nem sequer uma reflexão mais ampla sobre as disfuncionalidades estruturais do sistema político brasileiro, sobre as relações promíscuas entre os grandes conglomerados econômicos e o Estado ou sobre a inexistência da participação popular nas decisões sobre a configuração do poder Judiciário.

Por exemplo, se há algo próprio do Brasil é este espetá-culo macabro onde os escândalos de corrupção conseguem, sempre, envolver oposição e governo. O que nos deixa como espectadores desse jogo ridículo no qual um lado tenta jogar o escândalo nas costas do outro, isso quando certos setores da mídia nacional tomam partido e divulgam apenas os males de um dos lados. O chamado mensalão demonstra claramente tal lógica. O esquema de financiamento de campanha que quase derrubou o governo havia sido gestado pelo presidente do principal partido de oposição. Situação e oposição se aproveitaram dos mesmos caminhos escusos, com os mesmos operadores. Não consigo lembrar de nenhum país onde algo parecido tenha ocorrido.

Uma verdadeira indignação teria nos levado a uma profunda reforma política, com financiamento público de campanha, mecanismos para o barateamento dos embates eleitorais, criação de um cadastro de empresas corruptoras que nunca poderão voltar a prestar serviços para o Estado, fim do sigilo fiscal de todos os integrantes de primeiro e segundo escalão das administrações públicas e proibição do governo contratar agências de publicidade (principalmente para fazer campanhas de autopromoção). Nada disso sequer entrou na pauta da opinião pública. Não é de se admirar que todo ano um novo escândalo apareça.

Nas condições atuais, o sistema político brasileiro só funciona sob corrupção. Um deputado não se elege com menos de 5 milhões de reais, o que lhe deixa completamente vulnerável -para lutar pelos interesses escusos de financiadores potenciais de campanha. Isso também ajuda a explicar porque 39% dos parlamentares da atual legislatura declaram-se milionários. Juntos eles têm um patrimônio declarado de 1,454 bilhão de reais. Ou seja, acabamos por ser governados por uma plutocracia, pois só mesmo uma plutocracia poderia financiar campanhas.

Mas como sabemos de antemão que nenhum escândalo de corrupção chegará a colocar em questão as distorções do sistema político brasileiro, ficamos sem a possibilidade de discutir política no sentido forte do termo. Não há mais dis-cussões sobre aprofundamento da participação popular nos processos decisórios, constituição de uma democracia direta, o papel do Estado no desenvolvimento, sobre um modelo econômico realmente competitivo, não entregue aos oligopólios, ou sobre como queremos financiar um sistema de educação pública de qualidade e para todos. Em um momento no qual o Brasil ganha importância no cenário internacional, nossa contribuição para a reinvenção da política em uma era nebulosa no continente europeu e nos Estados Unidos é próxima de zero.

Tem-se a impressão de que a contribuição que poderíamos dar já foi dada (programas amplos de transferência de renda e reconstituição do mercado interno). Mesmo a luta contra a desigualdade nunca entrou realmente na pauta e, nesse sentido, nada temos a dizer, já que o Brasil continua a ser o paraíso das grandes fortunas e do consumo conspícuo. Sequer temos imposto sobre herança. Mas os próximos meses da política brasileira serão dominados pelo duodécimo escândalo no qual alguns políticos cairão para a imperfeição da nossa democracia continuar funcionando perfeitamente.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

ôooo atraso...

17/05/2012 - ou será 1612???

Homossexualidade é ilegal em 78 países e punida com pena de morte em 5

Por ocasião do Dia Internacional contra a Homofobia, as organizações defensoras dos direitos das minorias sexuais alertam nesta quinta-feira (17) sobre a persistência da discriminação e da violência contra homossexuais pelo mundo, opção sexual ilegal em 78 países e punida com pena de morte em cinco.

Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais (ILGA) divulgou nesta semana em Genebra um relatório sobre a situação da homossexualidade que revela que dez países permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo e 12 admitem a adoção de filhos por parte de casais.

Irã, Arábia Saudita, Iêmen, Mauritânia e Sudão penalizam a homossexualidade com pena de morte, o que ocorre também em algumas regiões do norte da Nigéria e do sul da Somália.

A Europa é a região onde os direitos dos homossexuais são mais atendidos, na América Latina o maior problema é a violência --pois a maioria de países não conta com legislação que proíba a homofobia--, enquanto metade dos países da Ásia ainda criminaliza a homossexualidade.

Nos Estados Unidos, onde os ativistas consideraram um grande avanço o recente pronunciamento do presidente Barack Obama em favor de casamento homossexual, foram convocados atos de protesto. O apoio de Obama ao casamento gay levou o debate ao centro da campanha eleitoral no país, já que seu provável rival republicano, Mitt Romney, se opõe à união entre pessoas do mesmo sexo.

Em Cuba, o Dia contra a Homofobia é lembrado com atos que começaram no último dia 8 com atividades acadêmicas, educativas, artísticas e eventos públicos e a já tradicional "conga" contra a homofobia realizada nas ruas de Havana no sábado passado.

A iniciativa é promovida desde 2007 pelo Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex), dirigido por Mariela Castro, filha do presidente cubano Raúl Castro, como parte de sua campanha para sensibilizar sobre o respeito à diversidade sexual.

A Sociedade de Integração Gay Lésbica Argentina (Sigla) se manifestará em frente ao Ministério da Educação, em Buenos Aires, enquanto outros grupos como a Comunidade Homossexual Argentina (CHA) apoiará guias escolares --a Argentina foi o primeiro país da América a autorizar o casamento homossexual em 2010.

Na Europa, e especificamente no Reino Unido, foram convocados para hoje 150 atos para celebrar a data, nos quais se incluem protestos contra a situação dos homossexuais em outros países como Irã e Nigéria.

