Esse fim de semana assisti um episódio de He-man.
Retorno à infância... veio de volta aquela ilusão reconfortante de que "bom" e "mau" não estão nunca juntos, e que basta um olhar pra saber em que categoria cada pessoa/coisa se encaixa.
A gente cresce com isso, aprendendo isso, dividindo tudo em dois: certo/errado, bom/mau, bem/mal, fácil/dificil, alegre/triste, gosto/não-gosto, homem/mulher, isso/aquilo, doce/salgado, forte/fraco, claro/escuro.
Entendo a importância de termos categorias pra ver o mundo, mas às vezes penso que isso tudo é uma deseducação: no mundo as coisas são complexas, não se divide quase nada em apenas dois polos opostos. Não dá pra viver desprezando o contexto, desconsiderando que eu sou boa E má, que para a maior parte das questões não existe um certo apenas, que vários "errados" também estão certos, que vários certos também estão errados. Que entre os polos "homem masculino" e "mulher feminina" existem infinitas possiblidades de se ver e estar no mundo, que os "vilões" do mundo também são capazes de amar, e que as pessoas boas também causam sofrimento a outros.
Cresci aprendendo que era 8 ou 80, e que trabalho me dá agora entender que no mundo as coisas estão mais pra curva normal, 8 e 80 sendo os extremos e pouco frequentes, e que quase tudo no mundo está lá no meio, que a grande maioria das coisas e pessoas estão no 44, um pouco mais, um pouco menos... Quase nada é 8 ou 80.
É complexo apreender a complexidade.
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