sexta-feira, 20 de abril de 2012

Uma pausa de mil compassos...

Quero RESMUNGAR. Preciso. Necessito tirar o azedo rançoso de dentro de mim...
Tenho evitado o contato desse ruim com o mundo, escondendo ele aqui, chocando, aguardando, esperando... De fato tem funcionado, já está bem menor, menos forte, menos chato, condensado... Perfeito pra se por pra fora.

Mais uma vez estou cansada. Cansada do cabo de guerra incessante em meu íntimo, que no último mês adquiriu força descomunal e me afastou do mundo, fazendo com que eu terminasse a cada dia exausta e exatamente no mesmo lugar.

Cansada da minha lista de afazeres e "tenhos que" que só aumenta, só aumenta, e o tempo que tenho não dá, o tempo que dá não quero, e ela lá, impávida e colossal, grande lista me pesando nos ombros com toda a minha ineficiência, preguiça e obrigações, esfregando-me na cara que meus momentos de relaxamento nunca me trarão relaxamento.
Cansada porque quando enfim faço algo, escolho da lista de pendências, e as listas de desejos estão ainda mais empacadas! E mesmo os textos da faculdade, que eu gosto e me interesso e preciso ler começam a me ser repulsivos, e meu lado mais rebelde decide que quer ler o que não precisa mesmo, um romance, um outro livro... e a culpa pesa!

Cansada porque o trabalho está ótimo e interessante, mil reuniões e decisões sendo tomadas, mas tanta discussão me deixa sem meus silêncios, e sem eles eu sufoco, eu enjoo, eu canso. Vontade de fugir pra uma ilha deserta e sem internet. E sem celular. E sem livros. E sem listas. E sem as duas criaturas que convivem e quase se matam diariamente dentro de mim.

Sim, eu queria muito uma pausa de mil compassos. Não pra ver as meninas... mas esse amor, assim, descontraído... podia ir pra ilha comigo! =)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Arrasa o meu projeto de vida

Mais uma do Chico Buarque, essa com o Djavan, retratando com alegria o amor e a cegueira de um homem apaixonado...

A Rosa

Arrasa o meu projeto de vida
Querida, estrela do meu caminho
Espinho cravado em minha garganta
Garganta
A santa às vezes troca meu nome
E some

E some nas altas da madrugada
Coitada, trabalha de plantonista
Artista, é doida pela Portela
Ói ela
Ói ela, vestida de verde e rosa

A Rosa garante que é sempre minha
Quietinha, saiu pra comprar cigarro
Que sarro, trouxe umas coisas do Norte
Que sorte
Que sorte, voltou toda sorridente

Demente, inventa cada carícia
Egípcia, me encontra e me vira a cara
Odara, gravou meu nome na blusa
Abusa, me acusa
Revista os bolsos da calça

A falsa limpou a minha carteira
Maneira, pagou a nossa despesa
Beleza, na hora do bom me deixa, se queixa
A gueixa
Que coisa mais amorosa
A Rosa

Ah, Rosa, e o meu projeto de vida?
Bandida, cadê minha estrela guia
Vadia, me esquece na noite escura
Mas jura
Me jura que um dia volta pra casa

Arrasa o meu projeto de vida
Querida, estrela do meu caminho
Espinho cravado em minha garganta
Garganta
A santa às vezes me chama Alberto
Alberto

Decerto sonhou com alguma novela
Penélope, espera por mim bordando
Suando, ficou de cama com febre
Que febre
A lebre, como é que ela é tão fogosa
A Rosa

A Rosa jurou seu amor eterno
Meu terno ficou na tinturaria
Um dia me trouxe uma roupa justa
Me gusta, me gusta
Cismou de dançar um tango

Meu rango sumiu lá da geladeira
Caseira, seu molho é uma maravilha
Que filha, visita a família em Sampa
Às pampa, às pampa
Voltou toda descascada

A fada, acaba com a minha lira
A gira, esgota a minha laringe
Esfinge, devora a minha pessoa
À toa, a boa
Que coisa mais saborosa
A Rosa

Ah, Rosa, e o meu projeto de vida?
Bandida, cadê minha estrela guia?
Vadia, me esquece na noite escura
Mas jura
Me jura que um dia volta pra casa

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Pierre Bourdieu

Alguns trechos do "A dominação masculina". A esses seguir-se-ão outros!


“... se é verdade que as relações entre os sexos se transformaram menos do que uma observação superficial poderia fazer crer [...] é preciso realmente perguntar-se quais são os mecanismos históricos que são responsáveis pela des-historicização e pela eternização das estruturas da divisão sexual e dos princípios de divisão correspondentes. [...] Lembrar que aquilo que, na história, aparece como eterno não é mais que o produto de um trabalho de eternização que compete a instituições interligadas tais como a família, a igreja, a escola, e também, em uma outa ordem, o esporte e o jornalismo [...] é reinserir na história e, portanto, devolver à ação histórica, a relação entre os sexos que a visão naturalista e essencialista dela arranca.”

“As aparências biológicas e os efeitos, bem reais, que um longo trabalho coletivo de socialização do biológico e de biologização do social produziu nos corpos e nas mentes conjugam-se para inverter a relação entre as causas e os efeitos e fazer ver uma construção social naturalizada (os “gêneros” como habitus sexuados), como o fundamento in natura da arbitrária divisão que está no princípio não só da realidade como também da representação da realidade e que se impõe por vezes à própria pesquisa.”

terça-feira, 10 de abril de 2012

E se puder sem medo

Ando sem tempo, sem cabeça, sem inspiração e sem alma, mas lembrei do meu querido blog.
Continuando então o projeto, segue uma música perfeita pra curtir a pior fossa da sua vida. Ou uma das piores... boa pra chorar de madrugada, de preferência inspirado por um certo teor alcoólico e acompanhado apenas por um bom travesseiro macio, sem vergonha de soluçar e deixar a música repetir até cair de sono.

Ps.: mesmo estando bem, feliz, apaixonada e serelepe, sofrer (sofrer.) e sofrer a dor que não é minha é um dom que tenho, e essa música sempre me dá vontade de curtir a fossa do Oswaldo! E viva o Oswaldo!

Projeto Letras de Música Top 10,
Categoria "No fundo do poço da fossa",
Quesitos "puta que pariu", "poesia" e "essa dói...",

and the Oscar goes to:

Se Puder Sem Medo
Oswaldo Montenegro

Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo

Deixa a luz do quarto acesa, a porta entreaberta
O lençol amarrotado, mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa, eu mesmo silencio

Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está, e se puder sem medo

Deixa tudo que lembrar, eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar, eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer-te vendo ir, fechando atrás da porta

Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço, qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa

Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora, a dor no coração se expande

Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade, é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência

Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila

Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha

Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava...

http://www.youtube.com/watch?v=NNMLTw_VyiE

Aniversário da pandemia!

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