Em Paris, a associação Osez Le Féminisme pretendia organizar um "flash-mob Kiss-in" de mulheres contra a discriminação de lésbicas, em uma praça próxima ao centro Pompidou. Com o beijo público entre mulheres, a associação pretende chamar a atenção sobre "a violência especificamente dirigida contra as mulheres por ocasião de sua homossexualidade".

Entre os eventos previstos na capital alemã, está uma maratona de beijos "Kiss.In" sob o lema "Homofobia, um perigo para nossa juventude. Contra a banalização da violência contra homossexuais e transexuais".

Na Rússia, os índices de homofobia são alarmantes. Cerca de 45% dos russos dizem ter emoções negativas ao lidar com homossexuais, segundo uma pesquisa publicada nesta quinta-feira por ocasião da data. A Prefeitura de Moscou cogita negar autorização para a realização de duas manifestações de orgulho gay no centro da capital russa nos próximos dias 26 e 27.

A África do Sul é a exceção africana no reconhecimento dos direitos da comunidade gay, em um continente onde a homossexualidade é proibida em cerca de 30 países e punida com a prisão em muitos deles. A Constituição sul-africana de 1996 é uma das mais avançadas da África e reconhece o direito de união civil de casais do mesmo sexo.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

diálogo de gênero

Pessoa: to pensando em você ultimamente
(que frase bizarra, né?)

eu: é
explique-se
rs

Pessoa: ando incomodado com a objetificacao feminina na midia

eu: bem vindo ao clube

Pessoa: fui ver uma foto agora
'neymar recebe seu premio
vou ate te mostrar a foto

eu: uma vez q a gente percebe, depois parece q nunca mais passa batido

Pessoa: eu sempre percebi
o problema é o exagero

eu: cade a foto?

Pessoa: essa é a foto do Neymar recebendo o prêmio
http://p2.trrsf.com.br/image/fget/cf/619/464/img.terra.com.br/i/2012/05/15/2337596-1799-rec.jpg

eu: nossa, realmente exageraram

Pessoa: e pior que isso
é ler sobre esportes femininos
e todas as noticias ser sobre musas
to incomodado
vou virar feminista

eu: =)

Pessoa: tem muita frescura e gritaria
mas o pessoal anda exagerando

eu: a sociedade do espetáculo

Pessoa: to meio incomodado por essa hipersexualização

eu: acho q o incômodo vem da desumanização

Pessoa: eu me sinto desumanizando elas
de uma forma diferente
nao como pedaços de carne
como, sei la
lixo
tipo, por que ela ta ali se prestando a ser uma bunda?
imagino que você se incomode com isso também

eu: sim

Pessoa: todo mundo perde com esse tipo de atitude
e ela tem culpa, nao é só a sociedade disso ou daquilo

eu: acho que é uma coisa meio complexa
a época q vivemos
hiperexposição em facebook e coisas do tipo

Pessoa: a sociedade se alimenta de gente assim
se não tivesse, teriam que dar outro jeito

eu: ela tem uma certa culpa, óbvio
você tem, em português, uma meia dúzia de jeitos de agradecer
aí cabe a cada um escolher entre a meia dúzia
o seu jeito de agradecer
nossa "liberdade" é escolher entre opções limitadas... você não pode, por exemplo, agradecer um favor dizendo “porco”, ou “afunda”, ou “jameliuciu”, porque não será compreendido e sua fala perde o sentido.

Pessoa: você pode não ser um objeto

eu: se não se consumisse imagens de corpos feminino, não haveria porque expô-los
mesmo assim, nem todas as mulheres tem interesse em expor seu corpo
é apenas uma das opções q a sociedade dá

Pessoa: ok, mas eu te digo o contrario
se não houvesse imagens de corpos femininos, não haveria o que expor

eu: antigamente, antes de tv e internet, mas já com imprensa gráfica
na época em que havia um abismo entre as esposas e as putas
já havia o desejo por consumo de imagens de corpos nus
acho que sempre houve, e talvez Freud estivesse certo, é a libido que move o homem (ser humano) e o mundo
o que mudou é q não tem mais abismo, é tudo muito sutil

Pessoa: ok
eu concordo
mas haver o desejo não obriga ninguém a realizá-lo

eu: e o acesso às imagens cresceu demais

Pessoa: esse é meu ponto

eu: mas aí é que acho que entra a hiperexposição, a tal da sociedade do espetáculo
as pessoas estão mais carentes do olhar do outro
mais descentradas, mais ocas
têm menos princípios e coisas que acreditam e defendem
o sucesso do facebook deve vir disso

Pessoa: mas isso é irônico
ao mesmo tempo que ela tem o olhar do outro
ela não tem
ninguém sabe que é ela, quem é ela

eu: a pessoa precisa do olhar do outro, e expor o corpo é uma das formas de ser admirada, de existir

Pessoa: perfeitamente substituível

eu: mas por alguns segundos é ela ali
é como postar no facebook ou twitter
você escreve, daqui a 5 minutos milhões de outros já escreveram e o que você escreveu nem existe mais pra ninguém
mas por alguns segundos as pessoas te viram
curtiram, e você existiu pra elas
depois cai no esquecimento, tanto faz quem escreveu o que

Pessoa: essa menina da foto existiu?
quem é ela?

eu: ela é pra sempre a bunda na foto com o Neymar
e pra ela isso pode ser muito

Pessoa: ela é uma bunda

eu: sim
tinha uma moça de branco numa festa que fui na sexta
uns 40 anos, mega bronzeada, mega malhada, a típica “gostosona”
num vestido bem curto, bem justo, e branco, meio que pra destacar mesmo o bronzeado
senti ago parecido, um certo incômodo
mas pensei que é justo que as pessoas sejam reconhecidas pelo que prezam em si, pelo que se esforçam em melhorar, em ser boas, pelo que valorizam
pra mim é triste que as pessoas prezem mais o corpo do que o "espírito"
mas isso é minha visão dualista e parcial

