quinta-feira, 28 de junho de 2012

Orgulho Gay

'O preconceito é democrático e atinge todas classes', afirma Carlos Tufvesson

No Dia do Orgulho Gay, estilista fala de seu casamento de 17 anos com André Piva e da luta pelos direitos dos homossexuais.

http://ego.globo.com/famosos/noticia/2012/06/o-preconceito-e-democratico-e-atinge-todas-classes-afirma-carlos-tufvesson.html

Eliane Santos
Do Ego, no Rio

'Não quero desistir de ser brasileiro por ser gay'

Carlos Tufvesson, um dos mais festejados estilistas brasileiros e que veste gente como Angélica, Ana Maria Braga e Vera Fischer, nasceu em 1968. Um ano antes de acontecer a chamada Batalha de Stonewall, quando no dia 28 de junho, grupos gays que frequentavam o bar Stonewall, em Nova York, se rebelaram contra a polícia que sempre aparecia no lugar para bater e cometer abusos. A data virou marco e ficou conhecida como Dia do Orgulho Gay no mundo todo. Para Tufvesson, 43 anos, homossexual assumido, casado há 17 anos com o arquiteto André Piva e responsável pela Coordenadoria de Diversidade Sexual do Rio de Janeiro, órgão da prefeitura do Rio, dia do orgulho gay é todo dia.

Pelo menos é com essa lógica que ele trabalha ao receber denúncias de gente que foi destratada ou agredida por tentar exercer sua orientação sexual, ou por ainda não ver direitos como o do casamento gay reconhecidos pela Justiça brasileira.


“Hoje (quarta-feira,27) soube do caso de irmãos gêmeos que foram agredidos na Bahia porque estavam andando abraçados. Isso é crime de ódio. Até quando o Estado brasileiro vai permitir que isso aconteça? Que pessoas morram por sua orientação sexual? No caso em questão, nem gays as pessoas eram”, diz ele que, apesar de fazer parte da alta sociedade do Rio de Janeiro e de ser filho da estilista Glorinha Pires Rabelo, não foi poupado de situações de discriminação e preconceito.

“O preconceito é bem democrático e atinge a todo mundo, a todas as classes sociais, religiões e raças. Só foi mais fácil porque posso contratar um advogado ou ter acesso ao conhecimento e me defender. Mas, só. Não tenho os mesmos direitos que outros cidadãos brasileiros têm. Ainda não posso me casar de verdade. Eu até poderia casar na Inglaterra, por exemplo, já que o André é cidadão europeu. Mas não quero isso, não quero desistir de ser brasileiro por ser gay”, conta ele. Nesta entrevista ao EGO, Tufvesson fala ainda sobre a desistência da candidatura a vereador e de seu quadro, o “Fashion Express”, no programa “Mais Você”.

Por que desistiu de se candidatar ao cargo de vereador no Rio de Janeiro?
Percebi que não estava preparado para chefiar uma campanha política. Não era só ter uma ideia na cabeça e uma boa intenção. Teria umas 30 pessoas trabalhando diretamente comigo, mais umas 200 na rua. É uma empresa! Fechei a minha empresa porque percebi que era uma grande roubada. E, no final das contas, eu estaria de novo administrando uma. Não quero isso. Acho que cada um pode ser militante, um soldado, no front em que atua.

Como é o trabalho na Cordenadoria de Diversidade Sexual?
Tentamos combater a homofobia e conseguimos criar o programa “Rio sem preconceito”, que trabalha a cura da homofobia a partir de todo o tipo de preconceito e transforma a causa gay na causa de todo cidadão que já sofreu preconceito. Além disso, recebemos denúncias e tentamos encaminhar a questão. Aliás, essa é a nossa preocupação no momento, o baixo índice de denúncias que recebemos. A gente acha que o cidadão homossexual está tão acostumado a ouvir que ele não tem direito, que é um subcidadão, que ele acredita nisso. Temos leis que garantem a cidadania do cidadão LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), como manifestação de afeto e isonomia de tratamento. Neste 28 de junho, vamos lançar uma campanha pra mostrar a importância da denúncia. Não adianta vir no meu Twitter ou no meu Facebook e falar que foi vítima de homofobia. Temos uma coordenadoria na cidade, com cidadãos homossexuais trabalhando nela, que vão atender com respeito, dignidade, conhecimento técnico e privacidade. Sem a denúncia, não podemos agir.

