Meu avô às vezes, quando ficava bravo com alguém, xingava a pessoa de "comum".
Acho isso fantástico.
Estamos na era da massificação da individualização. Todos querem se sentir super únicos e especiais, na verdade buscando se parecer muito com um tipo específico de único e especial que lhes agrade, um modelo com o qual se identificam. E dá-lhe o consumismo...
Daí temos todas as "tribos": playboys, patricinhas, mauricinhos, malas, emos, punks, hippies, junks, afroreggaes, nerds, roqueiros, pagodeiros, forrozeiros, bombados... na base do consumo, se diferenciam de todos os outros, ficando iguais idênticos a todos os outros do modelo escolhido... na verdade, bem comuns dentro de sua tribo...
Quase nada contra, se diferenciar de uns é se identificar com outros, não há muito pra onde fugir.
Minha encrenca é outra. Ninguém quer ser comum, mas todos querem se dizer normais. Melhorando a frase, todos querem ser incomuns e diferentes e únicos, mas ninguém quer ser tachado de anormal.
E é aí que eu protesto.
Desde que inventaram a estatística e deram àquela curva em forma de sino o fatídico nome de "curva normal", ser incomum se transformou em ser anormal. E o rótulo para a minoria que não se encaixa lá no meio da cueca (é a curva vista de baixo pra cima) come solto. Se você apresenta alguns desvios-padrão em relação à média, só lamento, é um anormal.
Só é normal quem é bem parecido com a maioria (comum).
Agora, por que é que sinônimos (comum e normal) viraram antônimos (quero ser tido como normal, mas não quero ser visto como comum), ninguém nunca me explicou.
Por isso, pra diminuir a rotulação, que gera tanto preconceito e discriminação e sofrimento para os "não-normais", sugiro que a curva passe a se chamar "curva comum", o que inclusive combina muito mais com o espírito da estatística.
Assim, se você esta na média, é comum. Se é diferente, é incomum. E anormal é o esquindô de cócoras nos cabrobró do brejo!
segunda-feira, 14 de junho de 2010
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