Pessoa: sim
boa sua frase ali, é justo mesmo
melhor deixar esse pessoal fazer o que acha certo

eu: enfim, eu, particularmente, odeio essa objetificação da mulher
acho mesmo que as mulheres têm de se conscientizar e que é delas que deve partir um "basta" pra essa merda toda

Pessoa: eu to pensando em mim aqui
não to pensando nela, que ta feliz, se sentindo desejada
ganhando uma grana
ou sei lá o que

eu: acho que meu incômodo é realmente pela desumanização
e porque ela é da minha "classe" enquanto mulher

Pessoa: ela definitivamente não é da sua classe

eu: sabe quando alguém da sua profissão faz uma merda muito grande
e você se envergonha de ser daquela profissão, ou tem raiva do fulano por denegrir a imagem de toda uma classe?
Pessoa: eu vejo algumas pessoas com a quais não consigo ver qualquer traço de semelhança
é, tem gente que faz isso, sei como é
comigo não funciona muito assim

eu: minha raiva é meio disso

Pessoa: entendo
faz sentido

eu: porque ela denigre o "ser mulher"

Pessoa: imagino uma certa vergonha
alheia
ou não

eu: e autoriza, mesmo inconscientemente, que algum homem ache que pode me olhar como quem vê um bife

Pessoa: é a outra parte chata da situação
o homem que acha que mulher é pra sexo
e que a não-gostosa não serve pra nada
um grupo de pessoas que também anda me incomodando bastante, e que eu já não tolero como um dia fiz

eu: cada mulher que vai expor o corpo no Faustão, zorra total, programa do gugu, luta de boxe, clip de rap
ela está atuando como mantenedora dessa imagem deque mulher é consumível
ela ta fazendo mal a toda a sociedade
mas as pessoas não são ensinadas a pensar na conseqüência dos seus atos, além de seus umbigos
homem que consome mulher
e mulher que se faz objeto consumível
são alguns dos produtos da nossa sociedade
algumas das opções possíveis de se ser nesse mundo

Pessoa: minha solução vem sendo me alijar desse pessoal
me entristece e me incomoda
nao consigo mais
culpa sua

eu: rs
fico honrada de ter culpa


queria baixar uma lei pra eliminar essa profissão
seja lá o nome que ela tiver
de mulher como cenário e decoração
to aprendendo aqui na educação financeira
tem coisa que é na base da educação, que é demorada e traz crescimento
tem coisa que é na base da regulação, proibe e ponto final
resolve instantaneamente

Pessoa: hehe
elas tem que ganhar dinheiro, ne
eu que nao vou sustentar

eu: o povo fica meio revoltado, não estava intelectualmente preparado
mas f@da-se
e minha intenção não é começar a termos homens pelados lá
pra dizer q a sociedade está mais igualitária
não é copiando a merda pro outro lado q o problema se resolve
mas eu não quero ser totalitária
nem reinstaurar a censura

Pessoa: quer sim
pode falar a verdade

eu: então tem de ser pela educação mesmo
é, querer eu até quero, mas acho q não devo e nem posso
mas
vou pra academia
pra encarar um vestido mais justo q a vida um dia, quem sabe, kkkk

Pessoa: hehe
voce está reforçando um estereotipo!

eu: é, também sou fruto dessa sociedade
usar uma bota roxa é o que consigo fazer pra contrariar

Pessoa: é
não deu muito certo

eu: foi, ninguém se sentiu contrariado
mas ouvi coisas como: que legal você ter coragem!
é isso
é preciso mais coragem pra usar uma bota roxa do que pra sair com a bunda de fora
esse é o retrato da nossa era

Pessoa: ainda bem
prefiro bundas a botas roxas
se tiver que escolher

eu: você ajuda a estragar o mundo

Pessoa: um mundo de gente usando roxo por ai não é meu mundo
heheh

eu: eu iria gostar...

terça-feira, 15 de maio de 2012

Se for cumprimentar...

Eu sou brasiliense, no que isso tem de bom e de ruim.

Se você estudou comigo há três anos atrás, nunca fomos bons amigos, independente de você querer ou não me adicionar no facebook, e você me encontra na rua e não me cumprimenta, eu juro: não fico magoada! Eu nem me incomodo, sério mesmo. Vou achar estranho se você tiverme adicionado no face, pensarei em te excluir, mas talvez nem faça isso... sem ressentimentos!

Mas aí você decide me cumprimentar... então preciso ser sincera agora:

- se for apertar minha mão, que o aperto seja firme. Na verdade, tenho algo a informar às pessoas que cumprimentam "com mão frouxa": NINGUÉM gosta. Gente, parece que tá com nojo, que queria cumprimentar mas mudou de ideia no meio do caminho e era tarde demais pra voltar atrás, parece descaso, sei lá, é HORRÍVEL!

- se for abraçar, abrace direito. Vou ensinar como faz (dizem que sou boa nisso): ó, você chega perto da pessoa mesmo, coração com coração, barriga com barriga, os braços têm de apertar a outra pessoa um pouquinho, deixando claro que você quer abraçar a pessoa (afinal, é isso que você está fazendo). E nada de pressa louca pra largar. Coisa frustrante é aquela pessoa que acha que abraço é um aperto rápido, aí te aperta e empurra pra longe com o ombro, dá vontade de dar um cascudo (mas claro que não se faz isso, porque normalmente as pessoas que fazem isso estão passando a mensagem que não conseguem ficar nem mais um segundo abraçada com você, que estão incomodadas, que nem gostam de você tanto assim... é como o aperto frouxo de mão, parece que mudou de ideia no meio do caminho, e nada a ver gastar cascudos com pessoas tão pouco íntimas).