Como é transformar uma opção em uma bandeira política?
É muito simples: não é uma opção. É uma orientação. Ninguém na vida optaria por ser veado e tomar uma porrada na esquina, ter sua orelha mordida, ser esculachado na escola.


Formulei mal! Quis me referir a algo que deveria ser apenas uma decisão pessoal e tem que se transformar em uma briga por direitos civis para que seja garantido.
Não! Acho que você formulou bem. Acho que você deveria manter assim porque tem muita gente que acha que ainda é uma escolha. Desconsidera que a Organização Mundial de Saúde já declarou que não é doença. Acho engraçado quando algum parlamentar ou algum religioso vem opinar sobre isso e propor, por exemplo, que homossexualidade é doença e precisa de cura. Não quero a opinião deles falando sobre a minha condição. Quero uma opinião técnica. Existe um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional, que propõe isso. A cura para gays. Mas quero ver que médico vai curar isso já que é passível de perda do CRM do profissional. Quem vai curar se não pode? Como pode uma pessoa sem conhecimento técnico decidir a esse respeito?

Você acha que sua trajetória pessoal na luta dos direitos civis dos gays de algum modo foi beneficiada pela sua classe social? Você e o André, por exemplo, são citados no anuário da Sociedade Brasileira.
O preconceito é bem democrático ele atinge a todo mundo, a todas as classes sociais, religiões e raças. Só foi mais fácil pra mim por ser de uma classe social mais favorecida porque posso contratar um advogado ou ter acesso ao conhecimento e me defender. Mas, só. Mas estudo também não está ligado a classe social. Tem muita gente da minha classe social, que é completamente ignorante. Acho que é mais fácil pela minha profissão, talvez. Sou um profissional respeitado, sou dono da minha empresa, assim como o André. A gente não tem que ficar preocupado se vai deixar de ser promovido ou não porque se assumiu gay. Mas é só isso. Não é fácil para ninguém. Preconceito a gente sofre desde criança. Quanto ao anuário da Sociedade Brasileira, o que aconteceu foi que a gente era citado em verbetes separados, mas no mesmo endereço, na mesma edição. Aquilo me incomodou. Liguei para a Helena Gondim, na época, e falei que não queria continuar no livro. Ou ela me colocava como um casal ou me tirava. Porque eu e o André somos um casal, temos um casamento e todo mundo sabe disso. Foi bacana porque ela topou e ainda ligou para outros casais perguntando se queriam a mesma coisa. Mas só eu e o Gilberto Braga topamos figurar como casal no anuário. Mas entendo que ninguém é obrigado a assumir nada. Eu só tenho que lutar para que as pessoas tenham o direito de escolher e exercer sua cidadania.


Como foi para você se assumir gay e contar para a sua família?
Meu caso é uma exceção. Minha mãe se separou do meu pai, que era militar, quando eu tinha seis meses de idade. Eu carrego o preconceito de ser filho de pais separados desde que eu tinha seis meses, minha mãe teve um segundo casamento, mas não tinha divórcio ainda, meu irmão era tido como filho bastardo. Então, todo o tipo de preconceito que você possa imaginar eu já passei. Tinha que ver na época em que frequentava o clube militar com o cabelo comprido. Confundiam-me com subversivo. Acho que na época, se pedisse para meu pai escolher o que eu seria, gay ou subversivo, não sei o que ele iria preferir (risos). Nos éramos uma família atípica. Mas minha mãe sempre me disse para eu lutar pelas coisas em que eu acredito.
É claro que tive dificuldade em dizer: “Sou gay”. Se bem que na verdade, eu não cheguei e falei. Voltei da minha pós-graduação na Itália e estava apaixonado por um cara. Até então, achava que um homem não podia se apaixonar por outro homem. Trepar podia, apaixonar, não. Mas voltei e estava mal, ficava só em casa, não saía. Até que minha mãe virou e falou: “Você está com saudade dele, né?”. Tomei um susto, mas foi assim. Mas acho que a pessoa tem que ter todo o tempo do mundo para absorver isso, se conhecer e entender a sua sexualidade, o homossexual se sente isolado no mundo, que a sexualidade dele é promiscua, suja. Enquanto ele achar isso, não deve falar com a família. Ele não está preparado. Só quando entender que o que ele sente pode ser o mesmo amor que a mãe sente pelo pai, que a irmã pelo namorado. Que é tudo normal.

