quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O não saber.

O não saber é praticamente tudo que há.

Qualquer coisa que a gente sabe é só um pedaço de toco boiando num lago enorme, cercado de tudo que não sabemos.

Eu estou pra dentro, estava assim ontem. Achei que passaria depois de dormir, mas dormi e acordei irritada. Sei que estou irritada, isso é meu toco. Não sei porque, nem desde quando, nem até quando, nem o que fazer pra passar.

Não sabemos nada do futuro. Do passado, só temos lembranças de fragmentos coloridas e selecionadas pelo nosso estado emocional na hora de lembrar do passado. Do presente, temos alguns tocos flutuantes. Todo o resto é não saber.

O que me incomoda é que eu gosto de saber.
É que sei que não saber me angustia. Saber que não é possível saber tudo que quero, e que quase tudo é não saber, traz um sentimento de que não há chão pra todo lado que quero andar. Vou tropeçar, vou cair, vou esbarrar, e saber disso não me acalma.

Conhecer coisas novas é a minha adrenalina. Quando a vida fica parecida, dia após dia, eu começo a me desanimar e achar tudo chato. Eu quero conhecer mais ou menos 80% de praticamente tudo!! Mas não me interesso em saber 100% de praticamente nada. Não quero ser expert, perfeita, em nada. Quero que os dias do próximo mês não me pareçam os dias desse mês, que se parecem com os dias do mês passado.

Quero ficar parada só o tempo suficiente pra achar que já conheço isso aqui, e depois andar mais um pouco, montar acampamento mais ali adiante, e assim seguir parando e andando e parando e andando... nunca só andando, nunca nunca nunca só parada. Mas não sei. As pessoas querem saber quem somos, e as opções são os extremos: você pode andar pra sempre, ou ficar parado pra sempre. Não tem meio termo, ou não saberão que etiqueta colar em você, como falar de você, não saberão quem você é. E elas também se incomodam em não saber. Talvez elas só não tenham percebido é que a gente quase nunca sabe de quase nada mesmo...

Problema delas. Não vou ficar parada pra sempre e nem vou andar pra sempre. Se não tiverem um nome pra mim, ou inventam ou então que não me chamem. Serei inominável. Não me importo. Estou pra dentro e aqui já tem barulho demais, conversa demais, discussões demais... estou enlouquecendo na gritaria do meu próprio silêncio, mas ando preferindo a loucura do que a falsa paz de estar no mundo falando sobre o que não me interessa... E o que me interessa? Coisa demais, coisa de menos, coisas sobre o que não se fala, muito mais o "como" do que o "o que", muito mais os motivos do que o rótulo, muito mais o que pode ser mudado do que o que pode ser mantido... Me interessa o movimento, pontuado por imobilidades... Me interessa a fluidez, a ordem do caos, o caos da ordem, buscar regras pra complexidade ao invés de simplificações...

Ah, sei lá... Vai ver é só a tpm...

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