- se for dar beijinhos, um, dois ou três, permita-se ENCOSTAR a bochecha ou os lábios na bochecha alheia (mas não precisa babar). Aquele beijinho de madame, a centímetros de distância, é FEIO e de péssima educação.

- se for desejar bom dia, de preferência emende um sorriso. Dar bom dia de cara fechada é sinal de que deu por obrigação, que na verdade nem se importa com a pessoa ou com o dia dela, que tudo vá pro beleléu que você não liga lhufas.


Mas aí você me diz: não quero, não gosto não consigo. Não quero apertar forte a mão, não gosto desse tipo de contato. Nem vou abraçar, muito menos dar beijinho, eu realmente não quero esse tipo de contato físico com vossa pessoa.

Okey, é um direito seu.

Façamos então uma trégua: você quer me cumprimentar, então basta dizer "oi" e dar um sorriso.

Sem nenhum contato físico.

Sem nenhuma outra convenção social que te constranja ou me faça te achar um nojento.

Ou então nem precisa falar comigo. Juro que assim não te acharei um mal educado.

Feito?

terça-feira, 8 de maio de 2012

"Masculinismo"


E então hoje dou de cara com isso:

"Militantes do 'masculinismo' dizem que é hora de defender direitos dos homens
Tom de Castella

BBC News Magazine

Atualizado em 7 de maio, 2012 - 15:07 (Brasília) 18:07 GMT

Militantes que defendem os direitos dos homens argumentam com cada vez mais veemência que a discriminação contra o homem está aumentando. Quem são esses ativistas?

Há décadas, grupos feministas fazem campanha por mais direitos para as mulheres. Como resultado, a discriminação contra a mulher vem sendo rigorosamente questionada - ao menos em países ocidentais.

Muitos deles dizem também que a mídia permite que mulheres transformem homens em objetos e os ridicularizem de uma forma que seria impensável se os papéis fossem invertidos.

Guarda dos Filhos-

Entre os defensores dessas ideias está o professor de filosofia David Bernata, da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul.

No polêmico The Second Sexism (O Segundo Sexismo, em tradução livre), Bernata argumenta que, em todo o mundo, homens correm mais riscos de serem forçados a fazer serviço militar, serem alvo de violência, perderem a guarda de seus filhos e cometerem suicídio.

As leis que regulam os direitos sobre a guarda dos filhos são talvez o alvo mais conhecido das atividades dos militantes pelos direitos dos homens.

Na Grã-Bretanha, imagens de homens divorciados vestidos de super-heróis escalando prédios em Londres foram destaque na mídia em anos recentes.

"Quando o homem é o principal responsável por cuidar das crianças, suas chances de obter a guarda dos filhos são menores do que quando a mulher é a principal responsável", diz Bernata.

"Mesmo quando o caso (pedido de custódia pelo homem) não é contestado pela mãe, ele ainda tem menos chances de obter a guarda do que quando o pedido da mulher não é contestado."

Educação-

Os ativistas afirmam ainda que a educação é mais uma área onde os homens estão ficando para trás.

Em 2009, exames feitos pelo Programme for International Student Assessment, um programa internacional de avaliação de estudantes, revelaram que, em todos os países industrializados, os homens estão em média um ano atrás das mulheres em alfabetização.

Exemplos de Movimentos 'Masculinistas'
Grupo britânico Fathers 4 Justice (Pais por Justiça) faz campanha pelos direitos de divorciados de ter acesso aos filhos.
Organização americana National Coalition for Men (Coalizão Nacional para os Homens) conscientiza o público sobre as formas como a discriminação entre os sexos afeta homens e meninos.
Entidade indiana Save Indian Family Foundation (Fundação Salve a Família Indiana) oferece suporte a homens que são vítimas de acusações falsas feitas por mulheres.
O levantamento também concluiu que a maioria dos estudantes em cursos de graduação nas universidades hoje é composta por mulheres, segundo Bernata.

"Quando as mulheres são pouco representadas entre presidentes de companhias, isso é considerado discriminação. Mas quando meninos ficam para trás na escola, quando 90% das pessoas em prisões são homens, ninguém pergunta se os homens estariam sofrendo discriminação."

"Se quisermos alcançar a igualdade entre os sexos, a discriminação contra os homens tem de ser levada tão a sério quanto a discriminação contra a mulher", argumenta o filósofo.

Em países desenvolvidos como a Grã-Bretanha, a igualdade de salários é o barômetro. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas do país, a discrepância salarial entre os sexos ainda é bastante pronunciada: advogadas ganham em média US$ 12 mil (R$ 23 mil) a menos do que advogados, presidentes de empresas ganham US$ 22 mil a menos do que seus equivalentes do sexo masculino e médicas ganham US$ 14 mil a menos do que médicos.

Mas esse quadro começa a mudar. No ano passado, a organização que controla admissões de estudantes em universidades britânicas concluiu que mulheres com idades entre 22 e 29 anos ultrapassaram os homens em salários pela primeira vez.

E uma pesquisa feita pelo Chartered Management Institute concluiu que gerentes do sexo feminino com idades entre 20 e 30 anos estão ganhando 2,1% a mais do que seus colegas do sexo masculino.

'Masculinismo' - Por tudo isso, ganha peso o argumento, entre alguns homens, de que eles precisam criar suas próprias estruturas de apoio.

A ONG The Men's Network (A Rede dos Homens), com sede na cidade inglesa de Brighton, tem como objetivo ajudar "todos os homens e meninos da nossa cidade a realizar ao máximo o seu potencial".

A campanha Movember, por exemplo, propõe que homens deixem a barba crescer durante um mês. Os idealizadores do movimento querem chamar a atenção para o fato de que doenças que afetam os homens, como cânceres da próstata e do testículo, não são levadas tão a sério como as que afetam mulheres.

Alguns argumentam que é hora de os homens criarem o equivalente masculino ao feminismo: o 'masculinismo'.

