terça-feira, 25 de janeiro de 2011

o amar o amor

O amor é lindo. Poucas coisas são mais homogeneamente divulgadas e sabidas na face desta Terra.
O amor faz sofrer. Isso também é de notório conhecimento público, mas como é ruim, sempre que podem as pessoas só enaltecem o lado bonito.

E aí surge um amor ao amor. Na época de romantismo idealizado em que vivemos, tornado de abstrato em concreto com Romeu e Julieta de Shakespeare, nada é mais amado que o amor. Nem o dinheiro é tão amado e idolatrado salve salve e perseguido!! Porque o amor é lindo e traz felicidade!

Assim, as pessoas buscam amor.
Preste atenção: elas não buscam amAAAr. Elas buscam amOOOr.
Não querem o trabalho de construir... época fast food, fast love... será que não dá pra comprar pronto?
As pessoas querem o objeto amor, que se tornou um substantivo comum, contreto e desejável. Quaaaaase adquirível. Quase, pois não se compra amor genuíno (embora o genérico esteja a venda, como tudo que é genérico...)!

Não está entendendo? Falo do culto ao amor! Mais do que sentir prazer em estar em companhia de um ser especial, mais do que estar feliz por ser parte da felicidade de um outro alguém, as pessoas amam aquilo que chamam de amor! Querem dizer ao mundo todo que estão amando, pela sensação de ter enfim um bem tão precioso (elas não querem gritar pro mundo todo que fulaninho é tuuuudo de bom). Porque deixam de ver o outro e vêem o amor, essa coisa sólida, translúcida, como um vidro colorido que deixa o outro tão bonito que é preferível ver o vidro do que o outro, ali, do outro lado, que te olha mas que às vezes também nem está te vendo...


(ps.: isso tudo veio de um anuncio de um artista que faz esculturas sob encomenda dos animais de estimação dos outros, para os outros poderem exibir uma estátua do seu amor! Particularmente, acho que o ser amado prefere a parte dele em carinho...)

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