E como foi contar para o eu pai?
Eu tinha muito pouco contato com ele. Quando ele morreu, eu estava só há um ano com o André. Não tivemos tempo de ter essa conversa. Mais novo, eu sempre tive muitas namoradas. Teve um dia que ele me perguntou: e aí, nunca mais me apresentou uma namorada. Eu virei para ele e falei: 'Você vai querer falar sobre isso?'. Ele mudou de assunto (risos). Mas é um direito. Não tenho que forçar ninguém a me entender, me aceitar. Só a me respeitar.

E como foi fazer da cerimônia do seu casamento, no ano passado, um ato político então?
Mas não foi, nem é. Meu casamento foi um ato de amor, não uma manifestação política.


Ficou frustrado pelo fato de a Justiça não ter concedido a conversão da sua união estável em casamento civil?
Acho que esse episódio serviu para mostrar até aonde vai o preconceito. O Supremo Tribunal Federal reconheceu por unanimidade esse direito. Aí você pensa assim: luto há 16 anos por direitos civis dos homossexuais. Pronto! Foi! Vou conseguir!
Mas aí vem o juíz que negou a minha conversão, e envia um ofício para o Supremo justificando a decisão dele dizendo que ele não sabia que a entidade havia decidido sobre a união estável há seis meses. O mesmo aconteceu com um desembargador, que se disse impedido de julgar a causa porque teve uma educação jesuítica. É isso! Por mais que a gente lute, tenha leis, mas o preconceito abre suas brechas. Isso coloca a independência do judiciário em xeque.

Você acha que com o reconhecimento desse direito para todos os cidadãos brasileiros já dá para começar a descansar?
Não. É apenas o primeiro passo! Quando você reconhece o casamento, você diz apenas que eu tenho o mesmo direito que outros cidadãos brasileiros. Eu poderia casar na Inglaterra, por exemplo. O André é cidadão europeu. Mas não quero isso, não quero desistir de ser brasileiro por ser gay. Nós homossexuais não temos 120 direitos que nos são negados. Ou me dá meus direitos, ou desconto no imposto de renda porque só obrigação não dá. Meu estado civil continua solteiro ainda. Todo mundo sabe que sou casado com ele há 17 anos. Isso é uma falsidade ideológica, é patético, é uma situação vexatória. O judiciário vai ter que se pronunciar para evitar que mais crimes de ódio continuem acontecendo no nosso país.

Como rolou o convite para participar do programa da Ana Maria Braga?
Foi o Boninho que teve a ideia do quadro, dando dicas de moda e me chamou. É um tesão porque voltei a trabalhar com tecido, coisa que não fazia desde que fechei minha empresa. A moda não é só minha profissão, é minha vida.

Carlos Tufvesson e André Piva: 'O amor não deve ofender ninguém. E se ofender, o problema é de quem se ofendeu' (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Uma linda mulher - Calligaris

CONTARDO CALLIGARIS
Uma linda mulher
Se você ama uma mulher por ela ser prostituta, tente entender a fantasia que está atrás de seu amor