O fundador da International Association of Masculinists (Associação Internacional dos Masculinistas), o americano Aoirthoir An Broc, disse que há milhares de ativistas homens lutando contra as leis de divórcio indianas, que eles consideram desiguais.

"Desde o surgimento da pílula, as mulheres vêm ouvindo que podem e devem ter orgasmos. E porque não estão tendo, dizem que a culpa é do homem." Tom Martin, ativista britânico.


An Broc, um designer gráfico especializado em websites que vive em Cleveland, nos Estados Unidos, disse ter planos de fundar o primeiro abrigo para homens vítimas de violência doméstica no país.

Ele disse que existe uma presuposição de que as mulheres são sempre inocentes e de que os homens são sempre os agressores. Como resposta, ele criou o slogan "Todos os homens são bons" para combater a percepção negativa.

"Nós dizemos que todos os homens são homens, todos os homens são bons, todos os homens merecem amor e respeito independentemente de sua raça, sexualidade, religião. Não acreditamos em definições culturais dos homens", afirma.

Algumas das preocupações dos militantes pelos direitos dos homens são semelhantes às de militantes mulheres: a questão da imagem do corpo masculino é uma delas.

Eles dizem também que, enquanto o feminismo combate a discriminação contra as mulheres, conceitos ultrapassados em relação aos homens não são questionados.

O caso do ativista Tom Martin chamou a atenção da imprensa na Grã-Bretanha no ano passado após ele ter processado o Departamento de Estudos de Gênero da London School of Economics por discriminação sexual.

Ele diz que tornou-se um defensor radical dos direitos dos homens quando trabalhava em uma casa noturna no bairro boêmio do Soho, em Londres. "Eu via que os fregueses homens sofriam abusos o tempo todo."

Martin conta que os homens tinham de fazer fila e pagar para entrar enquanto as mulheres entravam de graça. Eles eram maltratados pelos seguranças, mas mulheres eram tratadas com respeito. Mas o pior, na opinião dele, é que as mulheres usavam os homens, convencendo-os a pagar bebidas para elas.

Quando o poder pertence às mulheres -
Na mitologia grega, as Amazonas eram uma raça de mulheres guerreiras.
No Estado de Meghalaya, na Índia, os direitos sobre riquezas e propriedades passam da mãe para a filha.
Na tribo Mosuo, na China, as mulheres determinam a linhagem da família e apenas as mulheres têm direito de receber heranças.
A etnia Minangkabau, na Indonésia, é matriarcal: as mulheres são donas de terras e de propriedades importantes.
No centro disso tudo, diz Martin, está o sexo. "Desde o surgimento da pílula, as mulheres vêm ouvindo que podem e devem ter orgasmos. E porque não estão tendo, dizem que a culpa é do homem."

Martin conclui que "cabe às mulheres sua satisfação sexual, isso não é responsabilidade do homem".

O psicólogo e escritor Oliver James, ex-consultor do Ministério do Interior britânico, acha que os homens estão se sentindo "ameaçados sexualmente".

Para ele, as mulheres hoje em dia não têm inibições em expressar suas expectativas sexuais em relação ao parceiro. E não hesitam em avaliar a performance sexual do homem em público.

Debate Antigo - Já as feministas, por sua vez, dizem que o movimento pelos direitos dos homens não traz novidades. "É o velho argumento de que o feminismo foi longe demais", diz a colunista do jornal britânico The Guardian, Suzanne Moore.

As discrepâncias salariais entre os sexos e o fato de que homens ainda dominam postos de liderança na vida pública mostram onde está a discriminação real, segundo ela.

Moore reconhece que há problemas na forma como meninos são educados mas diz que não se pode fazer "generalizações afirmando que todos os homens sofrem discriminação".

Kat Banyard, autora do livro The Equality Illusion (A Ilusão da Igualdade, em tradução livre), diz que os homens se enganam ao temer o feminismo quando, na verdade, o movimento oferece a eles a possibilidade de se libertarem dos conceitos ultrapassados de masculinidade.

Argumentar que os homens agora são vítimas da luta entre os gêneros é absurdo, ela diz. "Durante milhares de anos, mulheres foram subjugadas como cidadãs de segunda classe. Começamos a mudar isso nos últimos dois séculos e ainda temos um longo caminho a percorrer. Os militantes (pelos direitos) dos homens estão negando a História".

Os defensores dos direitos dos homens têm dificuldade em mudar sua imagem "mal humorada", argumenta o radialista Tim Samuels, que apresenta o programa Men's Hour (Hora do Homem, em tradução livre) na BBC Radio 5 Live.

Samuels diz que a maioria dos homens não se vê como parte de um movimento.

"O movimento dos homens tende a ser reduzido a alguns sujeitos escalando prédios vestidos de super-homem enquanto ao das mulheres é dada credibilidade.""

Tá... e se então simplesmente homens e mulheres se olhassem como outra criatura, diferente mas não inferior ou superior, um igual que não se parece, mas merece o mesmo respeito que alguém que gostamos?

E se conseguíssemos não ver os outros como objeto (e mulher nehuma é de homem nenhum - estar junto não é pertencer), mas como PESSOAS? E deveria ser tão normal a esposa adotar o sobrenome do marido quanto o marido adotar o da esposa, certo?

Se as mulheres pararem de ser agredidas, humilhadas, vigiadas e muitas vezes assassinadas pelos próprios namorados/marido/pai/padrasto/ex?

E os homossexuais não precisassem ter medo nenhum? Nem de andar na rua, nem de serem ofendidos, nem de serem personagem de piadas nojentas, ridículas e preconceituosas?

E se uma mulher puder então andar na rua com a roupa que bem entender, e entrar onde bem entender (ônibus, boteco, oficina mecânica) sem ser devorada com olhos ou submetida acomentários ameaçadores e tremendamente desagradáveis?

