quinta-feira, 16 de julho de 2020

O ilimitado absurdo

"Brasil chega a 2 milhões de infectados pelo novo coronavírus

País registrou 43.829 novas infecções e 1.299 mortes nesta quinta (16); total de óbitos chega a 76.822, mostra consórcio de imprensa"


Manchete de hoje do jornal Folha de São Paulo. 

Desses dois milhões de infectados, um é o presidente da República. O bolsonaro. Outra é minha tia. Outros 4, meu colega de SP, a esposa e os dois filhos. O pai de uma amiga-professora integra os dois milhões e os 76.822, assim como pessoas queridas de pessoas queridas minhas... 

Estamos há dois meses sem Ministro da Saúde. O último não havia durado um mês.

Temos recordes de desmatamento, queimada, assassinatos cometidos por policiais.

O ex-Ministro da Educação fugiu do país usando seu passaporte oficial, depois foi retrospectivamente exonerado. Ficamos um tempo sem, o novo assumiu hoje... a ver.

O advogado atual da família do presidente estava há um ano "escondendo" (ou mantendo em cárcere, vai saber) o miliciano amigo da família do presidente que está sendo investigado por crimes de corrupção no RJ (rachadinhas), mas que também era do escritório do crime e assassinou muita gente, mesmo enquanto era policial militar, antes de ser expulso junto com outro grande amigo policial corrupto e assassino que também se tornou miliciano, e que também estava escondido, mas que foi assassinado no início desse ano. 

Li em junho um livro muito bom chamado "As sobras de ontem", de Marcelo Vicintin. Um trecho em especial, que colo abaixo, me pareceu um retrato do Brasil em 2020. 

"A segunda lei da termodinâmica, uma das (poucas) leis fundamentais que regem nosso universo, descreve o processo de entropia, a partir do qual sistemas organizados tendem a dissipar sua energia gradualmente, rumo ao caos e à dissolução do sistema original. Isso não ocorre para criar algo novo e melhor, mas simplesmente para desmontar a ordem vigente. Uma vez estabelecido o caos, não há nenhuma lei (fundamental ou não) que sugira uma reconstrução da ordem perdida ou de alguma nova ordem. A entropia age de maneira unidirecional. E a direção é o caos."
 
Será que o fundo do poço está longe, tarda? Assistimos passivamente, uns mais que outros, o desmonte de uma nação. É triste.

Sem a pandemia já seria triste. Mas tem a pandemia. E não tem governo pensando em resolver como minorar os efeitos dela. Nos outros países (tirando EUA, caso à parte e modelo do presidente), depois do pico se iniciou a queda. No Brasil, temos um platô, exibindo ao mundo nossa total incompetência. 

A direção é o caos...

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