quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Uma grande preocupação com o mundo...

Você já leu algo do Bauman?

É muito interessante...

Li alguns textos dele no começo do ano passado, pra faculdade, e lembro da inquietude que me causaram... eu até tinha esquecido isso, mas agora lendo um livro dele essa inquietude voltou toda.

Bauman é um sociólogo atual, e tem uma visão bastante crua (e deveras desencantadora) do nosso planeta na atualidade.
Ele escreve sobre como a influência do capitalismo e do consumismo se entranha nas coisas mais sutis e subjetivas do ser humano. De como a velocidade com que trocamos nossos objetos de consumo atinge nossos sentimentos e em como passamos a acreditar, de forma não consciente, que pessoas são objetos de consumo. De como os laços entre as pessoas são cada vez mais leves, mais fluidos, mais superficiais...

Descreve de uma forma dura como, a cada dia que passa, somos mais inábeis em estabelecer relações, porque queremos sempre estar em movimento, sempre novidade, sempre liberdade, sempre novos ares, fugindo de responsabilidades, fugindo de uma ansiedade e agonia que não se distancia (está colada a nós).
É como fugir da nossa própria sombra...

Mas o capitalismo nos fez crer que o vazio pode ser tampado com objetos bonitos e novos e de rápida obsolescência. Que devemos olhar pra fora, procurar fora, fugindo do que está dentro de nós... Que se nunca olharmos pra dentro, nunca veremos o monstro. Que se rompermos ligações assim que se tornarem minimamente incomodas, nunca sofreremos, nem seremos abandonados, nem nos sentiremos presos... Poderemos sempre seguir em busca de algo mais novo, mais moderno, que nos dê mais prazer.

E uma das coisas que mais me deixa inquieta... essas mudanças no mundo tomam conta de nós sem que percebamos. É como se alguém colocasse um corante leve na água, e todos estamos ficando verdes, aos poucos, de forma gradual e irreversível, sem sequer percebermos. Não podemos viver sem água, e estamos todos esverdeados. É por parecer sem volta esse caminho destrutivo e altamente isolante que a humanidade está tomando que mais me preocupo... porque eu me inquieto, mas também estou contaminada. Porque me angustio de continuar caminhando, mas não sei se há volta... é um vício, queremos sempre mais, e mais rápido, e diminuir a velocidade parece deixar o mundo sem cor... Essa água esverdeante vicia, e pode acabar nos destruindo...

Se Bauman exagera? Não sei, tomara que sim. O fim do mundo, seja do modo que for, é algo triste. As pessoas serem vistas como uma cifra, independente de como será calculado esse valor econômico, é algo triste. Não saber se mostrar pra alguém, dividir a alma, estar próximo (na alegria e na tristeza), fugir ao menor sinal de contrariedade, é uma coisa triste. Não há um lugar seguro pra cada um se esconder do vazio que está crescendo dentro...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Calligaris

Vale a pena:

http://contardocalligaris.blogspot.com/

Tempos líquidos!

Ontem comecei a ler "Amor Líquido", de Zygmunt Bauman, e me assustei.

Eu, que tanto penso e reflito e contesto, sou apenas mais um indivíduo que retrata as angústias dos tempos atuais.

Eu, que sou incapaz de gastar valores extratosféricos (próximos a um salário mínimo) com uma bolsa ou sapato, que não gosto de roupas caras, eu que não troco de carro todo ano e nem gosto de modelos caros, eu que faço minhas unhas eu mesma em casa, e que tenho como objeto de maior volume de compras os livros! essa eu, que em comparação com o mundo ao redor se acha pouco consumista, sou apenas mais uma criatura da pós-modernidade. Que cosa triste.

Sou só mais um ser sofredor e angustiado e líquido! Ó céussss! Há solução??????

Vou prosseguir a leitura pra ver se encontro...

Talvez eu deva primeiro explicar em que consiste essa coisa de líquido, né?

No que diz respeito aos relacionamentos, Bauman fala de como a modernidade líquida e fluida traz consigo uma fragilidade dos laços humanos. A fragilidade gera insegurança, e a insegurança estimula desejos conflitantes de se estreitar os laços (prendendo-se mais ao ser amado, buscando sufocar o medo de perdê-lo) e ao mesmo tempo mantê-los frouxos (pois só assim nos manteremos individualizados, uma obrigação do ser humano da nossa época, e livres, inclusive para estabelecer novos relacionamentos mais "lucrativos").

O que queremos? "Algo como a solução do problema da quadratura do círculo: comer o bolo e ao mesmo tempo conservá-lo; desfrutar das doces delícias de um relacionamento evitando, simultaneamente, seus momentos mais amargos e penosos; forçar uma relação a permitir sem desautorizar, possibilitar sem invalidar, satisfazer sem oprimir..."

Mas Bauman fala de uma outra verdade incontestável (e que me parece pouco percebida...): pular de relacionamento curto em relacionamento curto (ele diz que a palavra "relacionamento" nem cabe mais, o que existem agora são conexões/desconexões em uma rede enorme de indivíduos) não ensina as pessoas a amar nem possibilita que experimentem várias pessoas antes de encontrar A PESSOA com quem devem sossegar. Pular de conexão em conexão ensina tão somente a pular de conexão em conexão. É um ciclo vicioso, e esses indivíduos estão a cada pulo menos preparados pra realmente se relacionar e AMAR.

E o que é o amor? "Eros é 'uma relação com a alteridade, com o mistério, ou seja, com o futuro, com o que está ausente do mundo que contém tudo o que é...'. 'O pathos do amor consiste na intransponível dualidade dos seres'. Tentativas de superar essa dualidade, de abrandar o obstinado e de domar o turbulento, de tornar prognosticável o incognoscível e de acorrentar o nômade - tudo isso soa como um dobre de finados para o amor. Eros não quer sobreviver à dualidade. QUANDO SE TRATA DE AMOR, POSSE, PODER, FUSÃO E DESENCANTO SÃO OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE."

O amor não suporta com leveza a vulnerabilidade (saber que o outro pode ir embora, deixar de amar...), mas quando triunfa em seu intento de subjugar (enterrando as fontes de sua precariedade e incerteza, dominando ao outro, fundindo-o a si) é quando encontra a sua verdadeira derrota.

Amar causa insegurança, mas eliminar a insegurança é eliminar o amor.

Será que há solução?

...

Fim de ano.

É bonito fazer listas de intenções e promessas pro ano que começa... acho lindo, já fiz muito. Mas tem que estar bem no espírito bonito de prometer e intencionar coisas lindas e tal, com a alma sorrindo alegre e otimista, cheia de esperanças, cor de rosa com coraçõezinhos...

Eu sou meio teletubbie vez em quando, mas não estou com esse espírito fofo e serelepe hoje. Não vou prometer sorrir mais, abraçar mais, me preocupar menos, brigar menos, comer menos carne e menos açúcar e quem sabe até beber menos. Acho que devia prometer, mas não vou.

Também acho que devia me comprometer a praticar algum exercício. Mas estou com sono e com frio e com fome e no trabalho, então não me comprometerei.

O ano que vem vem lá, com as coisas dele, os seus próprios desafios e tristezas e alegrias, e eu pretendo apenas agir e reagir de forma positiva. Isso basta.

2010 se vai, e isso me alegra. Prefiro anos ímpares.Prefiro números ímpares, apesar de achar os pares mais confortáveis... Os pares parecem parados, os ímpares dão uma idéia de movimento.

Farei listas, várias. Do que gosto e do que não gosto. Do que quero, do que não quero. Do que é melhor mudar, do que é melhor manter. Listas me ajudam a me organizar,eu que não lido bem com a organização. Farei listas, várias.

Mas só quando meu espírito mudar.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

coti-dia-no

Trabalho com um fulano fantástico. Ele consegue unir em doses nada homeopáticas duas características não afins: proatividade e ignorância. É uma combinação explosiva e de altíssima periculosidade! Ele consegue fazer bobagens catastróficas sem ninguém nem ter pedido pra ele fazer nada!

Soma-se a isso o fato de que ele dá coices. E tenho certeza que, se ele passar mais de uma hora sem resmungar, ele deve explodir. Certeza absoluta! Ele deve resmungar por ordens médicas, pra evitar que os olhos saltem ou que o coração entre em colapso. Nada mais justificaria tanta resmungância.

*****

Vou tomar uma cápsula de pó de guaraná pra restabelecer minha alma. Ela me deixou após dias bebendo em quantidades variadas e dormindo pouco, e hoje é sexta-feira, não é dia pra se estar sem alma. Até porque é fim de ano e hoje tem festa! e Amanhã tem festa! E domingo, tem festa! E semana que vem é natal! =)

*****

As creches: Eu deveria me sentir bem de ajudar. Mas não me sinto. Por que ajudo? Eu sempre fico com raiva quando me ligam pedindo dinheiro. Fico com raiva quando os motoboys chegam. Fico com raiva de mim porque me sinto culpada quando falo com as freiras, sinto culpa se não ajudar, e sinto raiva de mim por ficar com culpa. Não tem nenhum momento em que me sinta altruísta ou fazendo uma boa ação. E mesmo assim, eu ajudo as creches... várias delas... =/

*****

Estarei mais feliz depois de dormir o suficiente. Não sei quando vai ser isso.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

intolerância à incoerência.

A incoerência dos outros me incomoda.

(Queremos eliminar nos outros o que não gostamos em nós mesmos.)

Eu quero o oposto do que eu quero.
Quero o que quero e quero o oposto.
Sem exclusões.

Fico irritada com a minha incoerência.
Como defender o que quero se quero isso e quero o oposto?

Como ter paz tendo tanto argumentos pra justificar o que quero como pra querer o que digo que não quero?

Argumentos contra e favor, em igual intensidade e veemência, para os dois opostos: quero os dois.

Não me entendo.

Não gosto do que não entendo.

Tem horas que não gosto de mim, porque eu realmente queria sempre saber o que quero, e o que quero deveria ser simples de identificar, querer e defender.

Mas quero coisas mutuamente excludentes, e quero ambas, e quero ao mesmo tempo.

Tento me entender, me esforço, páro e penso.
Desespero e desisto: não tenho solução.
Tenho problemas, como todo mundo. Tenho algumas soluções para problemas dos outros, algumas para alguns problemas meus... mas pra mim? Não tenho. Sou insolúvel. Insolucionável. Soluçante. Contestável. Incoerente...

Eu me incomodo a mim mesma.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

homens x doces


Existem pesquisas (não muito confiáveis) que declaram que as mulheres, tendo de escolher entre chocolate e sexo, preferem chocolate.

Foram feitos e-mails com listinhas de motivos pelos quais os doces são melhores do que os homens...

Não me pronunciarei sobre isso.

Pessoas mais espertas (talvez também não muito confiáveis) escreveram relacionando sexo e chocolate, ao invés de coloca-los um contra o outro, como nesse link aqui:
http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mulher/mat/2007/08/23/297401407.asp

Mas escrevo hoje não pra falar de sexo. Esqueça esse tópico.

Quero falar de homens e doces de uma forma totalmente assexuada, a não ser pela questão de gênero. O que quero falar é da dificuldade que alguns homens têm de identificar e catalogar doces.