É, o mundo tem bastante espaço pra melhoria...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Eu quero meus espaços de volta!

O google resolve modernizar as coisas dele. Ok, são dele. Mesmo que sejamos nós que as utilizemos, ele as cria, as mantém e tal...................... Mas ele não tem o direito de não me deixar fazer parágrafos. Ele não tem direito de emendar meus parágrafos separados por duas ou três linhas, e de me obrigar a colocar vários pontinhos pra separar um parágrafo do outro. Esse direito ele não tem. Eu quero meu direito de separar as coisas reconhecido e garantido, e estou tremendamente irritada com o novo formato do blogger. (aqui dei três linhas de separação). Pronto, desabafei, vou dormir.

domingo, 6 de maio de 2012

Tem homem que acha que pode bater em mulher

"Esta semana, o Ministério da Justiça recebeu um relatório preocupante sobre a violência contra a mulher no Brasil. A cada cinco minutos, uma mulher é agredida no país. Em quase 70% dos casos, quem espanca ou mata a mulher é o namorado, marido ou ex-marido. Qual é o estado brasileiro onde mais ocorrem assassinatos de mulheres? E o que está sendo feito para acabar com tanta barbaridade?

Namoradas, noivas, esposas - não importa. “Me arrastou pelo cabelo, me jogou dentro do banheiro, enfiou minha cabeça dentro do vaso, me bateu muito, me chutou”, lembra uma vítima. A cada cinco minutos, uma mulher é espancada no Brasil. “Eu vi a morte na minha frente. O vi pegando uma faca e vindo para o meu lado”, conta a vítima.

Pode ser uma recém-casada, grávida de seis meses: “O último que ele ia me dar ia ser na barriga, porque, a todo momento que ele dava uma paulada, ele falava que ele ia me matar”, diz uma mulher.

Pode ser alguém apanhando em silêncio por mais de dez anos: “Aquilo já virou tão rotina, que você não conta mais quantas agressões foram, se foram três em um mês, se foram dez”.

Nem a polícia consegue evitar. “Infelizmente, determinados homens botam na cabeça que a mulher é um objeto dele, que pertence a ele, que ele pode tudo sobre ela, que ele pode bater, que ele pode brigar e que ele pode até matar”, afirma o delegado Adroaldo Rodrigues.

O mapa da violência de 2012, pesquisa coordenada e recém concluída pelo sociólogo Júlio Jacobo, mostra uma clara diferença entre assassinatos de homens e mulheres: “Homem morre primordialmente na rua. Homem morre primordialmente por violência, entre os pares, entre os jovens, na rua. Mulher morre no domicílio, na residência”, explica Jacobo.

Ao todo, 68% das mulheres que procuraram o Sistema Único de Saúde em 2011 para tratar ferimentos disseram que o agressor estava dentro de casa. Em 60% dos casos, quem espanca ou mata é o namorado, o marido ou ex-marido.

“Minha vida já estava um inferno na companhia de alguém que dizia que amava, mas horas depois estava me batendo”, conta uma mulher.

Entre 87 países, o Brasil é o 7º que mais mata. São 4,4 assassinatos em cada grupo de 100 mil mulheres. O estado mais violento é o Espírito santo, com 9,4 homicídios por 100 mil. E o que mata menos é o Piauí, com 2,6 homicídios por 100 mil mulheres. O Fantástico foi aos dois estados para entender as razões dessa diferença.

Trezentas mulheres são atendidas na Delegacia da Mulher da Cidade de Serra, na Região Metropolitana de Vitória, e pelo menos 200 homens são investigados todos os meses. Como Renildo, que jura inocência: “Mulher, a gente... Não se bate. Se bate com uma rosa”, afirma.

O que não quer dizer que Luzia tenha paz: “Ele quebra a janela, invade a casa, entra dentro de casa. Ele quebra a fechadura da porta e entra dentro de casa, fica me esperando dentro de casa. Quando eu vejo que ele está dentro de casa, em vez de entrar dentro de casa, eu saio e ligo para a polícia. Só que na hora que eu ligo para a polícia, ele se manda, vai embora, e a polícia nunca pega”, ela relata.

Nenhum argumento o convence: “Eu gosto dela, eu não me esqueço dela”, ele garante. “Eu já falei com ele: ‘me dá um tempo, me deixa viver em paz, deixa eu viver minha vida. Eu já perdi meus empregos por causa de você’. Mesmo assim, ele não me deixa em paz”, ela diz.

“Eu tenho o número dela aqui. Não vou falar que não. Eu ligo”, Renildo confessa. “Enquanto eu estou conversando com você aqui ele já ligou! Pode olhar, enquanto eu estou conversando com vocês aqui. Ele liga 24 horas para o meu celular”, diz Luzia.

A delegada da mulher Susane Ferreira o chamou para explicar que ele tem de ficar pelo menos 200 metros longe dela. É ordem do juiz: “O desrespeito a essa decisão acarreta a sua prisão”, avisa.

Renildo prometeu à delegada que ia respeitar a ordem. Mas a convicção não passou da porta: “Eu não vou desistir, não. Eu vou correr atrás”, confessou. O resultado foi a prisão dele na semana seguinte. Mas nem algemado, nem levado ao xadrez, ele se convenceu: “Ela gosta de mim ainda. Tenho certeza absoluta. Ela falou que vai retirar a queixa. É para eu pagar meu erro. Então vou pagar. Acho que meu erro foi pressionar ela demais. Reconheço que pressionei ela demais. Ajudei ela bastante, o que eu pude fazer por ela eu fiz”, afirma.

Argumentos econômicos como esse são bastante comuns. “Eu paguei um curso, eu paguei uma faculdade. E aí, para eles, isso é uma dívida eterna. A companheira tem que se submeter à estrita vontade dele”, explica a delegada Susane.

