quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O lado feio do homem.

Por algum motivo as notícias de estupro e pedofilia chamam minha atenção mais do que as outras. E me revoltam mais do que as outras.

Nesse particular, o lado feio do homem é do homem mesmo, ser humano do sexo masculino. Não vou entrar em questão de culpa, sei da influcência da cultura e do meio nos limites que cada indivíduo se impõe. Li Freud, "o mal estar na civilização", concordo que a satisfação dos impulsos, mesmo os mais animalescos, é um desejo de todo ser vivo, mas que aprendemos que para viver em sociedade existem regras a serem seguidas, e isso nos freia. É o superego limitando o id, é a vida em grupo (introjetada) negando ao sujeito o prazer de suas urgências. Esse limite imposto tem seu lado bom e seu lado ruim. Nesses casos específicos, gostaria que fosse ainda mais eficiente.

Porque o homem, com agá minúsculo, tem a força física, e tem o falo. Tem a arma, tem o desejo, tem a maldade que todos temos e tem os braços fortes. às vezes os limites de uns são bem mais amplos, ou mesmo inexistentes, ou lhes falta a empatia básica de perceber que provocar sofrimento é ser cruel. Eles não se importam. A satisfação de seus desejos vale mais do que a felicidade, a autoestima, a segurança, a saúde daquele ser mais frágil, mulher ou criança. Um id sem superego, um idiota sem humanidade. A dominação masculina, a dominação paterna, a criança e a mulher objeto. A loucura da falta de civilidade.

Talvez por ser mulher esse tema particularmente ferva meu sangue. Porque nós mulheres fomos criadas para dar algum valor ao sexo, para relacionar intimidade com afeto, nudez do corpo com nudez da alma, e ter o corpo desnudado e invadido contra a vontade é muito mais do que uma agressão: é um aniquilamento. É uma tentativa de assassinato de tudo que prezamos, de tudo que protegemos, de quem somos e do que amamos em nós. Um estuprador que seja estuprado, com toda a humilhação que possa sentir, ainda não vai saber o tamanho da dor que causou.

Quando a vítima é uma criança, menino ou menina, a maldade é ainda maior. Quando é o pai, avô, padre, tio ou padrasto que a violenta, então, a crueldade não tem tamanho. É uma marca indelével, é um pra sempre desconfiar dos seres humanos, dos afetos, do amor, da bondade. Pra sempre. É condenar aquela criança a viver com medo, com raiva, desconfiada, uma alma descoberta e sempre ameaçada, faltando um pedaço, faltando um colo, faltando um abraço.
O estupro é mais do que a violação de um direito humano.

Meu pior lado (mora aqui, do lado direito do peito), gostaria de pena de tortura pra esses homens. Não de morte, mas de sofrimento. Pena de sofrimento. Porque a empatia pode ser ensinada e estimulada. Isso pode e deve ser feito na infância, pelos pais, com carinho, ensinando a criança a não causar sofrimento a outros.

Mas pra essas pessoas que não aprenderam na infância, eu daria meu profundo pesar (lamento muito mesmo, gostaria que tivessem aprendido na infância e então não crescessem cruéis e capazes dessas maldades), e acrescido ao meu pesar daria uma pena de tortura. Sofrimento. Uma empatia enfiada meio na marra, marcando a pele e a alma de quem se permitiu marcar, se beneficiando de sua força física e de sua arma, a pele e a alma de crianças e mulheres.

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