Uma vez um colega de trabalho perguntou se eu gostava de doces, disse que sim, e ele me deu uma barrinha de cereal de pêssego com damasco. Não consigo pensar em nada pior do que isso. Eu detesto coisas de pêssego, e não classificaria nunca uma barrinha de cereal como sobremesa... Valeu a intenção, claro, mas na semana seguinte ele perguntou se eu queria um docinho e ja vi surgir na mão dele uma barrinha idêntica àquela, então agradeci educadamente e disse que estava de dieta... rs...

Hoje aconteceu algo curioso, embora bem mais agradável. Um colega de trabalho a quem praticamente salvei a vida há um tempo atrás me trouxe um pacote com três bandejas de docinhos (duas de brigadeiro e uma de olhos de sogra). Não entendi, liguei pra ele e ele me disse que quando salvei a vida dele, ele havia me perguntado se eu gostava de doces, e eu respondi que sim, que gostava de bombons! BOMBONS! E por isso, e por não saber o que eram bombons, ele comprou docinhos como forma de agradecimento.

Claro que nem todos os homens são assim. Acho que os mais sensíveis e especiais não são... eles entendem bastante da alma feminina e de doces e chocolates, e fazem aquela decisão acima parecer bem mais idiota... ;)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

nhé.

Tem dias em que, na hora em que o despertador dá o primeiro pio, a gente sente que é um dia em que era melhor não levantar da cama.

Se você é autônomo, ou irresponsável, você faz isso. Nem precisa ler o horóscopo pra saber que sair da cama é uma má idéia, então obedece seus instintos, desliga o despertador e dorme.

Mas vamos supor que você seja nerd. Super responsável. Aquela criatura que não suporta decepcionar as outras criaturas. Então você pede pro seu instinto ficar quieto e levanta, toma banho, toma café e vai pro dia como se fosse um dia normal. Então, agora aguenta...

Acontecimentos peculiares, raros, estranhos e desagradáveis irão acontecer. Desde o trânsito até outras coisas chatas, irão acontecer. E se você for reclamar, cuidado. Nesses dias, por default, o errado é você. A chata é você. A fresca, é você. A antipática, e mal humorada, e azarada, e distraída, é você. Não reclame, ou a verdade sobre o seu pior lado vai lhe ser jogada na cara de um jeito inegável e indisfarçável. Você é horrível, desagradável, egoísta, e se faz de vítima a toa. Sinto muito, mas você é um saco. Agora pára de reclamar, assume que é tudo culpa sua, sorria e faça as coisas direito.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

L´amour...


Eu me amo! Você me ama?
Eu te amo! Você me ama?
Eu me amo! Você se ama?
Eu te amo! Voce se ama?

E eu nos amo! Você nos ama?
Nós te amamos? Nós me amamos?
Nós nos amamos?

Pra quantos lados se pode atirar o amor?
Parece que ele estica até o infinito sem diminuir na altura.

volume = a x b x h, sendo "a" a largura (direita-esquerda), "b" a profundidade (frente-trás) e "h' a altura, no eixo Z, pra cima e pra baixo até atravessar o centro da Terra e o pra cima e pra baixo trocarem de lugar, e além.

O amor tem volume infinito, estica pra sempre em "a" e "b" sem reduzir em "h", e vice-versa.
É assim, DESDE QUE você se ame a si mesmo, apesar do amor e desamor dos outros por você.

and keep walking...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Quem não é você?

Acha estranha essa pergunta?

Deve ser porque vivem te dizendo quem você é...

"você é o que você come!!"
"você é o que você bebe!!"
"você é o que você veste!!"
"você é o que você sabe!!"
"você é o que você tem!!"
"você é quem você conhece!!"

Se você acreditou nesse blablablá marqueteiro, sinto te informar que seu caminho será longo e cheio de decepções... Tudo isso aí em cima não é você. Isso tudo mostra bem quem não é você.

Você é uma outra coisa, sem tamanho, sem cor, sem aparência, sem cheiro e sem gosto, amorfa e "luminosa", que tem algum poder de escolha sobre o que come, bebe, veste, sabe, tem e quem conhece. E tudo isso que te dizem que é você são idéias bem rentáveis (pra quem vende) que te vendem. Não compre.

Coma bem, beba bem (opa!), vista-se confortavelmente (andar nú ainda não é aceito), saiba mais de você e menos da vida alheia, tenha o suficiente (e na medida do possível, ajude os outros a terem o suficiente), conheça pessoas que gostem de você por aquela coisinha amorfa e inodora por trás do visível, e que te façam mais feliz...

Conhecer-se a si mesmo é caminho de vida inteira.
Eu não sei quem você é. Estou ainda longe de saber quem eu sou.
O caminho é longo, mas é bem melhor que viver a vida inteira comprando idéias falsas a seu próprio respeito... não acha?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Limão.

E ela acordou nesse dia com um gosto estranho na boca...
Os sonhos deviam ter sido ruins, mas não se lembrava.

Acordou cedo, antes do despertador. Resolveu tentar dormir de novo até ele tocar, mas como era normal nesses casos, acordava de 5 em 5 minutos achando que tinha perdido a hora. Ora ora.

Ele tocou, na hora certa, e ela decidiu se levantar.
Sentiu a cabeça esquisita. Meio inchada, meio pesada... Levou as mãos aos olhos e também pareceram esquisitos. Cambaleante, correu ao banheiro para se ver no espelho. Na verdade, tentou correr, mas foi rolando...

Então era isso. Ela acordou limão.

Demorou a achar uma posição em que ficasse realmente de frente pro espelho, mas quando conseguiu a conclusão era óbvia: era um limão. Azedo. Verde. Redondo.

Não demorou a chegar a conclusão de que não teria como trabalhar assim. Nem mesmo teria como ligar a seu chefe para explicar o motivo de sua ausência. Não se diz: chefe, acordei limão, vou ficar em casa hoje...

Não se desesperou... alguém que acorde limão um dia deve acordar banana no outro, ou quem sabe gente mesmo... resolveu curtir seu dia limão.

Com certo esforço, conseguiu pegar o açúcar. Mais um esforço e a garrafa de cachaça estava aberta. Colocou um samba pra tocar no som, acomodou-se em um canto confortável e se fez um dia caipirinha!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Passa tempo, tic tac

Tic tac, passa hora

Chega logo, tic-tac

Tic-tac, e vai-te embora

Passa, tempo

Bem depressa

Não atrasa

Não demora

Que já estou

Muito cansado

Já perdi

Toda a alegria

De fazer

Meu tic-tac

Dia e noite

Noite e dia

Tic-tac

Tic-tac

Tic-tac . . .


Essa poesia, do grandessíssimo Vinícius de Moraes, que eu achava linda e fofa e tive de decorar na minha infância, é uma das responsáveis pelos tempos acelerados que estamos vivendo. Foi esse reloginho que mandou o tempo correr...

Naquela época o tempo era sempre maior do que os afazeres. O tempo era lento, e eu entendia a agonia do Vinícius. O tempo dava e sobrava pra tudo, cada dia durava uma semana, cada ano durava uma década. Ele não passava. E a vontade era pedir pra ele dar uma corrida, andar rápido, trazer o Natal, a páscoa, o aniversário, as férias!!!

Agora não.

Vem fim de semana, delícia, sempre agenda cheia e descanso de menos e já é segunda, e num respiro já é quarta, uma pequena distração e já é sexta de novo! Assim chegou novembro, e já está quase no fim! 2010 passou tão lento e tão rápido, dão doloroso e tão superficial, tão diferente e tão igual... às vezes me pergunto se sou sã.
Não sei. O que é ser são, afinal? Ter aquela velha velha opinião formada sobre tudo? Ou vestir-se de "metamorfose-ambulante-que-só-sabe-que-nada-sabe-e-está-muito-bem-assim"?

Pois não sei.

Sei que o relogio pediu, e ele, o Tempo, obedeceu... ele passa, tic tac, tic tac e vai embora...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ser e parecer.

Não é de hoje que todos sabem que não basta ser, há que se parecer...

Não basta ser honesto, tem de parecer honesto! Não basta ser inteligente, tem de parecer inteligente!

Não basta ser decente, tem de parecer decente.

E não basta estar doente, tem de parecer doente. Não adianta estar a três dias dormindo mal, passando mal, comendo mal, desidratada, se está com uma cara boa e uma pele viçosa. Ninguém acredita que você está a beira da morte se vc não tem cara de moribunda.

Esse mundo de aparencias e parecências ainda me mata...

Individualidade

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Acaba hoje!!!

É hoje que acaba, oficialmente, acaba!!, este ano de minha vida.

Quando comecei o blog e dei-lhe esse nome e sub-título, não tinha idéia de que caberiam tão bem a esse fatídico ano.

"2010.E, como sempre, o futuro não é mais como era antes."

É exatamente isso.
Esse ano veio forte, virou minha vida do avesso, torceu minha alma, tirou meu chão.

Me trouxe dores que nunca havia sentido, alegrias que achei que nunca iria sentir.

Levou pro lado de lá três pessoas de minha vida, três mulheres fortes, numa ordem meio doida... Primeiro a mais novinha, de uma morte absurda e ridícula. Depois a mais velha, tão próxima, meu referencial, minha avó... uma morte não tão absurda, mas igualmente inesperada e dolorosa. E recentemente minha tia... alguém que já lutava com essa morte havia tempo, uma guerreira zen, uma pessoa linda e boa... A morte cansou de lutar e decidiu levá-la e ponto final.

Pra nós um buraco enorme e infinito no peito ainda tão dolorido pelas outras duas perdas... E a percepção, tão óbvia pra quem está de fora, tão assustadora pra quem está dentro do furacão, de que a vida continua... o sol continua nascendo, e a gente continua tendo momentos alegres, momentos tristes, paz e inferno...

Depois de 5 anos voltei a morar com meus pais e meus irmãos e meu Mustache, por um motivo excelente: reformar um apê meu. MEU. Um ninho de onde não poderei ser expulsa... sinto como se agora tivesse meu lugar físico no mundo, e ele é fofo e lindo e é meu, e a porta é vermelha e a parede é roxa e é meu. Como escorpiana, conheço bem o prazer dessa expressão "é meu.", e agora ela cabe, posso usá-la, e isso me deixa feliz. Reformei o apê e agora moro sozinha de novo, ainda mais sozinha por enquanto, mas jajá Mathilde e Mafalda irão me fazer companhia novamente.

Dizem que Deus, quando fecha uma porta, abre uma janela... Ano passado, antes desse planeta doido entrar no meu ascendente e virar minha vida pelo avesso, a Vida pôs no meu caminho uma pessoa especial... Acho que sem ele meu coração não teria aguentado tanta porrada. Agradeço demais, à Vida e a ele, pela paciência, pelo amor, pela companhia, pela segurança, pela certeza que aos poucos espana todas as minhas inúmeras duvidas... Xuxu, obrigada... amo-te muito!

Hoje é o último dia, e depois de umas semanas sem alma, sem ânimo, sem energia, constantemente à beira de um abismo de lágrimas e exaustão, após uma crise alérgica, minha alma está de volta. Começo a sentir a vida novamente em minhas veias, uma alegria indizível de recomeço, de vida nova ou ânimo novo pra mesma vida, que, afinal, é boa.

Amanhã é um novo começo.

Hoje é mais um fim. Acaba hoje! =D

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Era uma vez...