A dependência econômica fez com que uma mulher esperasse 13 anos para denunciar o marido. “Ele era agressivo no começo. Teve uma vez que eu tentei terminar com ele e simplesmente ele foi lá e me deu um tapa na cara”, ela lembra.

Houve um tempo em que apanhava dia sim, dia não: “Eu já criei aquele medo dele, que eu comecei a não ligar mais, a falar: ‘eu tenho que obedecer ele e acabou. Eu vou continuar com ele’. Já não questionava mais, obedecia. Agia assim por medo dele”, revela.

No dia em que ela propôs separação, o marido se enfureceu: “Ele me empurrou. E nisso que eu abaixei para pegar a minha bolsa ele me deu uma paulada aí eu desmaiei. Com um pedaço de pau a paulada”, ela diz.

Só na cabeça, foram 24 pontos, mais dois no rosto e um braço quebrado: “Fiquei sete dias na cama. Parou minha vida, eu fico perguntando para Deus: ‘Por quê? Todo mundo se separa numa boa, por que ele fez isso comigo?’. Acabou comigo, eu olho no espelho a minha cabeça raspada, meu rosto feio”, lamenta a vítima.

O marido pagou fiança e responde processo em liberdade, mas a Justiça o proibiu de se aproximar dela. “Não me sinto protegida com isso. Até a polícia chegar, ele já me matou”, diz.

Outra mulher que foi agredida e ameaçada de morte pelo marido está com os filhos sob a proteção do estado em um abrigo cujo endereço é mantido sob absoluto sigilo. A casa é vigiada 24 horas por dia. E a moça vai permanecer no local até que a Justiça decida o que fazer com o agressor. O problema é que as chamadas medidas protetivas determinadas por um juiz nem sempre conseguem conter a fúria de um assassino.

Quando foi assassinada, aos 47 anos, Anita Sampaio Leite trazia um papel que obrigava o marido a ficar pelo menos um quilômetro longe dela. “Andava com a medida protetiva dentro da bolsa, na esperança de que, quando o visse, entrasse em contato e fosse imediatamente para a detenção, para o presídio”, lembra Antônio Sampaio, irmão de Anita.

Anita e o marido, o pedreiro Hercy de Sousa Leite, de 52 anos, viveram juntos por mais de 30 anos. Os filhos do casal já não suportavam ver a mãe apanhar. “Ele mantinha minha mãe completamente em cárcere privado. Minha mãe não podia sair. Para ela sair, era tudo programado do jeito dele. Se passasse do jeito dele, dava problema. Ele batia nela”, conta Wellington Sampaio.

Quando Anita pediu a separação, em 2011, Hercy voltou a agredi-la e chegou a ser preso. Mas pagou a fiança e foi embora. “A vida da minha irmã valeu R$ 183”, lamenta o irmão de Anita. Anita foi morta a facadas no quintal da casa dela, em agosto de 2011. Hercy ainda está foragido. Ele já respondia a um processo por agressão.

Um dia depois do assassinato, um oficial de Justiça chegou a procurar Anita para intimá-la a depor como vítima. “Ela está lá no cemitério de Ponta da Fruta, você vai encontrar ela lá agora. Porque ela já morreu. Demorou demais para chegar essa intimação”, relata o irmão, sobre o encontro com o oficial.

São tantos crimes que a polícia do Espírito Santo teve de criar a primeira delegacia do Brasil especializada em investigar homicídios de mulheres. Quase todos os assassinos agem da mesma forma. “Há um histórico de agressão anterior. Ou seja, o homem não chega e, em uma ocasião fortuita, tira a vida da mulher. Não, isso vem como uma bola de neve, aumentando, cada vez maior, cada vez a agressão vem de forma mais violenta, até que culmina com um homicídio”, explica o delegado Adroaldo Rodrigues. Foi o que aconteceu com Josiléia Morogeski, de 33 anos. “Ele falou que se ela largasse dele, ele mataria ela”, diz um parente da vítima. Inconformado com a separação, o ex-namorado Adalberto Campos atirou cinco vezes contra Josiléia na frente da família dela. Sexta-feira (27) ele foi preso nos arredores de Vitória.

Para a polícia do Espírito Santo, a raiz de todos esses crimes é uma só: “Traduz muitas vezes a questão do machismo mesmo, do homem querer resolver o problema por se fazer homem”, destaca o chefe da Polícia Civil do estado, Joel Lyrio.