Numa cobertura da Vila Leopoldina, em São Paulo, na noite de 19 de maio, Elize Araújo Matsunaga, 30, assassinou o marido, Marcos Matsunaga, 42, com um tiro na cabeça. Na manhã seguinte, com uma faca de cozinha, Elize esquartejou o cadáver, de modo a poder transportar os pedaços em três malas. Logo, ela foi se desfazer das malas e da faca.
Esse fato de crônica tem tudo para se tornar literatura de cordel. Há o sangue frio de Elize depois do crime. Há a diferença social entre Marcos, empresário e herdeiro da Yoki, que acaba de ser vendida por R$ 1,7 bilhão, e Elize, enfermeira e bacharel em direito, mas de origem bem humilde.
Além disso, o ciúme foi um dos motivos: na noite do crime, Marcos acabava de ser confrontado por Elize, que conseguira a prova da infidelidade do marido. Mais: o horror aconteceu depois de seis ou sete anos do que foi, ao que tudo indica, uma genuína paixão; a filha, de um ano, estava no apartamento, dormindo, durante o crime; foi Marcos que transmitiu a Elize o interesse pelo tiro e pelas armas (havia 30, todas registradas, no apartamento).
Mas, acima de tudo, o que transforma a história do casal em matéria de cordel é o fato de que Marcos encontrou Elize, em 2004, num site de garotas de programa.
A informação parece ser repetida pela imprensa como uma mensagem aos homens: olhe o risco que você corre, se você amar uma prostituta e casar com ela.
Ora, quero corrigir esse lembrete. Se você se apaixonar por uma prostituta (ex ou não, tanto faz) e quiser se casar com ela, recomendo apenas uma cautela, que não tem nada a ver com sua futura mulher e tudo a ver com você.
Claro, a culpa do crime de 19 de maio é só de Elize, mas o lembrete preventivo é para os homens, embora chegue tarde para Marcos.
Se você ama uma mulher que por acaso é prostituta, aí, tudo bem; mas, se você ama essa mulher POR ELA SER prostituta, atenção: nesse caso, seria sábio você se familiarizar com a fantasia que sustenta seu amor. Qual é, em geral, a fantasia em questão?
Todo mundo se lembra de "Uma Linda Mulher", filme adorável de Garry Marshall, em que o rico Edward (Richard Gere) se apaixona por Vivian (Julia Roberts), uma prostituta que ele "levantou" na rua. Será que a história de Marcos e Elize é "Uma Linda Mulher" sem o final feliz? De fato, sempre pensei que, depois dos sorrisos do fim do filme, Edward e Vivian acabariam mal -talvez não tão mal quanto Marcos e Elize, mas mal. Por quê?
Logo quando Edward decide trazer Vivian para o seu mundo, ele "acha graça" confessar a um amigo que aquela linda mulher que está com ele é uma prostituta de rua.
Prognóstico inelutável. Um dia, Edward não resistirá à fantasia que lhe fez escolher Vivian: ele a humilhará (e se humilhará), lembrando, eventualmente diante de amigos e parentes, que Vivian vem da sarjeta e que ele poderia jogá-la de volta para lá.
Na noite do dia 19, segundo a confissão de Elize, Marcos a ameaçou: "Vou te mandar de volta para o lixo de onde você veio". Ele também declarou que, se a mulher quisesse se separar, a filha ficaria com ele, pois será que um juiz daria a guarda da menina a uma prostituta? (Eu aposto que sim, mas sou otimista...).
Em regra, o desejo de um homem que se apaixona por prostitutas (e planeja "redimi-las") é sustentado por uma fantasia (inconsciente) de vingança -contra a mulher e contra ele mesmo, por ter se deixado seduzir. Explico.
A sexualidade de muitos homens é patologicamente neurótica: eles olham para o sexo pelo buraco da fechadura do quarto dos pais. Nessa ótica infantil, não se salva ninguém: é "puta" qualquer mulher que vai com os outros, ou seja, todas as mulheres são "putas", inclusive a mãe (surpreendentemente), porque ela vai com pai, padrasto e companhia -enquanto, para a gente, ela só tem carinho contido.
Para o homem de calça curta, ajoelhado diante da fechadura, a "puta" é um paradoxo: vergonhosamente acessível a todos, salvo a ele.
É nessa infantilidade que nascem a misoginia básica, o gosto da violência contra as prostitutas, a ideia de que todas as mulheres, se não são prostitutas, sonham com isso e uma preferência amorosa quase exclusiva por meretrizes.
Quando um desses homens ama uma prostituta e se casa com ela, seu ressentimento pode se calar em nome do amor, mas só por um tempo: ainda ele vai puni-la por ter sido e ser para sempre a "puta" que vai com os outros."

sábado, 9 de junho de 2012

Árvores como pipocas!

Moro em Brasília, capital federal do Brasil. Nasci aqui, adoro essa cidade a que chamo carinhosamente de "minha roça".

Brasília é uma cidade estranha. É diferente. Noto isso ao viajar para qualquer lugar, pois tendo-a como referência é tudo muito esquisito. Aqui no Plano Piloto, miolo da capital, os endereços são como um jogo da minha infância: batalha naval. Basta dar algumas coordenadas cartesianas (número, letra, número, sul ou norte) e se chega sem problemas nem erros a qualquer lugar.