... a moça Maria.
Maria que não entendia,
acordava cedo todo dia
e logo cedo já cedo sorria.

Maria percebia que o munco corria
sem saber pra onde ia
sem pensar no que queria
sem notar se noite ou dia.

E Maria não entendia...
Por que gente boa morria?
Por que no mundo era pouca alegria?
Por que a paz não vigia?

Não entendia Maria
Como um Deus que tudo via
Calado ficava, nada fazia
Ao perceber que o mal vencia...

Maria chorava e aos céus pedia,
sentindo a alma meio vazia,
pra que um dia acabasse essa enorme agonia,
pra ver se o povo parava e sorria...

Pedia Maria, rezava Maria,
Maria, tadinha, que nada entendia...
E mesmo triste acordava cedo e luzia,
E até pras paredes soltava um "bom dia!".

Maria, Maria, que sábia a Maria!
Que assava o pão enquanto a água fervia,
Que mesmo atrasada nunquinha corria
Pois, mesmo sem nada entender, sabia
que a Terra girava e o coração batia
Independente de ser noite ou dia!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Conseqüência é o que há.

Que a vida é feita de escolhas todo mundo sabe.
Que toda escolha tem conseqüências (com trema) acho que também é público e notório.

Há um problema então? Há.
Não existe a opção de não optar.
Entendeu? Não escolher É ESCOLHER não escolher. Com conseqüências. Pois.

Tudo que há é conseqüência das ações e inações de cada zé mané que está no mundo, junto com os que estiveram e os que estarão. E tudo que há na vida de cada zé, mané ou não (tipo eu ou você), é conseqüência principalmente das ações e inações do próprio.

É isso. Tá ruim? Vá reclamar pro bispo...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O mundo está errado...

Sim, está errado. E não é de hoje.

Está errado fazer um sol escaldante sem vento, e logo o céu fechar e cair água pra dedéu.

Está errado trilhões de besouros e formigas com asas nascerem juntas e invadirem todos os lugares que têm lâmpadas, se chocando nas paredes, grudando nas coisas, num ritmo agonizante, pra morrerem no dia seguinte ao nascimento.

Está errado a gente passar anos conhecendo uma pessoa, aprendendo a gostar até dos seus defeitos, aprendendo a aceitar e a amar uma outra criatura tão fora de nós, e um dia essa pessoa ir embora pra sempre. Nunca mais a voz, a risada, o sorriso, o abraço...

Está errado, muito errado mesmo, o dinheiro valer mais do que a vida. Não faz sentido. Na hora de morrer, todo mundo morre igual.

Sei lá se existe céu ou inferno, mas sei que um dia a Paris Hilton vai morrer, de velhice ou cocaína, e que na hora da morte ela vai se sentir sozinha e assustada, e tudo que ela tem vai valer nada, exatamente como a mocinha desconhecida que vende chicletes no sinal. Uma não é melhor que a outra...

Está errado alguém achar que é mais porque tem mais. Errado.

Sei que é o "mundo", embebido em capitalismo, que faz pobres humanos (que não são humanos pobres) pensarem que ter é ser, e que se podem mais, é porque valem mais. E faz os humanos pobres concordarem que, se têm memos, valem menos (o que é o mais grave!!).
O "mundo" faz isso, mas o mundo está errado.

Sabe o que dá valor a um ser humano?? Estar VIVO. É isso. E vida, cada ser vivo só tem uma (mesmo os gatos, que são Highlander, são resistentes mas não imortais).

Só uma, como diz Vinícius de Morais:

"Cuidado! A vida é pra valer. E não se engane não, tem uma só. Duas mesmo que é bom, ninguém vai me dizer que tem sem provar muito bem provado, com certidão passada em cartório do céu, e assinada embaixo: Deus! e com firma reconhecida.
A vida não é de brincadeira, amigo."


Uma vida só, que todo mundo que ainda tem um dia vai perder. E fulanos, tendo $$ e poder, ao invés de melhorar a vida de quem não teve tanta sorte no seu passado, acham que são superiores e que não devem ajudar ninguém. Que a vida dos outros não vale o sacrifício, não vale sacrifício nenhum...

Está errado esse mundo...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Manchete: brasileiros estão em busca que alguém pra rogar por eles no céu!

Sim, minha gente, é isso.

Esse ano não estamos elegendo um presidente pra governar o país. Isso era fachada.

Educação? Segurança? Saúde? Balela. Ninguém se importa.

Desemprego? Privatização? Fome? Blá. Nada.

O que importa mesmo é a pureza da alma.

Sim, é isso.

Queremos alguém que reze um terço todo dia.
Alguém que morra de medo de ir pro inferno.
Elegeremos um bom cristão, que faça sinal da cruz na porta das igrejas!!

Uma pessoa de alma limpa, que possa interceder por nós lá no andar de cima.

O que vai decidir os próximos anos de política (POLÍTICA!) no nosso Brasil é uma escala de cristanometro. Vão colocar prós e contras de cada candidato numa escala (que fique claro: não entra aí nem propostas nem atos passados, só declarações feitas agora, meio de última hora), e o candidato com mais crédito pra comprar um lote no céu ganha a presidência da República Federativa do Brasil.

Jajá programa eleitoral vai ser filmado dentro de igreja. Os marketeiros, que já notaram o que o Brasil quer, jajá vão vestir a Dilma de Nossa Senhora, vão fazer uma montagem do Serra abraçando Jesus.

Acha que tá longe disso???? http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/10/campanha-distribui-em-sp-cartao-com-frase-de-serra-sobre-jesus.html



Que fique claro: Foi ele (Serra)quem botou Deus no meio dessa eleição. E isso aumenta consideravelmente meu nojo deste homem.

Colocar em debate e obrigar que a discussão (cujo objetivo era, lembrem-se, decidir qual a melhor pessoa para GOVERNAR nosso país!!!) gire em torno da opinião pessoal em cima de um tema aonde OS DOIS TEM A MESMÍSSIMA OPINIÃO (aborto), é simplesmente ridículo demais.

Puta que pariu tá certíssima. O problema é a puta que não pariu (novamente, com todo respeito a essas digníssimas senhoras que desde que o mundo é mundo cumprem seu papel sem alarde).

Dilma já tentou dizer que o que ela dizia era que moças que quase morrem porque preferem correr o risco de morrer a ter de lidar com a situação de ter um bebê em horas onde isso seria pior que o fim devem ser tratadas como saúde pública (que inclúi informação sobre controle de natalidade e métodos anticoncepcionais), e não como criminosas. Ela parou de tentar dizer, porque tudo que ela disser com mais de 10 palavras será resumido de forma deturpada e usado contra ela no cristanometro (e óia aí os votos tão conscientes indo pro esgoto...).

Ah, eu não tinha dito... a pessoa que manipula o cristanometro é o capeta! kkkkkk

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Por que PT? PT por que?

Eu sou um pouco antiga, assim, dependendo do referencial.
Minha memória não é das mió, e eu nunca curti muito política... acho que não curto porque, conforme meu corolário particular, "eu sofro.". Sofro. sofro, e ponto final, e qualquer motivo é motivo, e sofrer por atos de pessoas que não conheço, por caráter de pessoas que nunca seriam minhas amigas, por egoísmos (tão humanos, infelizmente) de viver só ao redor do próprio umbigo, de se fazer bem às custas de prejudicar toda uma população de menos favorecidos ... decidi deixar a política de lado quando vi que sofria e estava de mãos atadas.

Acontece que minha memória, embora seja como é, existe. Acontece que, embora tenha tomado a decisão de me isolar o máximo possível do mundo político, estou imersa nele como todos os outros brasileiros, e não tá dando pra fingir que não é comigo...

É comigo, é com você.

Eu me lembro... Lembro da mesquinharia pairando no ar num Brasil de direita. Lembro de um Brasil para poucos, interessado na manutenção de mão de obra barata e numerosa, interessado em manter uma legião de ignorantes compráveis para a época das eleições, lembro que parecia fazer sentido manter um monte de gente mais pobre que nós, classe média, para que não nos sentíssemos tão pobres assim (o meu quintal era mais verde do que o deles...).

Lembro que "Terceiro Mundo" cabia como uma luva... Qualquer um que falasse inglês era tão melhor que nós!

Brasil era só samba, sacanagem e futebol. Só isso.

Viajar pra fora do Brasil era sonho de uma vida, sonho de vida inteira, sonho impossível...

Também havia no ar uma impressão de que tinhamos que caprichar no visual, na maquiagem, pra ver se alguém de fora nos dava algum valor, se dispunha a comprar esse país...

Mesquinharia. É essa a palavra que me vem...

Já tive desilusão com o PT, assumo... eu criança já fazia campanha pro Lula, toda de vermelho, estrela no peito, chorava cantando e sacudindo bandeira... O PT da minha cabecinha inocente era indefectível, incorruptível, insujável, perfeito...

Sempre chega o fim da inocência, todo grupo de humanos é composto por humanos (ora pois!), e se existe um grupo de humanos só com humanos 100% confiáveis, alguém me mostra, pelamordedeus!

A inocência acabou, hora de ser realista. Por ter estado afastada desse mundo uns anos, de livre escolha, tive que recentemente voltar ao mundo e, mais do que observar, sentir.

E eu observei, e senti. Esse Brasil, que eu amo de verdade pra caramba, não é mais o mesmo. O clima mudou. Não só tá mais quente, mais está mais humano, no que isso tem de bom.

Parece que alguém notou que a felicidade é mais feliz quando é compartilhada, que minha grama verde fica mais bonita se a do vizinho esverdear-se também! Alguém percebeu que melhor do que ter mão de obra vasta e quase-de-graça, é melhor ter pessoas mais bem alimentadas, mais orgulhosas de si, mais cientes de seu valor...

O que mudou pra mim, acima do observável, foi o invisível: a auto-estima, o amor próprio, aquele famoso (e agora mais real) orgulho de ser brasileiro.

O que mudou é que agora "Terceiro Mundo" não desce... não cabe mais... é como usar blaiser com ombreiras, topete, cabelo com permanente e maquiagem rosa choque, tão fora de moda!!

O medo é que algumas modas (mesmo horríveis) podem voltar...

Acho que foi isso que me fez rever minha decisão. Não quero que meu país tropical-abençoado-por-Deus-e-bonito-por-natureza dê essa marcha a ré, volte a ser concubina de país mais rico (com todo respeito a essas nobres mulheres). Não quero.

Esse é um desabafo de uma brasileira brasiliense que teme, porque o passado ronda...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Eu, anfíbio.

Descobri que sou um anfíbio.

Preciso de dois mundos pra viver.

Um é ar e terra, o mundo de fora, das coisas cotidianas e concretas, da correria, dos "tenho que", dos deveres, do trabalho.

Outro é água e fogo. É o mundo de dentro, das emoções, sentimentos, do indizível, do mergulho, da calma... É onde me abasteço, me nutro, me molho, onde o ar é mais puro.

Por força de circunstâncias do mundo de fora, às vezes passo um tempo maior sem visitar o mundo de dentro. Fico uns dias sem escrever, sem desenhar, sem dançar, sem meditar, e sinto minha alma ressecar.

Vai me dando um cansaço, uma exaustão do mundo, uma irritação, vontade de chorar... fico sem graça, fico séria, fico blasé, em tons pastéis. Fico monótona, apática, não fico perplexa, não fico feliz...

