terça-feira, 3 de maio de 2011

As pessoas e eu

Fui uma criança pra dentro.

Era tímida, caladinha, sem amigos, sempre em diálogos fantásticos comigo mesma.
Gostava de estudar, principalmente matemática, não gostava de esportes, não gostava de história, não gostava de geografia, adorava estudar inglês.

Eu não gostava das pessoas (família não conta!!) e justificava isso dizendo que elas também não gostavam de mim, então estava justo. E realmente, eu as via felizes e em grupos, conversando animadas, e aquele era um mundo que não me pertencia... Aliás, não me sentir pertencendo ainda hoje me é uma sensação comum...

Então mudei de escola, segundo grau, e convivi com mais centenas de pessoas que eu não gostei, e que sentiam o mesmo por mim. Ou eu sentia assim. Mas apareceu uma pessoa que senti ser do meu planeta. Éramos ali duas alienígenas, mas pelo menos éramos duas!

E minha resistência contra pessoas começou a diminuir... ano seguinte chegou e ela me apresentou mais uma alienígena, mais bem adaptada ao ambiente do que nós duas, mas ainda linda e louca como nós, alienígenas. Agora éramos três, e o mundo era bem mais doce! Acostumada a ser fechada em mim, ainda guardava vários recantos onde nem elas tiveram fácil acesso...

Por achar que pessoas "gostáveis" eram exceção, fui fazer engenharia. Enfiei-me em tantos cálculos quanto pude, mas fui achando pessoas legais pelo caminho! Aprendi a beber, deixei o cabelo crescer, não decidi trabalhar, cortei o cabelo, fiz tatuagem, botei piercing, calculei, calculei, frequentei shows de rock, frequentei micarês, aprendi a dançar forró e a vida foi mudando...

Hoje a matemática está meio abandonada... mas as pessoas... ah, as pessoas!

Hoje elas me encantam! Cada um é um universo, com seus próprios planetas, sóis e luas, conjunções astrais, gostos e medidas, risos e lágrimas... Cada um tem um abraço particular, uma voz e um jeito de falar, olhares particulares...
Hoje eu amo as pessoas!

Ao longo do meu ainda não tão longo caminho, fui aprendendo a amar a mim. Ô coisa difícil!!
Mas fui... confirmando o clichê, aprendi que realmente, quando não nos amamos, não acreditamos que alguém possa nos amar, e aí não amamos ninguém de volta.

Hoje eu amo muito.
E sei que cada relacionamento, incluindo os passados e os presentes, apresentou a mim mais de mim e mais do outro, outros mundos, outros universos, vários universos, tantas línguas e culturas, tanto tanto tanto! Tanto...

E são as pessoas, e só elas, que fazem a vida valer a pena. É por elas, o que nos inclúi sempre também a nós mesmos, é sempre por elas que levantamos da cama a cada dia, e que damos bom dia a quem cruza o nosso caminho, e é por elas que trabalhamos, estudamos, desejamos, fazemos, falamos, choramos, sorrimos, queremos, vivemos...

Dentre as pessoas, que amo no geral, existem algumas que particularmente amo mais, porque são parte de mim, porque me conhecem melhor, porque as conheço melhor, porque falam a minha língua, porque trocamos não só experiências, mas principalmente trocamos sentimentos e partilhamos nossas maiores riquezas.

A essas, procuro dizer "te amo", porque quero que elas saibam que, dentre todas as pessoas que há no mundo, são elas as mais especiais pra mim. E isso pode não ser grande coisa, mas é o que tenho de mais valioso: o meu amor.

2 comentários:

  1. ai amada dri....tu me chorar agora...
    amo tu, muito muito muito!!!

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  2. Haja elasticidade no músculo do coracao p tanto amor!

    E viva os vários alienígenas que habitam o planeta!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3

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