O que faz o Piauí andar na contramão dessa tendência? “O Piauí também é machista, só que aqui o trabalho é com eficácia. Na polícia não se deve cochilar. Não deixe a madrugada chegar, tem que ser imediato”, alerta a delegada Vilma Alves. Às 9h50 da manhã, a delegada recebe a denúncia. Às 10h05, ela liga para a Polícia Militar pedindo uma guarnição: “Uma senhora foi espancada e o marido quer matar. Ela está com medo de retornar e eu quero prendê-lo”, avisou.
Às 10h20, um PM está na delegacia recebendo instruções. Às 11h05, a delegada já está diante do acusado, preso, na Central de Custódia de Teresina.
Delegada: O senhor sempre bate nela? Acusado: Não. Delegada: Ela disse que já não aguenta mais, não quer mais viver com o senhor. O senhor está sabendo que quando sair não vai ficar com ela, não é?
A pressa da delegada é a urgência do juiz. “Quando nos chega às mãos, a gente decide no máximo em 24 horas, talvez no mesmo horário do expediente”, afirma o juiz José Olindo Gil Barbosa.
Uma azeitada articulação entre polícia e Justiça não deixa denúncias se acumularem. “Até em tom de brincadeira eu digo: ‘aqui no Piauí, a gente trabalha igual a pai de santo, a gente recebe, mas também despacha’”, diz o destaca o promotor Francisco de Jesus Lima.
Na linha de frente dessa força-tarefa, uma mulher sempre perfumada, de brincos e colar de pérolas. “Como eu ensino as mulheres a andarem bonitas, a se amarem em primeiro lugar, então eu procuro andar sempre assim. Porque eu me amo”, ela garante.
Sobre a mesa de trabalho, um salto plataforma modelo Lady Gaga. E outra mesa repleta de santos. “Os meus santos estão aí para me proteger”, diz. O resto é com a delegada: “Eu aprendi que remédio de doido é doido e meio. Mas dentro da educação, sem bater”, avisa.
Com educação, mas falando grosso: “Aqui é olho no olho. Eu pergunto: ‘você comprou a sua mulher no mercado velho ou no shopping?’”.
Em audiências informais, ela põe vítima e acusado lado a lado e dá lições de boas maneiras. “Eu não sei como você foi educado. Mas você precisa de umas pinceladas de como tratar uma mulher. Não se trata mulher na ponta do pé”.
Não hesita em enquadrar um machão: “Como foi que começou? Olhe nos meus olhos! Como foi que começou essa droga?”.
E deixa claro que ordem judicial é para ser cumprida: “Vamos resolver a situação. A situação é essa: ela não quer mais você. Está com um mês que separou. Como você foi lá? Preste bem atenção: você foi preso agora. Não tem mais direito à fiança. Porque se você voltar, você vai ser preso e vai diretamente para a penitenciária”.
Não importa se a moça de olho roxo mora em bairro chique: “Nunca vi isso na minha família, na família dele. Os dois têm curso superior. Nossa família também tem curso superior. Classe média alta”, relata uma vítima.
A delegada assegura: ninguém escapa do indiciamento: “Aqui é de tudo, político e tudo. Bateu, se faz o procedimento”, garante.

Os movimentos feministas e o Ministério Público se uniram em campanha. E a própria delegada, professora de formação, vai aonde for preciso para passar o seu recado.
“A mulher não é piano, mas gosta de ser tocada. Um beijinho no pescoço, um carinho. O certo é você chegar: ‘está aqui, meu amor, minha vida, meu perfume, minha rosa’. É assim! Quem foi que deu um cheiro na mulher hoje?”, questiona a um grupo.
A Lei Maria da Penha é explicada ponto a ponto. “Se você estiver achando que você é dono de sua mulher, xinga a sua mulher, espanca todo dia, ela pode chegar na delegacia e dizer: ‘doutora, eu não quero mais, eu quero que meu marido saia’. E ele sai em 48 horas. Eu adoro fazer isso”, avisa.
Os maridos ouvem atentamente o alerta final: “Se você forçar é estupro. E se ela chegar na delegacia e disser que você estuprou, eu lhe prendo, tranquilo, meu bem”. O resultado desse esforço coletivo é a queda da violência, mas se engana quem acha que os números do Piauí agradam a delegada.
“Nenhum número é aceitável para mim. Nenhuma morte. Viver em paz é o que é importante. Como se admite uma mulher ser morta pelo seu marido? Porque a mulher não é mais coisa, não é objeto, não é propriedade. Mulher é cidadã e deve ser respeitada”, destaca. "

http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1680119-15605,00.html

E tem gente que acha que as mulheres já conquistaram igualdade... =/

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Faust moderno, Calligaris

Trechos de Contardo Calligaris, Faust Moderno:
"[...] Hoje (mas a observação já começa a valer na época romântica, quando Goethe escreve seu "Faust"), o sentimento é frequente, em adolescentes e adultos, de ter vendido a alma, sem que por isso Mefisto tenha tentado comprá-la. Diante de qualquer sucesso (inclusive nosso) agimos como se fosse coisa de empreiteira de obras públicas: levantamos a suspeita de que foi o fruto da venda da alma de quem se deu bem. Se conseguimos algum conforto (mesmo espiritual), é porque a gente se vendeu: traímos a nós mesmos. [...] Cada vez mais, somos livres para inventar nossas vidas. E o preço inevitável dessa liberdade é nossa indefinição. "Quem sou eu? Veremos: o futuro mostrará de que sou capaz." Quando o futuro chegar, a pergunta mudará: "Tudo bem, fiz isso e aquilo, até que me dei bem, mas será que fiz mesmo o que eu queria? Será que preenchi todo meu destino?". [...] Pois é, amigo, nunca vamos saber. Pois, justamente, o destino estava escrito naquela alma que a gente vendeu." Contardo Calligaris
Conheço essa sensação, esse não saber. Não sei se já senti que minha alma está vendida, mas conheço olhar pras minhas vitórias e sentir que vieram de um lugar que não me pertence, como se estivessem fora das minhas capacidades, além da minha dedicação. E não ter certeza sobre o meu "destino", se faço o que estava destinado a mim, ou então se na verdade nunca houve nada escrito, previsto, e se meu caminho eu o faço a cada dia, e se toda preocupação com o que serei, o que fui, como cheguei até aqui, se tudo isso vale nada: a vida é isso e pronto. Talvez seja mesmo que "a vida é isso e pronto"... alguns têm sorte, outros têm azar; alguns se esforçam e não chegam a lugar nenhum, outros se esforçam e chegam longe, outros não se esforçam e chegam longe também, às vezes até mais longe. E pronto. E se for? Ninguém comprou nossas almas, mesmo que às vezes queiramos que alguém nos livre do trabalho que dá ter uma. Só tem um jeito, que praticamente ninguém quer. O sucesso não vem "de graça", não pode ser trocado pelo que temos de mais valioso, só por preguiça de trabalhar por ele. E pode ser que você trabalhe muito e não chegue a lugar nenhum. That's it.

Aniversário da pandemia!

  Brasil. Pandemia. Vai fazer um ano... um ano de isolamento. Um ano de crianças sem escola, um ano de homeoffice . Um ano agradecendo que n...