E isso aqui é um lembrete pra eu não me esquecer mais a que mundo realmente pertenço.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Tô de fora...



Às vezes acordo com a sensação de estar vendo a vida de fora... nada parece ter relação comigo, como se eu não fizesse parte do mundo.

Acordei sem alma... uma sensação de que a vida me espera depois da terceira curva, depois de se abrirem as cortinas, depois do meio da semana, depois que chover em Brasília, depois que eu dormir e acordar de novo...

A alma me sumiu, pero la cabeza me duele!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

um dia poesia...

Queria eu um dia
vir a ser poesia...


Palavras leves, ritmadas,
música levada pelo vento,
tal qual borboleta: cor e ar...

Ser poesia, aquecer um coração...
molhar um olhar, adoçar um sorriso.

Ser leve, flúida
linda! sem ter forma...
abstrata, emoção pura.

Queria ser poesia e passear pela voz, pelas ondas...
não precisar pisar o chão,
não ficar presa no trânsito...

Ser poesia e estar lá, unindo coração e mente.
Parando um minuto do dia de quem me percebe,
um minuto seu,
minha poesia...

Ser quase nuvem, uma nuvem de idéias
idéias bonitas, sutileza, brisa...
Um roçar de lábios no rosto de quem eu quero...

Ser uma poesia abraço, uma poesia sorriso...
Uma poesia chocolate, poesia suspiro...
Poesia edredon, poesia rede na sombra,
simplesmente poesia...

O que é o amor

"Se perguntar o que é o amor pra mim,
Não sei responder,
Não sei explicar...

Mas sei que o amor nasceu dentro de mim,
Me fez renascer,
Me fez despertar!

Me disseram uma vez
Que o danado do amor
Pode ser fatal...
Dor sem ter remédio pra curar...

Me disseram também
Que o amor faz bem
E que vence o mal.
E até hoje ninguém conseguiu definir
O que é o amor...

Quando a gente ama, brilha mais que o sol
É muita luz,
É emoção,
O amor!
Quando a gente ama, é um clarão do luar
Que vem abençoar
O nosso amor!!"

(Arlindo Cruz / Maurição / Fred Camacho)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

To be "in".

Inconformável.
Imprevisível.
Insuportável.
Inadmissível.

Inexpressável.
Inteligível.
Incalculável.
Indefectível.

Inalcansável.
Inexigível.
Inconsolável.
Introduzível.

Inaceitável.
Inexequível.
Inimputável.
Inatingível.

Improvável.
Impossível.
Importável.
Implodível.

Incansável.
Invencível.
Impalpável.
Incrível.

Intocável.
Inaudível.
Incurável.
Invisível.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Saudade...

O amor que eu te tenho é um afeto tão novo
Que não deveria se chamar amor
De tão irreconhecível, tão desconhecido
Que não deveria se chamar amor

Poderia se chamar nuvem
Pois muda de formato a cada instante
Poderia se chamar tempo
Porque parece um filme que nunca assisti antes

Poderia se chamar labirinto
Pois sinto que não conseguirei escapulir
Poderia se chamar aurora
Pois vejo um novo dia que está por vir

Poderia se chamar abismo
Pois é certo que ele não tem fim
Poderia se chamar horizonte
Que parece linha reta, mas sei que não é assim

Poderia se chamar primeiro beijo
Porque não lembro mais do meu passado
Poderia se chamar último adeus
Que meu antigo futuro foi abandonado

Poderia se chamar universo
Porque nunca o entenderei por inteiro
Poderia se chamar palavra louca
Que na verdade quer dizer aventureiro

Poderia se chamar silêncio
Porque minha dor é calada e meu desejo é mudo
E poderia simplesmente não se chamar
Para não significar nada e dar sentido a tudo

(Moska, Que não deveria se chamar amor)

Oxi!

Coisas estranhas acontecem...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A visita de um velho conhecido...

Não é um amigo. É alguém que eu preferiria não ver mais... visita indesejada, daquelas que chega contando piadas de mau gosto, ocupando o telefone, sujando as coisas, mudando tudo de lugar... Ocupa espaço, ocupa o tempo, meu tempo, me deixa por conta de seus caprichos...

Velho conhecido, desde sempre não é bem vindo, mas continua aparecendo por aqui.

Ele vem, e eu não sou livre... freedom is just another word for "nothing left to lose", como disse Janis Joplin.

E eu tenho a perder. Eu amo. Eu temo.

No "tudo lindo" surge uma pequena sombra, e eu sei: é ele vindo, o MEDO.
Chega me apertando o coração e me trazendo mil cenas de filmes tristes e feios.

Sussurra em meu ouvido que quanto maior a altura, maior a queda (e eu não consigo retrucar).
Sussurra que eu não posso ter certezas (e ele está certo).
Sussurra que estou desprotegida, e que ele pode me proteger (e eu fico confusa...). Sussurra que eu ainda não estou pronta, e que eu ainda vou reviver aquilo que jurei que não aconteceria mais, que ainda tropeçarei nas mesmas pedras, levarei os mesmos tombos, machucarei-me em cima da mesma cicatriz, que ainda sou a mesmíssima criança... boba, ingênua, sonhadora, frágil, carente, sensível.
Me desespera, e eu já não sei mais de nada.

Não tenho argumentos que superem os dele, não consigo colocá-lo pra fora de mim. Ele tem o lote do "é possível", de onde não será nunca desapropriado. Como um vilão que, derrotado no final do desenho, grita "eu voltareeeeeeeeeeeiiiiii!", ele vai pro seu lote e de lá fica bolando planos infalíveis, procurando oportunidades, mapeando pontos fracos...

A ele, velho conhecido, visita indesejada, uma poesia como pedido de trégua:

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos,
a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca
e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta:
eles respiravam de antemão o ar que estava à frente,
e ter esta sede era a própria água deles.

Andavam por ruas e ruas falando e rindo,
falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam,
e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras –
e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.

Como eles admiravam estarem juntos!

Até que tudo se transformou em não.

Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles.
Então a grande dança dos erros.
O cerimonial das palavras desacertadas.
Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali.

Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas,
e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam,
sem um sorriso.

Tudo só porque tinham prestado atenção,
só porque não estavam bastante distraídos.
Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.

Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca,
e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.

Tudo, tudo por não estarem mais distraídos." Clarice Lispector

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ao pé da letra - vol. 1

Sobre a palavra "cordância", do verbo "cordar".

Houaiss me disse que não existe...
Google conhece, mas não me explicou o que quer dizer.

Dou então a minha definição, construída pela lógica.
"Cordar" é pensar, no sentido de ter opinião num determinado sentido sobre algum assunto específico.
"Cordância" é o substantivo relacionado a esse pensar, a esse 'ter opinião sobre'.

Aí vem o famoso "o outro", aquele que ao se distinguir de "eu" me mostra que "eu" existe e que somos duas coisas e não uma coisa só, vem esse "outro" que pode ter uma cordândia igual a minha (sua) ou diferente da minha (sua).

Se for igual, ele corda com você, ele concorda. Estão em comunhão, em concordância.

Se diferente, ele não corda com você, ele discorda. Estão em direções opostas, em discordância.

E sempre se pode mudar de idéia.
Eu cordava com você, agora não mais - eu disconcordo.
Eu não cordava com você, e achei mais gente que não corda com você - nós condiscordamos.
Eu não cordava com você, mas agora cordo - eu disdiscordo.

É assim que eu cordo. E você, concorda ou discorda?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Aquele velho desespero...

A vida, o mundo, as pessoas... vêm cheios de "tenho que" pra cima de nós.

Tenta, você aí, dividir suas atividades (diárias e semanais) em duas listas:
"coisas que TENHO QUE fazer" e "coisas que faço porque quero".

Indubitavelmente, a primeira vai ficar ENORMEMENTE maior. E isso é a vida.

Ultimamente, minha lista de "tenho que" anda tão grande que me volta aquele velho desespero: EU NÃO VOU DAR CONTA!!!

Sou só uma, só eu, e não sou super.
O dia continua tendo as mesmas 24 horas, das quais várias são utilizadas em coisas que não diminuem a lista, como dormir, comer, dirigir...
Eu continuo tendo duas mãos, das quais apenas uma é direita, dois olhos, dois ouvidos, um cérebro e uma boca.

Quando penso em tudo isso, o "mundo" e a vida desse jeito, simplesmente não acho que faça algum sentido...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Palavreando...

Se o desencontro é um engano... o encontro é um desengano?

Se eu te dou um ultimato... você me devolve um "eutemato"?

Importunar só ocorre em momento inoportuno, no momento oportuno é oportunidade. Assim, como são raros os momentos oportunos, o mundo vive de inoportunidades.

Um segredo que eu te conto é uma notícia que publico, e um castigo pra você que, ouvindo, não poderá falar.
Por outro lado, se só eu sei, é quase como se nem existisse...

As portas do meu mundo estão abertas... se o seu medo permitir que você entre, seja bem vindo!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Sempre não é todo dia

Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Olhei pro meu espelho e ah....
Gritei o que eu mais queria
Na fresta da minha janela
Raiou, vazou a luz do dia
Entrou sem me pedir licença
Querendo me servir de guia

Na fresta da minha janela
Raiou, vazou a luz do dia
Entrou sem me pedir licença
Querendo me servir de guia

Eu que já sabia tudo
Das rotas da astrologia
Dancei e a cabeça tonta
O meu reinado não previa
Olhei pro meu espelho e ah....
Meu grito não me convencia

Princesa eu sei que sou pra sempre
Mas sempre não é todo dia

Olhei pro meu espelho e ah....
Meu grito não me convencia
Princesa eu sei que sou pra sempre
Mas sempre não é todo dia

Botei o meu nariz a postos
Pro faro e pro que vicia
Senti teu cheiro na semente
Que a manhã me oferecia
Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Eu acho que será pra sempre
Mas sempre não é todo dia

Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Eu acho que será pra sempre
Mas sempre não é todo dia

(Oswaldo Montenegro)

.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O que tempo, dinheiro e papel branco têm em comum?

Não sabe?

Já te digo: encerram em si a possibilidade. Aliás, encerram não é uma boa palavra, porque eles iniciam! Então, eles têm em si A POSSIBILIDADE.

E a possibilidade, o que é? É a célula tronco. É aquilo que, do jeito que está, é nada, mas vale muitíssimo só por poder ser milhares de outras coisas!!!!

A sensação é bem parecida, seja diante de uma folha em branco, diante de um período a começar de dias inúteis ou diante de um dinheiro meio inesperado: em que transformo isso? Qual a melhor forma de utilizar, como maximizar meus ganhos??

Tem quem junte dinheiro por juntar... sem perceber que, não transformado em prazeres e utilidades, ele é só um punhado de opções não realizadas.

O papel branco pode ser desenho (e pode se lindo, bonito, rabisco, obra de arte ou rascunho), pode ser carta (de amor, saudade, dor de cotovelo, bilhete de lembrança), pode ser trabalho, pode ser poesia, pode ser música, pode ser origami, pode ser bola de papel e pode ser lixo...

Do tempo nem falo nada, ele que é tão flexível, relativo e dono de si...