E é linda minha roça, parece uma maquete em escala 1:1. Toda arborizada, o céu azul como uma cúpula de vidro, sem nem um mísero morro nos horizontes, linda.

E estamos chegando a uma época particularmente fofa por aqui. Apesar da secura do ar, irritante principalmente pra quem vem de fora, a cidade fica linda.

O florescer começa pelos ipês rosa. Chega essa época e eles explodem como pipocas, de uma hora pra outra, tingindo a cidade de rosa. Cruzar a cidade e norte a sul pelo eixão essa época é como ser transportado para uma estrada de Greyskull (lembram do desenho de He-man, onde o Geninho se escondia?). Lindo demais!




Os ipês tem uma particularidade muito interessante: cada cor floresce numa época. Não me lembro direito a ordem, mas é tudo muito efêmero... Brasília fica rosa, fica roxa, fica branca (minhas prediletas), fica amarela (é a que tem mais), fica linda, linda, linda!


sexta-feira, 8 de junho de 2012

74% de doentes mentais


Acontece no mundo...
Cada região de cada país, cada cultura, cada grupo mais ou menos homogêneo de pessoas pensa e evolui de uma determinada forma própria.

Mesmo assim, em tempos de globalização, de mundo menor, interligado, com notícias viajando à velocidade da luz para todos os lugares, certas coisas me chocam.
Foi assim com essa notícia russa:


Justiça proíbe paradas gays em Moscou pelos próximos 100 anos
Medida anti-propaganda já havia entrado em vigor em outras cinco regiões
O GLOBO

Com agências internacionais
Publicado:
7/06/12 - 16h37

"Policiais prendem manifestantes que protestavam nesta terça-feira contra a aprovação do projeto de lei do lado de fora do Parlamento, em Moscou
Misha Japaridze / AP

MOSCOU — Em uma nova onda de proibições a manifestações na Rússia, a justiça de Moscou negou nesta quinta-feira a realização da marchas de orgulho gay pelos próximos 100 anos, decisão que a comunidade homossexual do país já afirmou que irá recorrer no Tribunal de Direitos Humanos em Estrasburgo. O tribunal municipal de Moscou negou uma apelação de Nikolái Alexéyev, ativista e principal líder LGBT do país, que solicitava a realização da parada gay na cidade nos próximos 100 anos. Uma medida anti-propaganda gay já havia entrado em vigor em cinco regiões da Rússia.

“Sempre nos dizem que não, mas em Estrasburgo estas manifestações são ilegais. O tempo passa e seguiremos pedindo autorização para novas ações, ainda que nos neguem. Desta vez decidimos recorrer em Estrasburgo contra a proibição de futuras marchas”, disse Alexéyev, de acordo com agências locais.

Na última quarta-feira, a Câmara alta do Parlamento russo aprovou um projeto de lei que aumenta em 150 vezes a multa para quem participa de protestos não autorizados. Na terça-feira, em uma votação sem precedentes, os votos do Rússia Unida — partido do presidente Vladimir Putin que tem a maioria na Câmara — tornaram a aprovação na Câmara baixa possível, mesmo com todos esforços dos opositores. Agora, o projeto precisa apenas da assinatura de Putin para entrar em vigor.

Segundo Alexéyev, a prefeitura de Moscou negou no começo do ano uma solicitação para organizar 102 paradas entre 2012 e 2112. “Utilizamos uma brecha na legislação que não estabelece um prazo máximo na hora de realizar acordos sobre manifestações”. No começo de maio, o ativista russo foi condenado por fazer “propaganda gay”.

Também no último dia 27 de maio, a tentativa de organizar uma parada gay em Moscou foi frustrada por forte ação policial. Religiosos também se concentraram no centro da capital russa para impedir que os ativistas LGBT protestassem contra o projeto de lei anti propaganda gay que está sendo discutido em Moscou.

Varias cidades russas aprovaram este ano leis contra a propaganda homossexual. De acordo com uma pesquisa do Centro Levada, 74% dos russos acreditam que os gays e lésbicas sofrem problemas mentais. Menos da metade dos russos acredita que os homossexuais devem ter os mesmos direitos que os heterossexuais.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/justica-proibe-paradas-gays-em-moscou-pelos-proximos-100-anos-5145143#ixzz1xCpQjEOn

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Quem tem doença mental nesse contexto? SETENTA E QUATRO POR CENTO das pessoas de uma população se acham superiores só por serem comuns. E como no milênio passado (ô atraso) ainda acham que homossexualidade é doença.