Sei que conselho de nada vale, mas segue um, anyway: junte possibilidades, mas não se esqueça de concretizar coisas, porque nada é mais triste do que chegar ao fim com milhões de "eu poderia ter feito aquilo..." e pouquíssimos "eu vivi isso!!"!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O que faz de um dia um belo dia?

Pode ser o oposto do que faz de um dia um feio dia... ou não...

Sol e céu azul são lindos! A chuva me deixa melancólica, mas às vezes cái bem.
Os passarinhos são lindos! Mas às vezes o som de maritacas às 8h da madrugada de um domingo me deixam bem irritada...
As flores, sim, são lindas! Algumas me fazem espirrar, e eu, que sofro com algumas alergias e um sistema respiratório ineficiente, detesto espirrar.

Os cachorrinhos são lindos! Mas latidas e lambidas nem sempre me agradam.
E os felinos?? Amo de paixão!Mas vou fazer uma confissão: às vezes (só às vezes) aquele tanto de pelo branco na minha roupa preta também enfeia um tiquinho meu dia!!

E agora o ponto principal: AS PESSOAS!!

Elas são sim capazes de fazer qualquer coisa de nossos dias. Podem te alegrar, te animar, te mimar, te irritar, te enervar, te emputecer, entre outras coisas...

terça-feira, 20 de julho de 2010

Arte:



E tenho dito.

"F" de Férias, "f" de fim.

Acabou-se o que era doce.
Teria acabado se fosse salgado.
Se fosse azedo, ficava em segredo.
Bem lenta, nem tenta... faltava pimenta!
Com mais um bocado estaria estufado.
Foi bom, bem bombom, mas ao fim
o que era doce, acabou-se.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

EL SOLIPSISTA

Walter B. Jehová, por cuyo nombre no pido disculpas, pues en realidad ese era su nombre, había sido un solipsista toda la vida. Un solipsista -por si acaso no conoce la palabra- es alguien que cree que él es la única cosa que realmente existe, que las demás personas y el universo en general sólo existen en su mente y que si dejara de imaginárselos dejarían de existir.

Un día, Walter B. Jehová se convirtió en solipsista practicante. En una semana su esposa se había fugado con otro hombre, había perdido su empleo de funcionario en una agencia de envíos y se había roto una pierna corriendo tras un gato negro para evitar que se cruzara en su camino.

Convaleciente en una cama de hospital, decidió acabar con todo.

Miró a través de la ventana, fijó la vista en las estrellas, deseó que dejaran de existir y ya no estaban allí. Luego, deseó que todas las demás personas cesaran su existencia y el hospital se tornó extrañamente callado, incluso para un hospital. Después, deseó que el mundo desapareciera, y se encontró suspendido en un vacío. Se deshizo de su cuerpo casi con la misma facilidad y luego dio el paso final de desear que él mismo no existiera.

Nada sucedió.

-¡Qué extraño! -pensó. ¿Puede haber un limite para el solipsismo?

-Sí -dijo una voz.

-¿Quién eres tú? -preguntó Walter B. Jehová.

-Yo soy quien creó el universo que tú acabas de desaparecer con tu deseo. Y ahora has tomado mi lugar. Hubo un profundo suspiro. -Al fin puedo abandonar mi propia existencia, encontrar el olvido y dejarte a cargo.

-Pero, ¿cómo puedo yo dejar de existir? Es lo que estoy tratando de hacer, ¿sabes?

-Sí, ya lo sé -dijo la voz. Tienes que hacerlo de la misma manera que yo lo hice: Crea un universo. Espera a que alguien en verdad crea lo que tú creíste y desee que ya no exista. Luego te puedes jubilar y dejar que él tome tu lugar. Adiós.

Y la voz desapareció.

Walter B. Jehová estaba solo en el vacío y únicamente había una cosa que podía hacer: Creó el cielo y la tierra.

Tardó siete días.

(não é meu!!)

Vacaciones!!!

Estoy de vacaciones!!!
Vaca - cioooooooooones!
Va, cacionesss!!

Não sei a origem da palavra, mas é uma palavra bacana!
Só não é melhor do que a coisa que ela designa. Bem vinda (eu) a longos dias de horas vagas, utéis ou inúteis a meu bel prazer!! Agenda de férias cheia de compromissos, e mesmo assim feliz, porque são todos escolhidos por mim e os levarei a termo (inspiração: Saramago) na hora em que melhor me aprouver!!!

Terminei de ler dois livros e já comecei outro.
Passei a manhã em consulta médica e exames sem nenhum pesinho na consciência porque deveria estar trabalhando (ok, sou caxiNHas e bocó).
Fiz uma declaração retificadora de IR.
Passeei de carro pela cidade com mi mams, vi as paredes erguidas, senti o sol solapante do inverno candango, dei uma volta no carrefour!
Caminhei e corri no parque e ainda fiz meia hora de ioga na volta. Pra curtir as dores musculares, assisti um filme em companhia de Mafaldinha, e agora, enquanto me preparo pra deitar e ler mais um pouco de Jung antes de dormir, venho aqui me expressar.

Fala sério... o trabalho pode até dignificar o homem, mas rouba um tempo FDP que é sempre melhor gasto sem ele!! ;)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

1º de Julho

Eu vejo que aprendi
O quanto te ensinei
E é nos teus braços que ele vai saber
Não há por que voltar
Não penso em te seguir
Não quero mais a tua insensatez
O que fazes sem pensar aprendeste do olhar
E das palavras que guardei pra ti

Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso,
Vale mais o coração
Já que não me entendes, não me julgues
Não me tentes
O que sabes fazer agora
Veio tudo de nossas horas
Eu não minto, eu não sou assim

Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava a teu lado então
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua Deusa, meu amor

Alguma coisa aconteceu
Do ventre nasce um novo coração

Não penso em me vingar (nã nã nã não)
Não sou assim
A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso
Vale mais o coração
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava ao teu lado então

Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa, meu amor

Baby, baby, baby, baby
Yeah!

O que fazes por sonhar
É o mundo que virá, pra ti.. para mim...

Vamos descobrir o mundo juntos, baby
Quero aprender com o teu pequeno grande coração
Meu amor, meu amor...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Venceu?

Era uma vez um extintor de incêndio vermelho, de parede.

Um dia, ele venceu!

E, vencendo, deixou te ter valor e se tornou um perdedor.

terça-feira, 29 de junho de 2010

O barro e o homem.

Se o homem foi feito do barro mesmo, eu não sei (e pra falar a verdade, duvido muito).

Sei que há o barro, e há o homem.

Ontem, matutando sobre a diversidade de temperamentos humanos, mais uma vez tentando encontrar o porquê de algumas pessoas acharem que é tão bom ser insuportável, veio-me a mente a idéia de como as palavras se assemelham ao barro.

Há barro, há homem, e há palavras.

Os homens (seres humanos) se utilizam do que há no mundo para se contruirem, e contruirem o mundo também. Nessas construções, usam o barro e as palavras.

Há quem, com barro, só faça poeira, sujeira, lama.
Há quem faça tijolos.
Há quem faça bolotas pra jogar nos outros.
Há quem faça panelas, potes, vasos, utensílios vários.
E há quem faça esculturas.

As coisas estão pelo mundo, e há quem se utilize das coisas pra fazer pior a vida alheia.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Torcer pelo Brasil!

Independente das épocas dos anos, eu torço pelo Brasil.

Em anos bissextos, temos Olimpíadas.

Sempre dois anos depois, temos Copa do Mundo, coincidindo com as Eleições (que, de acordo com Rita Lee, têm um lugar bem menos prioritário do que a Copa nos corações brasileiros).

Independente disso, eu torço pelo Brasil.

E penso que torcer tem de vir do coração, com apoio positivo da razão! Como assim? Já te explico.

Tem gente que só torce se achar que o time tá bom. Já ouvi vários "não tô torcendo pelo Brasil, o Dunga é um mané", ou "não tô torcendo pelo Brasil, esse time não tem chances". Eu, a pessoa que aqui escreve, não trabalha na FIFA. Não escolho o técnico. Não tenho um time, nem acompanho a vida e a qualidade de cada um dos jogadores de futebol do "mundo". Se o Dunga é bom ou não? Ah, sei lá, deve haver melhores, deve haver piores. Os jogadores e o técnicos são umas pessoas, seres humanos, cheios de defeitos e qualidades como qualquer um dos outros seres humanos do mundo (ó nóis aí!).

E é pelo Brasil que eu torço. Quando essas pessoas estão lá, representando meu país, são todos credores de minha devota fé (poético isso!). Eles me representam (e a você, brasileiro) lá, e o meu sentimento deve ser tipo o que os pais deveriam ter quanto a seus filhos: independente de tudo, acredito que chegarão longe, e torço muito!

E vibro pelo Brasil a cada dia. Vibro com os gols, com as melhoras na vida de meus compatriotas. Vibro quando desmontam alguma quadrilha, pois tenho esperança que o tráfico de drogas e a violência podem diminuir. Vibro e sofro quando identificam e prendem pessoas cruéis, capazes de destruir com seus caprichos a vida de crianças, de seus próprios filhos e filhas, netos e netas. Vibro quando alguns de nossos representantes eleitos que se esqueceram de que não são representantes apenas de seus próprios umbigos são pegos, têm seus mandatos cassados (olha que lindo, não é com "ç"!) e alguns até mesmo vão pro cubículo gradeado que fazem jus (que não é com "z")!! Vibro com a alegria e a espontaneidade do povo brasileiro, com a afetividade explícita, e com o sol e os ipês floridos da minha cidade!

E sofro pelo Brasil a cada dia. Sofro com um certo egoísmo cultural generalizado, sofro com a banalização de coisas sérias. Sofro com as mulheres que se vendem como frutas, abdicando de seus cérebros que atrofiaram enquanto hipertrofiavam outras partes do corpo. Sofro com a prostituição precoce de meninas a quem não são dadas outras oportunidades. Sofro com a violência crescente. Sofro quando meu time Brasil leva um gol, quando perde...

Eu torço pelo meu país. Com seus defeitos, com suas qualidades, eu quero que chegue longe. Minha torcida vem do coração, e o amor é míope mesmo. E eu tento fazer a minha parte, com boas ações e boas energias, pra que ele seja sempre campeão!

How about you? ;)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cansaço.

O bom humor do mundo hoje me deixou.
Estou chata, ranzinza e rabugenta desde que o despertador sambou pra me tirar da cama.

Posso culpar a TPM, mas ela tem cúmplices pacas.

As pessoas são irritantes. Às vezes são lindas e fofas e tal, mas hoje elas são irritantes. Todas. Incluindo você. E incluindo eu mesma.

E os computadores?
Vou te contar um segredo: são buracos negros de tempo!

Sim, eles te vendem (e te vendem eles com) uma idéia bem bonita de que vão facilitar horrores sua vida! O que você faria em três dias, com a ajuda das maravilhas tecnológicas você é capaz de fazer em duas horas!!

Só não te contaram que o tempo que eles te economizam, eles te cobram em dobro.

Eles dão ao mundo a certeza de que o que faria em três dias você agora efetivamente FAZ em duas horas, e o mundo pode esperar que em três dias você faça doze vezes o que fazia em três dias. E o mundo vai te cobrar isso. E você vai ver que pra fazer doze vezes o que você fazia em três dias, você vai gastar uns cinco dias (inclusive por problemas de ordem tecnológica), e vai se sentir um fracassado por esses dois dias a mais. Vai se cobrar mais, vão te cobrar mais, e você vai ficar estressado.
E vai perceber, depois de um tempo, que tem muito menos tempo desde que te venderam objetos que iam te economizar tempo!

E eu estou nhé mesmo.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Uma pessoa apaixonada!

Uma pessoa apaixonada às vezes nem sabe direito como a vida pode parecer tão diferente, mesmo estando tão parecida!

Ela acorda mais cedo do que gostaria, devido a compromissos, e ao invés de resmungar se emociona com o sol, que parece mais bonito e gostoso àquela hora do que em qualquer outra hora!

Ela pega um pequeno engarrafamento, e passa esse tempo a mais cantando, curtindo o calor do sol num dia frio de inverno, curtindo uma alegriazinha que veio tirar férias em seu peito, sem aviso de onde veio...

A pessoa apaixonada sente que há vida em excesso. Tem vontade de se derramar, de se explodir, de ocupar o mundo! Não entende direito o mal humor, a grosseria, a falta de educação, a raiva, o egoísmo, a maldade que insiste em existir, e que não some nem mesmo quando se vê a vida por lentes cor-de-rosa.

Sente uma paz tão agitada, tão inquietante, que até aperreia, porque não pode durar pra sempre... é, não pode... essa alegriazinha, de férias, um dia deve partir, sempre parte.

Mas o momento da partida não é chegado, e ninguém vai dizer à pessoa apaixonada que sofra de véspera! Porque, acima de tudo, a pessoa apaixonada sempre tem certeza da eternidade, a esperança de que a alegriazinha goste desse peito e se mude de mala e cuia, pra nunca mais ela ir embora, "pra nunca mais tu me deixar...".

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Imprevistos!

Tem uma pilastra do meio da parede, no meio da parede tem uma pilastra.

E a vida consiste em lidar com os imprevistos que sempre surgem pra nos mostrar que, obviamente devemos fazer planos, mas mais obviamente ainda, devemos nos desapegar de nossos planos, porque a realidade não liga lhufas para nossas expectativas.

Mais uma vez, o caminho do meio: não dá pra viver à deriva, sem rumo, sem objetivo... mas não queira ser inflexível com os planejamentos que faz, ou você infartará muito antes da hora!

E quando aparece a tal da pilastra, bem lá no meio da parede que deveria se desintegrar, como não queremos botar o resto do mundo abaixo, nos resta a adaptação: adaptar os planos, os projetos, as idéias, os pensamentos, os quereres, os fazeres...

Adaptar não é acomodar, não é a xoxisse, o "tanto faz", a inércia, a apatia... adaptar é mudar a rota. É, face aos imprevistos, traçar um novo melhor rumo, um novo melhor plano que leve em conta aquele monstro que não deveria estar ali, mas está.

C'est la vie...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

E mais Saramago...

Humanidade
Por Fundação José Saramago
"Têm razão os cépticos quando afirmam que a história da humanidade é uma interminável sucessão de ocasiões perdidas. Felizmente, graças à inesgotável generosidade da imaginação, cá vamos suprindo as faltas, preenchendo as lacunas o melhor que se pode, rompendo passagens em becos sem saída e que sem saída irão continuar, inventando chaves para abrir portas órfãs de fechadura ou que nunca tiveram."
In A Viagem do Elefante, Editorial Caminho, p. 223
(Selecção de Diego Mesa)

Babel
Por Fundação José Saramago
"Todos os dicionários juntos não contêm nem metade dos termos de que precisaríamos para nos entendermos uns aos outros."
In O Homem Duplicado, Editorial Caminho, 2.ª ed., p. 127

O silêncio
Por Fundação José Saramago
"Provavelmente está feito de suspiros o silêncio que precede o silêncio do mundo."
In Cadernos de Lanzarote, Diário IV, Editorial Caminho, 3.ª ed., p. 204

Esta crise
Por Fundação José Saramago
"Esta crise – iniciada em 2007 – está a fazer com que se desmoronem muitos princípios liberais ou neo-liberais: parece que afinal o mercado não se regula sozinho, que pode colapsar-se, e então, oh, há que chamar o estado… Está claro: privatizam-se os lucros, as perdas assumimo-las todos. Parece que esta crise acabará com um regresso ao estado perante um liberalismo que se vendia como a salvação, o fim da história… Embora também possa acontecer que se mude alguma coisa para que tudo continue na mesma. O capitalismo tem a pele dura."
José Saramago ao jornal Expresso, Lisboa, 11 de Outubro de 2008

Podemos mais
Por Fundação José Saramago
"Esta palavra esperança, com maiúscula ou sem ela, o melhor é riscá-la do nosso vocabulário. Só os exilados e os desterrados que se conformaram com o desterro e o exílio a devem usar, à falta de melhor. Dá-lhes consolo e alívio. Os não conformados têm outra palavra mais enérgica: vontade."
“Esta palavra esperança”, in Deste Mundo e do Outro, Editorial Caminho, 7.ª ed., P. 153 (Selecção de Diego Mesa)

Saramago

Educar para a paz
Por Fundação José Saramago

"Resulta muito mais fácil educar os povos para a guerra do que para a paz. Para educar no espírito bélico basta apelar aos mais baixos instintos. Educar para a paz implica ensinar a reconhecer o outro, a escutar os seus argumentos, a entender as suas limitações, a negociar com ele, a chegar a acordos. Essa dificuldade explica que os pacifistas nunca contem com a força suficiente para ganhar… as guerras."

Mais um triste dia... =(

Outra morte que me toca, essa mais de longe...

Morreu Saramago. Viveu muito, escreveu demais, pontuou de menos... Tem quem não goste de seu estilo, livre e flúido, poucos pontos e letras maiúsculas, muitas vírgulas, sem o famoso "dois pontos parágrafo travessão" pra exibir diálogos...

Eu amo. Entre forma e conteúdo, fico com o segundo. E o conteúdo dos escritos de Saramago é fantástico. Já me senti caminhando com Jesus, me apaixonando com ele, brigando com Deus ao lado dele, no Evangelho Segundo Jesus Cristo.
Já imaginei as consequências, e sofri, com uma epidemia de cegueira branca, vendo aflorar o melhor e o pior do ser humano, o caos, a essência...
Hoje acompanho Caim, e entendo seu crime, e é tudo tão humano...

Estou triste. Em meio de Copa do Mundo, essa foi a notícia que mais me abalou essa semana.

Segue uma postagem dele...

"Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma."
Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008

quinta-feira, 17 de junho de 2010

crescer

O que você queria ser quando crescesse?
Deu certo?

Eu não sabia... mas hoje sei que ainda não cheguei lá!

Quando crescer, eu quero ser um pouco diferente de hoje!
Na verdade, já cresci bastante...

Quando crescer quero ser menos adulta em alguns pontos e mais madura em outros.

Quero dedicar mais mais tempo pros "eu quero" do que pros "tenho que".

E se até lá não mudar de idéia, eu quero ser psicóloga quando crescer!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Individualidade x sociedade - Mário Corso

O dramático em nossa sociedade é justamente a exigência da individualidade, o valor que damos a ser únicos, ímpares, e ter que conviver numa sociedade a cada dia mais massificadora. A individualidade é vendida como algo natural – e não como uma construção social de alguns séculos. Dá muito trabalho e é fonte de um bate-cabeça eterno com nossos semelhantes.

É complicado de compreender, já que nossa subjetividade nasce dessa interação: é o olhar da mãe, é o modo como nossa família fica dizendo o que somos e o que seremos que nos constitui como alguém que acabamos nos tornando um dia. Mas passamos o resto da vida tentando lidar, nos digladiando com a importância superlativa que esse olhar do outro tem sobre nós. Precisamos partilhar a vida com outros seres humanos, amar e ser amados, mas odiamos depender tanto, e acabamos mesmo odiando todos aqueles cuja presença no mundo parece ocupar o mesmo lugar da nossa ou mesmo excluí-la.

Vivemos em camadas onde o círculo da intimidade, das classes sociais, das culturas, nada disso dialoga entre si. Temos pavor de todo tipo de diferença e questionamento. Portanto, não adianta treinar as crianças para a tolerância se estamos tentando abafar nelas, e em nós, tudo aquilo que nos impede de compreender o contexto maior da nossa vida, a repercussão de nossos atos e pensamentos individuais sobre o lugar e o tempo em que vivemos. Nosso isolamento alienado faz com que tudo seja vivido como ameaça à nossa integridade. Tendemos, então, a sermos defensivos como cães em seu jardim.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Percebi que,

ao contrário do Renato Russo, eu continuo desperdiçando chances de provar pra todo mundo que eu não preciso provar nada pra ninguém...

=/


.

O anormal e o incomum.

Meu avô às vezes, quando ficava bravo com alguém, xingava a pessoa de "comum".
Acho isso fantástico.

Estamos na era da massificação da individualização. Todos querem se sentir super únicos e especiais, na verdade buscando se parecer muito com um tipo específico de único e especial que lhes agrade, um modelo com o qual se identificam. E dá-lhe o consumismo...

Daí temos todas as "tribos": playboys, patricinhas, mauricinhos, malas, emos, punks, hippies, junks, afroreggaes, nerds, roqueiros, pagodeiros, forrozeiros, bombados... na base do consumo, se diferenciam de todos os outros, ficando iguais idênticos a todos os outros do modelo escolhido... na verdade, bem comuns dentro de sua tribo...

Quase nada contra, se diferenciar de uns é se identificar com outros, não há muito pra onde fugir.

Minha encrenca é outra. Ninguém quer ser comum, mas todos querem se dizer normais. Melhorando a frase, todos querem ser incomuns e diferentes e únicos, mas ninguém quer ser tachado de anormal.

E é aí que eu protesto.

Desde que inventaram a estatística e deram àquela curva em forma de sino o fatídico nome de "curva normal", ser incomum se transformou em ser anormal. E o rótulo para a minoria que não se encaixa lá no meio da cueca (é a curva vista de baixo pra cima) come solto. Se você apresenta alguns desvios-padrão em relação à média, só lamento, é um anormal.

Só é normal quem é bem parecido com a maioria (comum).

Agora, por que é que sinônimos (comum e normal) viraram antônimos (quero ser tido como normal, mas não quero ser visto como comum), ninguém nunca me explicou.

Por isso, pra diminuir a rotulação, que gera tanto preconceito e discriminação e sofrimento para os "não-normais", sugiro que a curva passe a se chamar "curva comum", o que inclusive combina muito mais com o espírito da estatística.

Assim, se você esta na média, é comum. Se é diferente, é incomum. E anormal é o esquindô de cócoras nos cabrobró do brejo!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Declaração de Clara Ação

E se não se falar em amor?
E se isso não fizer falta?
E se o "para sempre" nunca for mais
do que um simples "agora" a mais?

E se, ao jogarmos fora as certezas
com elas forem embora também as dúvidas??

E se, para ser feliz, for preciso abrir mão de querer ser feliz,
e se decidir apenas por viver...

E se eu não criar de você imagens,
não te aprisionar em modelos,
não pensar que te conheço bem,
nem saber de cor suas reações, nem ler seus pensamentos, nem predizer as suas falas...
E se com isso eu mantiver a capacidade de permanecer me encantando,
de me surpreender, de conhecer ainda mais, sem a pretensão de realmente vir a saber...