Menos de 50% acham que homossexuais devem ter os mesmos direitos que os hetero. Como no holocausto, devem ter vontade de marcar seus homossexuais, identificá-los, isolá-los, eliminá-los. Tanta gente que ainda se acha mais gente que os outros, melhor que os outros, superior...

100 anos de silêncio imposto. Estaremos no século XXII e eles estarão no século XVI.

Esse tipo de coisa dá uma desesperança do mundo... =(

terça-feira, 5 de junho de 2012

A miséria do amor...

Trechos feitos com base no texto "A miséria do amor dos pobres", de Emanuelle Silva, Roberto Torres e Tábata Berg, capítulo integrante do livro "A ralé brasileira - quem é e como vive", de Jessé Souza:


A realização do amor exige uma “entrega de si”, um enfraquecimento do “eu”, uma suspensão das “máscaras” de força, permitindo que o outro veja nossas fragilidades secretas. Quando não existe essa possibilidade, quando os dois envolvidos não conseguem se permitir essa entrega, muitas vezes por não terem tido em sua infância contato com esse sentimento, “a proximidade do corpo não rompe a rigidez que separa duas 'almas', duas existências que, endurecidas, rompem a possibilidade de comunhão das fragilidades e dos medos que incomodam a todos nós, seres humanos.”

Ainda hoje a forma como homens e mulheres “apreendem” a sexualidade é totalmente diferente. As meninas são ensinadas que seu corpo é sua maior “virtude”, o modo de conseguir o afeto de um homem e assim, de viver o amor romântico tão idealizado e presente nas músicas, novelas e filmes. Assim, aprendem que devem fazer “jogo duro”, negar o sexo para testar o carinho e comprometimento do rapaz. Apesar disso, intuitivamente sabem que a troca de sexo por afeto é sempre desvantajosa, e tentam maximizar, de forma quase sempre inconsciente, o valor de seus corpos e do prazer que são capazes de fornecer para conseguir “prender” os homens.

O amor é tanto mais idealizado quanto mais difícil de se tornar concreto. Como diz Bordieu, “É como se nada fosse realmente impossível enquanto nada é possível”. Mulheres que muitas vezes não tiveram em sua infância um ambiente afetuoso e seguro podem desenvolver uma disposição compulsiva para enxergar carinho e afeto em pessoas e situações que estão fechados para a afetividade.

A atração sexual despertada pelas mulheres nesses contextos onde suas necessidades e fragilidades são desconsideradas simplesmente reproduz, em seus corpos, a objetificação produzida pelo olhar masculino. Assim, “a ‘gostosura’ é o corpo tornado desejado e desvalorizado porque é desejado como mero corpo”.

Como já havia analisado Max Weber, a dimensão afetiva na esfera erótica surge quando, na relação entre homem e mulher, esta adquire uma capacidade de julgar que torna os homens alvo de suas avaliações, e a natureza rude do desejo pela carne pode ser sublimada, criando a possibilidade de uma relação de reciprocidade entre “almas”.

domingo, 3 de junho de 2012

=)

Tenho esse blog pra me expressar.

Desde que comecei a escrever eu brigo menos com as pessoas! Se estou incomodada eu venho aqui e derramo minhas pitombas, tiro a agonia, a raiva, a mágoa de dentro de mim...

Mas hoje vim aqui falar de amor. Na verdade agradecer à Vida (acho que ela me lê), que é o nome feminino de Deus, por ter tanto amor na minha vida, e por ter um coração tão capaz de amar.

Tenho amor de bicho, amor de gente. Amor de mãe, de pai, de irmãos, de família. Amor de amor, do meu amor correspondido. Amor de amigas, minhas irmãs de almas. Amor ao meu redor, na simpatia e sorriso das pessoas. Amor que vem na música, amor quando me afofo nos meus travesseiros e edredons, na minha cama dura que me é tão fofa.

Amor!

E mesmo não falando a língua dos homens, mesmo não falando a língua dos anjos, eu sou alguém bem feliz! Vale a pena ser eu! rs

Um sábado a noite...

Sábado. 23h40m.