E assim te garantir liberdade,
liberdade para ser você, para mudar, para ser outro você, se assim quiser,
sem que isso me assuste ou me afaste...

E se eu também não te der certezas?
Não permitir que me desvende ao todo...
Se eu parar de criar regras, pra mim mesma e para o mundo?

E se eu me permitir a instabilidade, a flexibilidade, o não saber, o mudar de idéia, o descobrir, o abandonar?

E se então abandonássemos as sempre falsas e até ontem necessárias ilusões de controle?
E se assumíssemos o tamanho do nosso desconhecimento, de nós mesmos, do outro, do mundo, sem que isso nos trouxesse desespero ou paralisia?

E se a única promessa feita for a de ser sincera e ser delicada,
e ser cuidadosa com todos os sentimentos envolvidos?

E se ao ter medos, que nós os enfrentemos...
que não fujamos dos infinitos desconhecidos que aparecem quando abraçamos esses caminhos de incertezas...

E se o compromisso for manter simples,
manter tranquilo cada coração,
manter a honestidade consigo mesmo...
E manter o carinho, e o sorriso, e o abraço...

...não sei o que seria isso afinal, mas...
o que mais haveríamos de querer?


25/11/2009

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Viajando...

Se eu tivesse nascido no Japão, de mãe e pai japoneses, o quanto de mim mesma eu seria hoje?

O quão igual eu pensaria ao que penso hoje? Será que eu falaria e escreveria tanto, se escrevesse com aquelas letrinhas bonitinhas e que pra mim, hoje, não significam nada?

Será que eu seria tão questionadora e gostaria tanto de abraços se eu tivesse nascido e vivido naquela cultura de lá??

Talvez fosse tão nerd quanto sou hoje...

Será que eu poderia viver a vida toda sem feijão preto e brigadeiro (não juntos, óbvio)?

E se eu tivesse nascido numa favela do Brasil? Se meu pai fosse traficante? Se o pastor da igreja tivesse abusado de mim? Se minha mãe me espancasse? Se eu fosse analfabeta (ok, eu não estaria escrevendo aqui), e não tivesse lido tudo que li até hoje... o que eu seria comparado com o que sou hoje?

Eu sei, sei de verdade, que pensar nos "se" não leva ninguém pra frente. Mas acho que refletir sempre vale a pena.

Nada disso aconteceu, e hoje sou isso aqui. Você não é isso aqui, porque isso aqui sou eu. Você quer me entender? E se nem eu me entendo?!

A injustiça me incomoda, a incoerência entre discurso e ação me irrita, a infantilidade me cansa... resmungos e reclamações me chateiam, a tristeza me entristece, a dor me enternece, a simpatia me agrada e o amor me move.

Palavras

"::: Palavras

Palavras não são só palavras... Nunca. Palavras têm forma, cor e textura. Palavras têm peso, cheiro e gosto. Palavras têm alma e têm rosto. Palavras têm vida.

Existem palavras-arma, que atiram e machucam, podem até matar. Não pessoas, sentimentos.
Palavras-agulha, o que elas injetam faz efeitos diferentes em cada um. Ou não fazem efeito algum.
Palavras-bálsamo, se ditas na hora certa aliviam a dor.
Palavras-chiclete, ficam marcadas e grudadas pra sempre.
Palavras-felpa, nunca dá pra consegue extrair por inteiro.
Palavras-chave, que abrem qualquer porta. São as mais perigosas, nunca se sabe o que vai encontrar. Pode ser um trem, que te atropela, um jardim ou um local de acesso restrito.
Palavras-kleenex, servem pra secar lágrimas, Palavras-borboleta, que voam, palavras-pernilongo, zumbem no seu ouvido e você não sabe de onde vêm. E meu Deus, as palavras-tumor, se retiradas a tempo não matam.

As palavras nunca são só palavras. Sim, a boca só obedece o cérebro, logo, palavras são pensamentos, de momento ou de uma vida. Antes de sair, elas passam pela alma e pelo coração. E pela cabeça. Então, my beloved, cuidado com as palavras, elas são tudo que eu tenho agora.

Clarah
26.5.97"

Captou?

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Se fosse fácil todo mundo era...

Filhos do Câncer (Zé Ramalho - Fagner)

Hoje quero sentir-me, quando deitar-me nas pedras
Como um lagarto que dorme, na incoerência das eras

Sentar-me-ei entre feras e sentirei no seu hálito
A solução das esperas e um sofrimento esquálido

Adormecendo as uvas, reconstruindo em favas
Aconteceram as chuvas, redespertaram em lavas
Compareceram em chamas, estrangularam as falas
Carbonizaram miúdos, perpetuaram-se em galas

Filhos de freud, filhos de marx
Filhos de brecht, filhos de bach
Filhos do câncer, filhos de getúlio
Filhos do carbono, filhos de lampião

Se fosse fácil todo mundo era
Se fosse muito todo mundo tinha
Se fosse raso ninguém se afogava
Se fosse perto todo mundo vinha

Se fosse graça todo mundo ria
Se fosse frio ninguém se queimava
Se fosse claro todo mundo via
Se fosse limpo ninguém se sujava

Se fosse farto todos satisfeitos
Se fosse largo tudo acomodava
Se fosse hoje todo mundo ontem
Se fosse tudo nada aqui restava

Se fosse homem junto com mulher
Se cada bicho fosse como vou

Se fosse tudo claro pensamento
Nesse momento nada se criou

E um pouco mais de Averbuck.

"::: A Ordem

A ordem foi escolher entre meu corpo e minha alma. Ambos são teus, mas segundo a ordem, tinha que escolher. Girando em torno do Sol, segue a ordem que vem de dentro, te ouve. Senão, é falsa moral. É não ser livre. É sucumbir ao que tu não quer, é ser o que tu critica. Deixa fluir, faz o que tu sentir, não te prende ao que querem, nem ao que quer que seja, não existe certo ou errado, são só caminhos opostos. E eu expando a minha luz, Clarah, sem me reprimir nem me culpar. Eu sigo a minha ordem. Sou líder da minha vida, e a minha liberdade é de alma, mas mantém o corpo preso. E eu queimo, me queimo, ardo em febre, ferro em brasa, minha carne, meu karma. Ainda não somos seres etéreos, luv. Ainda temos essa carne densa que nos prende e nos afasta. Mas não faz mal. Tu escolheu minha alma."

de Clarah Averbuck

Na companhia de Freud e de minha bexiga...

... passei a manhã no hospital.

Um dos maiores prazeres do ser humano, o de urinar, estava me penalizando com dores e queimações. Esperei alguns dias, às vezes é frescura e passa sozinho... depois de 2,5 dias não passou sozinho, não era frescura, piorou e resolvi procurar um dotô.

Acordei antes das 7h, antes das 8h estava no pronto socorro do hospital. Às 9h o dotô me antendeu, às 9h05 me encaminhou ao Sabin pra colher amostra (hospital particular, 1 hora de espera e 5 minutos de consulta... pois!). No Sabin disseram que o resultado sairia em mais ou menos uma hora, resolvi esperar lá. Afinal, Freud estava comigo.

E eu estou apaixonada por ele. Ele escreve de um jeito tão simpático! É como conversar com um amigo bem inteligente, mesmo só ele falando e eu escutando (lendo). Serei obrigada a colar trechos do livro aqui!

Mas não agora... cheguei no trabalho quase 13h, com o diagnóstico de infecção urinária e um antibiótico poderoso de dose única pra tomar. Se tudo correr bem, amanhã voltarei a sentir esse simples prazer...

terça-feira, 8 de junho de 2010

O bom da TPM!

O bom da TPM é poder por a culpa nela.

Eu, por exemplo, não estou de TPM. Mas estou tremendamente irada, uma Raiva que se hospedou aqui, sem motivo certo, que às vezes vai ali e logo volta, mas embora pro Beleléu ou pra Conchinchina ou pra Tanzânia ela não vai... e isso já dura dias incontados.

Nas ausências da Raiva, outros sentimentos dão as caras. Melancolia em primeiro lugar, aquela saudade de sei-lá-o-que, um aperto no peito e vontade de chorar pelas coisas menos emotivas do universo. Se não é a Melancolia, às vezes dona Euforia vem. E o mundo fica ma-ra-vi-lho-so, liiiiiiiiiiindo, estupeeeendo e eu me sinto tããããooooooo feliz e alegre e saltitante!!!!

Às vezes vem o Desespero. Tenho mais livros do que tempo pra ler, mais amigos do que finais de semana pra curtir, mais obrigações do que gostaria, menos tempo a toa do que gostaria, e não consigo equilibrar, não consigo organizar, não consigo dar conta. Desespero, as coisas estão quase sempre meio fora de controle (sometimes, totalmente).

Mas aí a Raiva volta. Sinto-a circular junto com meu sangue, minha expiração deve ter o cheiro dela. E sinto raiva porque o dia está lindo(!) e eu estou presa no trabalho. Sinto raiva porque meu chefe me passa trabalho (e eu sei que essa é a função dele). Sinto raiva porque sei que vou pegar trânsito no fim da tarde, e não posso fugir disso. Sinto raiva, RAIVA, e ponto final.

Se eu fosse mais (muuuuuito mais) doida, eu poderia matar alguém. Se eu fosse um pouco mais doida, eu poderia falar palavrões e mandar as pessoas para lugares feios. Sendo eu apenas eu mesma, eu só a sinto, a raiva.

E nem posso culpar a TPM. =/

Silêncio Constrangedor

Pois!

Sempre que estou em uma festa ou reuniãozinha, quando todos estão eufóricos e agitados e falantes e empolgados, sempre começo a esperar por ele: o Silêncio Constrangedor.

Deve haver uma boa explicação... a sensação é que o assunto de todos acaba no mesmíssimo exato instante, e no máximo um "ai ai..." anuncia que ele chegou. Então todos, sem exceção, parecem de repente ficar sem graça, olham pro chão, pro teto, pro relógio, pras unhas... ninguém se olha nos olhos quando ele chega. Talvez por alguns segundos nem passe nada pelas suas cabeças, ou no máximo um "como posso me teletransportar daqui sem deixar vestígios?".

É, deve haver uma boa explicação.

Talvez seja um espírito que decide que é a hora de ele falar, e todos se calam.
Talvez sejam os neurônios espelhos espelhando o silêncio e constrangimento dos outros.
Talvez seja uma pequena depressão que segue grandes euforias, como se um pico de energia causasse um pequeno apagão.
Talvez não seja nada disso...

Mais um dela!

Meu predileto nº 1:

"::Do início ao mail.