Cenário: Sala do apê. Barulhinho de água correndo na fonte, fogos de artifício rolando em algum lugar. Eu sentada à mesa, com uma taça chique de vinho com cerveja Therezópolis dentro. Mafalda dorme empuleirada no sofá, Mathilde dorme encaracolada no tapete da cozinha.

Estou em casa desde que voltei da biblioteca da faculdade, 13h15m. Almocei, gastei tempo, dormi, acordei. O dia foi dedicado a um artigo que preciso entregar em duas semanas. Escrevi, escrevi, jantei, assisti dois episódios de uma série antiga (Sex and the City, adoro!), voltei a escrever.

O artigo trata da invisibilidade da violência sexual conjugal. Isto é, trata da dificuldade que as mulheres têm de, primeiramente, reconhecer que ser forçada ou coagida a fazer sexo com seus maridos/namorados/companheiros/ex é ESTUPRO e, paralelo a isso, a dificuldade que têm de denunciar seus parceiros por algo que algumas ainda conseguem ver como 'obrigação matrimonial'. Trata ainda da enorme dificuldade que alguns homens têm de ver as mulheres como PESSOAS, e não como coisas que lhe pertencem e estariam ali para satisfazer suas necessidades, sejam elas quais forem.

É um tema que embrulha o estômago...

E não é simples. Várias mulheres já aceitaram fazer sexo com seus parceiros mesmo sem estarem muito com vontade, e pelas mais diversas razões. Se está bom pra todo mundo, não está ruim pra ninguém. A questão é o medo de dizer 'não', ou ainda a impossibilidade de dizê-lo, ou pior ainda o 'não' que é dito e ignorado, atropelado, violentado.

Muitas vezes o marido ou namorado ou ex que estupra se utiliza de agressões, sejam elas morais ou físicas. Sim, chantagens, xingamentos, ameaças, que também são agressões contra a mulher, e são crime.

Invisibilidade. O homem agressor se sente no seu direito, a mulher agredida tem vergonha ou medo de dizer a alguém, de procurar ajuda, de denunciar. Às vezes chega ao absurdo de também achar que o homem realmente está no seu direito. E é sobre isso que eu escrevo.

Que tal alguns depoimentos para mostrar como está sendo minha noite de sábado?

“Ele pega, me deita na cama à força [...] Eu deixo, não tem como! [Se ela resiste, ele fala] ‘Você é minha mulher, está aqui pra que? Ah! É, né? Sua puta, piranha, safada! Você não quer transar comigo porque tu ‘fode’ com os outros...’”


“Teve uma época que eu fazia sem vontade (...) aí, quando ele virava pro canto e dormia, eu dizia ‘Graças a Deus!’ Eu ia pro banho, me lavava toda...”

“eu me senti imunda, eu me senti imunda, suja, porque juntou a raiva dele me pegar assim, só para satisfazer a vontade dele e não respeitar o que eu tava passando”.

É isso. Escolhi o tema porque ferve meu sangue ver o machismo materializado e fazendo estragos, causando sofrimento, destruindo vidas.

Sábado passado eu fui à Marcha das Vadias. Um dos slogans era "Não ensine suas mulheres a não serem estupradas, mas sim seus homens a não estuprar". Porque grande parte (se não for a maioria) dos estupros não acontece nas ruas, por desconhecidos ou conhecidos, mas sim dentro de casa, cometidos por aquele que se ofereceu para ser parceiro, para construir uma vida junto, muitas vezes o pai de seus filhos.

Eu fico realmente perplexa com a falta de empatia, de humanidade, de um homem se sentir no direito de invadir o corpo de uma mulher, de violar sua intimidade, de ignorar sua vontade, ignorar o sofrimento, ignorar a dor.

Sei lá, talvez seja por doer tanto em mim a dor dos outros... Eu simplesmente não consigo entender pessoas que não se importem em causar dor! E talvez por ser mulher, e tantas vezes ter me sentido tão vulnerável, tão assustada, tão indefesa... eu não consigo aceitar.

E agora que desabafei um pouco, volto pro meu artigo.

Passa da meia-noite... Desejo um bom domingo, e que você nunca passe por isso.

Aniversário da pandemia!

  Brasil. Pandemia. Vai fazer um ano... um ano de isolamento. Um ano de crianças sem escola, um ano de homeoffice . Um ano agradecendo que n...