Fecha a porta. Fecha a janela. Fecha a boca e me escuta um pouco. Baixa a guarda, tenta não comprar briga, ainda não foi o suficiente? Eu cansei. Agora vou responder a todas tuas ofensas com sorrisos e tranformar todas as flechas em flores. Vou te desarmar até você desistir de tentar me agredir. Você me atinge simplesmente respirando, não precisa atirar só pra me ver sangrar. E eu sei que te atinjo também, não adianta negar, eu vi, eu sei e eu sinto. Não adianta nem gritar, como você sempre faz. A única resposta vai ser meu silêncio. Sabemos, ambos, que é verdade, e que ainda não terminou. E por mais que tentemos, não termina até chegar ao fim, e nós paramos na metade. É, eu também não queria que fosse assim. Queria poder te apagar e começar de novo, de longe, sem duelos. Sem egos, sem gritos, sem choro, sem brigas de maternal. Sem nada além do que flui, sem teus morros e monstros no caminho. Teus, porque os meus viraram anjinhos. Todos temos motivos, darling, mas chega de guerra. Agora vou transformar toda a revolta em perfume, toda a agressão em veludo, toda a mágoa em doce e toda o rancor em música. Eu sei que são tentativas de demostrar o que sente, explosões de carinho em forma de violência, mas isso acabou. Fecha a porta. Fecha a janela. Fecha os olhos e espera. Um dia melhora. Paz."

Clarah Averbuck

Homenagem (não é plágio)!

Lembrei-me do Blog que eu mais amava há 9 anos atrás.
A pessoa que me falou dele não existe mais na minha vida, e talvez esse blog (e um livro) tenham sido as heranças positivas de sua passagem...

Whatever, o que me importa aqui nesse momento é que estou FELIZZZZ! porque lembrei do Blog, e lembrei que eu copiei num e-mail pra mim mesma os meus textos prediletos!

E a homenagem é à autora, Clarah Averbuck, Blog Brasileira Preta, capítulo dexedrina!!!!

Segue um dos textos (o primeiro de alguns que porei aqui):

"::: Menina Má

Se você tem medo agora, espere até eu tirar minha maquiagem. Espere. Balanço ao vento, tento ver se vem alguém pelo caminho do meio. Ninguém. E não diga mais nada, não fale comigo, rosno entre os dentes que você me faz querer morrer.

Quero ser suja, puta, louca, quero gritar e sentir meu sangue escorrer nos olhos depois de bater a cabeça na parede, uma, duas, mil vezes. Quero chorar e gritar e tentar fugir e não conseguir. Quero sofrer. Quero dor. Quero conflito. Quero grades, quero sujeira, quero queimar. Vou entrar no meu buraco e de lá não saio até que me provem que aqui fora pode ser melhor do que a insanidade quentinha. Não tente me acalmar, não tente me beijar senão eu corto a tua língua e bebo todo o teu sangue. Não quero ninguém respirando aqui por perto até que eu arranque o último fio da minha certeza. Por favor, não entre na minha casa com esses pés sujos de boa vontade. Deixe a simpatia na porta, junto com os sapatos e os dedos. Pensando bem, deixe também as pernas e venha se arrastando até onde eu possa marchar sobre o teu rostinho limpo. Sujeira. Eu quero sujeira. Talvez se você parasse de fazer a barba as coisas melhorassem um pouco. É isso, pare de fazer a barba e passe essa gilete pra cá."

...foram só sonhos...

mas neles quase morri duas vezes!
Em um eu subia em um lugar semicircular, parecia o Brasília Shopping! Subia pra salvar um gatinho ou um bebê, agora não me lembro... Mas uma vez lá em cima, comecei a escorregar e caí de bunda lá embaixo, vários metros de altura! Doeu pra caramba, minha prima apareceu, o bebê ou gatinho não se machucou e ninguém deu a mínima pras minhas dores... começamos a falar de dever de casa e o sonho acabou.

O outro foi mais estranho... precisávamos pegar um elevador, mas era só uma área destinada a ser elevador dentro do prédio, no canto... tinha um tempo estabelecido pras pessoas ocuparem a área, circular, e então tocava uma sirene e subia do chão uma coisa pra dividir essa área do resto, em forma de ondinhas. Uma pessoa tentava entrar depois da sirene, mas essa coisa subia depressa e ela ficou. Então o elevador começava a subir, mas o teto não saía de lá. Ficamos prensados contra o teto e morreríamos todos esmagados, mas o sonho nao quis me matar, rolou um "deja vu" e ao percerbermos que o teto não iria abrir, saltamos todos de volta pro chão! Menos a pessoa que tentou entrar e não conseguiu... nessa hora era um homem (antes parecia uma mulher de terno e gravata).Esse homem ficou lá, e morreu esmagado entre o teto e o elevador.

Houveram mais sonhos, mas não lembro...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Querido Blog...

Hoje iniciei um Twitter.

Resolvi experimentar essa nova ferramenta tecnológica-ultra-ligeira de comunicação on line, até porque estava me sentindo meio excluída, digitalmente falando.

Por favor, querido Blog, não se sinta traído. Vim aqui te dizer que minha admiração e carinho por você cresceram ainda mais! Você me dá todo o espaço que preciso, uma real liberdade de expressão, em forma e conteúdo!

O Twitter é um fast food internético, pílulas de informação. Ele limita meu espaço!! Acredita? Eeeeeuuuu, que nunca caibo nas linhas a mim destinadas, que sempre falo mais do que deveria, principalmente por escrito, eeeeuuu, estou tentando caber lá.

Eu, verborrágica (eba, uma proparoxítona!), metafórica (outra!!) e prolixa (na verdade, nem me considero...), tendo de me conter e contar as letrinhas!

O Twitter nem me deixou citar uma frase completa de Freud...

Contudo, inclusão é inclusão, estou no "mundo" e dependo, como todos, do olhar do "outro" para existir e talz... tentarei me adaptar ao twitter!

Mas não se preocupe, nosso relacionamento é sério, e eu não te abandonarei!!

Beijo!

Um brinde a Maslow!

E à sua Pirâmide de Necessidades!!

Há controvérsias, sempre há, mas o rapaz não mentiu.

Uma pessoa sem suas necessidades mais básicas satisfeitas não consegue se focar em objetivos mais nobres.

Um ser humano com fome, ou apertado para ir ao banheiro, ou com sono, ou com sede, vai ficando menos racional a cada segundo que passa. Se transforma gradualmente em um bicho, no pior sentido que a palavra pode ter... não demora para começar a rosnar, morder se necessário. A irritação fica à flor da pele, e um simples bom dia pode despertar uma ira fenomenal!

Como pensar em ter sucesso, em fazer amigos, em diversão, em trabalho, em estudar, se sua barriga ronca, ou sua garganta está seca, ou seus olhos estão pesados e seu cérebro está lento?

Não dá.

E isso explica muita coisa...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Matutando sobre o "óbvio"

Às vezes penso que as coisas são bem óbvias.

Penso que o que penso faz tanto sentido que não faz sentido algum alguém pensar o oposto do que eu penso. Só que olho pro "mundo" e vejo que as coisas não são como deviam ser, óbvias.

Então penso sobre o que penso, e percebo que tem tanta gente no "mundo"... gente que viveu coisas que nunca vivi, viu coisas que nunca vi, sentiu coisas que nunca senti... gente que convive com gente capaz de coisas com as quais nunca convivi...

Há quem faça o mal, e quem goste disso. Quem sinta prazer com o que me causa horror. Provavelmente há quem não entenda o que me dá prazer.

Somos todos tão ínfimos...

Se penso nos porquês de o "mundo" não ser melhor do que é, sempre me deparo com uma coisa enorme, concreta, fortíssima, uma verdadeira muralha intransponível: o "conflito de interesses".

"Interesses" seriam os pensares e quereres de cada um, construídos com base em seus sentires, viveres, saberes (se essas palavras por acaso não existirem, basta que o sentido delas seja compreendido).

É isso que torna pouco óbvio para um alguém o que é óbvio pro outro. É isso que embaralha o "mundo": é como um navio ENORME, com cada um, ou cada grupinho, remando pra um lado.

Há quem queira um "mundo" menos poluído, e há quem queira aumentar a produção industrial; há quem queira que as pessoas se abracem mais, e quem queira que todos desapareçam, pelo menos fisicamente; há quem queira menos carros nas ruas, e quem queira ruas mais largas pra caberem mais carros; há quem queira que as crianças abandonadas em orfanatos possam ser criadas em um lar afetuoso, independente do sexo e opção sexual dos tutores, e há quem pense que existem coisas no mundo que Deus não aprova (esquecem que se o "mundo" é de Deus, criação Dele, e que se Ele ainda manda por aqui, podendo nos mandar pras cucúia tão logo dê na telha Dele, então nada que Ele não queira existiria...). Há quem pense que educar é pôr nos trilhos, fazer andar na linha, deformar até conformar a cabeça das criancinhas no formato X que a sociedade quer (interpretação de cada pai/mãe), e há quem pense que educar é dar suporte e condições pra que aquele serzinho desenvolva suas potencialidades, seja criativo, feliz, questionador, e possa mudar o mundo! Há quem pense que "se o outro faz errado, eu também posso", e há quem pense que fazer certo é difícil, mas é o certo, oras bolas, é o que se deve fazer e exigir de todos!

Há quem pense que o que é público não é de ninguém, sem dono, e que todos podem depredar... e há quem veja o que é público como de todos, e que cada um é responsável!

Resumindo, há de um tudo no "mundo".

O que eu penso nada mais é do que minha opinião. Assim como o que você pensa.

Então pense duas vezes antes de impor sua verdade aos outros, porque ela só é óbvia pra quem pensa igual a você...

Como diz uma amiga querida: todo ponto de vista nada mais é do que a vista de um ponto.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

"SE"

Condicional.

Algoritmo.

Arrependimento.

Opção.

Impotência.

Culpa.

Futuro do pretérito.

"Se eu..."


PARE AGORA!
O tempo só anda pra frente.

Verbando

__SABER__________________________PERDER
__GANHAR________________________SOFRER
__QUERER________________________CANTAR
__PARAR__________________________CHORAR
__BUSCAR_________________________GRITAR
__PRAZER_________________________MATAR
__AMAR__________________________BATER
__VIVER__________________________MORRER

__SAIR___________________________ANDAR
__FUGIR__________________________CORRER
__PARTIR_________________________PULAR
__RUGIR__________________________MORDER
__BANIR__________________________LARGAR
__SUMIR__________________________PODER
RESSURGIR________________________AMAR
__SORRIR_________________________VOCÊ.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O ego e o ogro

Era uma vez um ego.

De tanto amor se achava o sol, mas o calor era só seu. Certezas tinha de sua luz, brilhava tanto que "chega dói". Inflado, inchado, convencido, exibido.

Passeava, saltitante, ensimesmado como sempre, nem via o mundo que mal lhe queria. Cego em si, caiu num buraco.

Escuro, frio, úmido, surdo... sentiu falta de sua própria luz. Por que seu calor não estava ali? Olhou pra fora, fora de si (lugar novo!!), e deu de cara com um ogro.

O ogro, assustado, olhava pro ego, pobre coitado, perdido, ralado, bobinho, pelado, pequeno, tão fosco...

Se olhavam assim, surpresos, calados, e juntos pensavam: que bicho do avesso!


...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Poema pra Sexta-Feira

Linda sexta linda
Bonita que logo finda
Antecede os esperados dias,
Pausas alegres onde a vida aflora.

Sexta linda sexta
que nesse momento inspira
e em que esse ser que respira
faz essa poesia bexta.

12.3.2010

Aniversário da pandemia!

  Brasil. Pandemia. Vai fazer um ano... um ano de isolamento. Um ano de crianças sem escola, um ano de homeoffice . Um ano agradecendo que n...